A Bailarina crítica do filme sul-coreano da Netflix 2023

Foto: Netflix / Divulgação

Em 2003, um filme chamado “Oldboy” estreou sem muito estardalhaço, mas logo se tornou um verdadeiro clássico do cinema sul-coreano. Ao assistir pela primeira (das muitas) vezes o longa-metragem de Park Chan-wook , a cabeça deste que vos escreve certamente nunca foi a mesma. Abriu-se um novo horizonte no cinema, outras possibilidades. A cena do corredor, da briga com o martelo, foi reproduzida em inúmeras outras produções, inclusive hollywoodianas, como na série “Demolidor”, da Netflix.

“Oldboy” foi, sem dúvida, um marco do cinema mundial. Obviamente, não foi o início da indústria sul-coreana, mas abriu portas para o que estava por vir, principalmente para outros diretores brilhantes, como Bong Joon Ho, responsável por obras-primas como “O Hospedeiro”, “O Expresso do Amanhã” e, claro, o mais genial de todos, “Parasita” (2019), que, merecidamente, foi o grande vencedor do Oscar 2020.

Muitos assinantes da Netflix se apegaram aos famosos doramas, outro produto de exportação sul-coreano de muito sucesso, mas que (na maior parte deles) passa longe do brilhantismo de algumas obras que o país asiático consegue produzir. Todo esse êxito, seja nas telonas ou na música (com o K-pop), se deve muito ao incentivo governamental da Coreia do Sul. Afinal, é uma nova indústria que se abriu, gerando mais empregos e, claro, mais renda, com cifras que atingem a casa dos bilhões.

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A Bailarina (Netflix): sinopse

Faço esse preâmbulo para tentar explicar porque as obras sul-coreanas tanto fascinam os espectadores. Seja na emoção, na ação ou até no terror, afinal, “Invasão Zumbi” (2016) está aí para não me deixar mentir. É nesse contexto que venho falar do filme A Bailarina (Ballerina), lançamento da Netflix desta sexta-feira (6).

Neste suspense de ação, Ok-ju (Jun Jong-seo) é uma impiedosa ex-guarda-costas. No decorrer da projeção, a missão da personagem é uma só: vingança. Com uma determinação inabalável, nossa protagonista persegue Choi (Kim Ji-hun), o homem responsável pela morte de sua melhor amiga Min-hee (Park Yu-rim) e quer que ele pague de toda forma pelo crime que cometeu.

Vale a pena ver A Bailarina na Netflix (2023)?

Criado por Lee Chung-hyun, A Bailarina tem uma sinopse até relativamente comum: uma mulher em fúria atrás do assassino de sua melhor amiga. E, de fato, o roteiro não é dos mais originais. Quem lembrou de Quentin Tarantino em “Kill Bill” (2003) – embora em contextos diferentes -, que levante a mão. O que torna o lançamento da Netflix singular é como a direção faz a diferença em um texto simples.

O cineasta consegue fazer um bom filme de ação sem torná-lo frenético. É diferente de um “John Wick” da vida, por exemplo, quando ficamos sem fôlego e não conseguimos entender muito o que está acontecendo na tela. A Bailarina tem pausas, que trazem momentos para a protagonista respirar, sentir a dor da ausência da amiga, o que faz com que o espectador se aproxime desse sofrimento.

O belo pelo belo

Por outro lado, quando as cenas de ação chegam, são bem dirigidas e – mais que isso – quase poéticas. Não vale aqui explicar o motivo pelo qual o nome do filme é A Bailarina, mas é interessante como o diretor conversa bem como essa hermenêutica, em uma analogia quase brilhante misturando uma trilha sonora adequada com cores vibrantes, mesclando neon com tons mais escuros e quentes quando necessário.

Não, A Bailarina certamente não vai trazer um grande impacto na sua vida, nem vai explodir sua cabeça. Talvez você até esqueça desse filme daqui há algum tempo. Mas é muito bom ver algo diferente no catálogo da Netflix, que não opta pelo fácil e tenta sair do mais do mesmo. O encerramento da luta final com plano aberto em grande angular é quase uma declaração de amor ao cinema, mostrando que a violência também tem sua beleza (na sétima arte, claro).

Onde assistir ao filme A Bailarina (2023)?

O filme sul-coreano A Bailarina estreou nesta sexta-feira, dia 6 de outubro no catálogo da Netflix.

Trailer do filme A Bailarina, da Netflix (2023)

A Bailarina: elenco do filme da Netflix (2023)

  • Jun Jong-seo
  • Kim Ji-hun
  • Park Yu-rim

Ficha técnica de A Bailarina, novo filme da Netflix (2023)

  • Título original do filme: Ballerina
  • Direção: Chung-Hyun Lee
  • Roteiro: Chung-Hyun Lee
  • Gênero: ação, suspense
  • País: Coreia do Sul
  • Ano: 2023
  • Duração: 93 minutos
  • Classificação: 16 anos

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5 thoughts on “‘A Bailarina’, a beleza na violência

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