Crítica da série A Mulher da Casa Abandonada, do Prime Video (2025) - Flixlândia (1)

‘A Mulher da Casa Abandonada’ é um exemplo raro de adaptação

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O fascínio do público por crimes hediondos e seus responsáveis não é uma novidade. De Norman Bates a Hannibal Lecter, a cultura pop sempre soube explorar o lado mais sombrio da natureza humana. Recentemente, a onda do true crime ganhou força no Brasil, e um dos maiores fenômenos desse gênero foi o podcast A Mulher da Casa Abandonada, que cativou o país ao desvendar o mistério de uma idosa reclusa em uma mansão em ruínas.

A série documental, que agora chega ao catálogo do Prime Video, não se contenta em apenas recontar a história. Dirigida por Kátia Lund, a obra transcende a curiosidade mórbida e o voyeurismo, focando o olhar naquilo que realmente importa: a humanização da vítima.

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Sinopse

Baseada no podcast de sucesso de Chico Felitti, a série documental A Mulher da Casa Abandonada explora a chocante história de Margarida Bonetti, uma mulher que vive em uma mansão decadente no bairro de Higienópolis, em São Paulo. O que parecia ser apenas a vida peculiar de uma idosa em uma casa caindo aos pedaços, revelou-se um crime hediondo.

Margarida e seu ex-marido, Renê Bonetti, foram acusados de manter a empregada doméstica Hilda Rosa dos Santos em situação análoga à escravidão por mais de vinte anos nos Estados Unidos. O documentário de três episódios vai além do mistério inicial, focando no depoimento inédito de Hilda, que agora, pela primeira vez, tem a oportunidade de contar a sua versão dos fatos.

A produção mescla entrevistas, imagens de arquivo e dramatizações para reconstruir a história, desde os eventos nos EUA até a espetacularização do caso após o sucesso do podcast.

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Crítica

Enquanto o podcast de Chico Felitti explorou com maestria a curiosidade em torno da figura misteriosa de Margarida, a série documental de Kátia Lund (conhecida por seu trabalho em Cidade de Deus) entende que a força da história não está mais no suspense. O mistério já foi revelado para o público, e o documentário é inteligente ao assumir isso logo de cara.

A produção não perde tempo construindo o perfil enigmático de Margarida, e sim foca nas consequências da exposição do caso e, sobretudo, na protagonista que estava nas sombras do material original: Hilda dos Santos. A inclusão de um aviso inicial no documentário, repudiando a perseguição e a violência contra os retratados, é um reflexo do entendimento da produção sobre os limites da exposição e do perigo da espetacularização.

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Cena da série A Mulher da Casa Abandonada, do Prime Video (2025) - Flixlândia
Foto: Prime Video / Divulgação

A voz da vítima

O grande triunfo da série documental é a presença de Hilda Rosa dos Santos. No podcast, sua participação se resumia a uma breve fala telefônica, enquanto o documentário a coloca no centro do palco. O carisma e a força de seu depoimento humanizam a história de uma maneira que o áudio nunca poderia.

Ao dar a Hilda a chance de contar sua história em detalhes — os horrores que viveu, a importância dos vizinhos no seu resgate e sua resiliência — a série muda o eixo narrativo e nos força a enxergar o crime não como um mero mistério a ser decifrado, mas como uma tragédia humana. A produção se afasta do “entretenimento de sofrimento” e convida o espectador a sentir empatia, indignação e a reconhecer a dignidade da sobrevivente.

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Direção e linguagem cinematográfica

Kátia Lund e sua equipe de roteiristas demonstram uma visão clara sobre como adaptar a história para o formato audiovisual. A linguagem cinematográfica se apropria de recursos como imagens de arquivo e dramatizações para dar ritmo à narrativa, acelerando a trama e evitando o voyeurismo excessivo.

O roteiro, assinado por Tainá Muhringer, Fernanda Polacow, Henrique dos Santos, Mari Paiva e Karolina Santos, equilibra a necessidade de mostrar a violência do crime sem jamais suavizá-la, mas mantendo o foco em seu impacto humano.

A série documental se torna um trabalho complementar ao podcast, unindo a investigação jornalística de Felitti com uma abordagem visual e emocional própria, que enriquece a obra original sem simplesmente replicá-la.

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Conclusão

A Mulher da Casa Abandonada é um raro exemplo de como uma adaptação pode expandir e melhorar o material de origem. Ao se recusar a mergulhar no sensacionalismo e focar na voz da vítima, a série se torna uma produção necessária e atemporal.

Enquanto a moda do true crime muitas vezes se perde na curiosidade mórbida, essa obra se destaca por seu senso de ética e sua capacidade de nos lembrar que, por trás de cada crime, existe uma história humana, e que as vítimas, acima de tudo, merecem ter suas vozes ouvidas.

Onde assistir à série A Mulher da Casa Abandonada?

A série está disponível para assistir no Prime Video.

Assista ao trailer de A Mulher da Casa Abandonada (2025)

YouTube player

Confira o elenco de A Mulher da Casa Abandonada, do Prime Video

  • Chico Felitti
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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