
Foto: Prime Video / Divulgação
O cineasta estreante Flying Lotus, mais conhecido por sua trajetória na música experimental, resolve cruzar as fronteiras do audiovisual com o filme “Ash: Planeta Parasita”, produção da Amazon Prime Video lançada em 24 de abril de 2025.
Com uma pegada que mescla ficção científica, horror cósmico e psicodelia visual, o longa propõe uma jornada atmosférica marcada pelo mistério e pela inquietação existencial. No entanto, o que começa como uma provocante narrativa de sobrevivência no espaço se revela, aos poucos, um experimento estético que sacrifica a tensão e a coesão narrativa em prol da estilização.
Sinopse do filme Ash: Planeta Parasita (2025)
Riya (Eiza González), uma cientista enviada para colonizar um planeta remoto, desperta ferida e desorientada em uma estação espacial orbitando o mundo batizado como Ash. Rodeada por cadáveres grotescamente mutilados e sem memória dos eventos que levaram àquela situação, ela precisa reconstruir sua identidade e entender o que ocorreu.
A situação se complica com a chegada de Brion (Aaron Paul), um suposto resgatador, cujas intenções não são tão claras quanto parecem. Enquanto memórias fragmentadas emergem e uma presença alienígena se insinua nas entrelinhas, Riya enfrenta um dilema moral: até onde confiar em suas lembranças — e em quem está ao seu lado?
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Crítica de Ash: Planeta Parasita, do Prime Video
Não há como negar: “Ash: Planeta Parasita” é visualmente hipnótico. A fotografia de Richard Bluck e a edição ritmada de Bryan Shaw criam uma estética de videoclipe que dialoga com a origem artística de Flying Lotus. Os tons neon, o uso de luzes estroboscópicas e os closes abruptos de cadáveres deformados compõem uma experiência sensorial intensa.
No entanto, essa escolha visual raramente sustenta a tensão narrativa. Em vez de ampliar o terror, os efeitos tornam-se previsíveis, transformando o que poderia ser um pesadelo imersivo em um desfile de imagens impactantes, mas vazias.
Uma protagonista interessante em um roteiro preguiçoso
Eiza González entrega uma sólida atuação, explorando nuances de uma personagem fragmentada entre a amnésia e a sobrevivência. Ainda assim, o roteiro de Jonni Remmler sabota o potencial dramático de Riya ao reduzir seus conflitos a flashbacks expositivos e diálogos didáticos.
Ao invés de explorar a ambiguidade moral — seria Riya a verdadeira culpada pelos assassinatos da tripulação? — o filme rapidamente fornece respostas simplistas, evitando o desconforto narrativo que poderia gerar uma experiência realmente perturbadora.
Referências demais, identidade de menos
“Ash” se constrói como uma colcha de retalhos de referências: há ecos claros de Alien, O Enigma do Horizonte, No Silêncio do Espaço e até Solaris. Mas ao invés de reinterpretar essas influências com originalidade, o longa se contenta em emulá-las.
A suspeita sobre Brion, o ambiente claustrofóbico da estação, o parasita alienígena, o contador regressivo para a salvação — todos são elementos reciclados de forma mecânica. O diretor até flerta com a crítica à exploração colonial da humanidade, mas não avança além da superfície, preferindo sustos fáceis a discussões consistentes.
Horror psicológico que não assusta
Mas o maior problema de “Ash” talvez seja a sua incapacidade de provocar medo real. A ameaça alienígena é genérica, os momentos de perigo carecem de urgência, e mesmo cenas que envolvem mutilações e sangue são montadas com previsibilidade.
Há uma tentativa de sugerir horror existencial — a ideia de não saber quem se é ou do que se é capaz —, mas ela se perde na pressa do roteiro em fornecer explicações. O filme, que começa como um mistério instigante, termina como uma colagem de sustos descartáveis.
Conclusão
“Ash: Planeta Parasita” é uma experiência visual que seduz pela forma, mas decepciona pelo conteúdo. Flying Lotus demonstra criatividade estética, mas ainda carece de maturidade narrativa para transformar sua visão em uma obra coesa.
O longa não entrega o terror visceral que promete, tampouco se aprofunda nos dilemas existenciais de sua protagonista. Para quem busca um sci-fi com atmosfera e estilo, pode valer a sessão. Mas para os fãs de suspense psicológico e horror espacial, talvez seja apenas uma viagem sem destino.
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Onde assistir ao filme Ash: Planeta Parasita?
O filme está disponível para assistir no Prime Video.
Trailer de Ash: Planeta Parasita (2025)
Elenco de Ash: Planeta Parasita, do Prime Video
- Eiza Gonzalez
- Aaron Paul
- Iko Uwais
- Kate Elliott
- Beulah Koale
- Flying Lotus
Ficha técnica do filme Ash: Planeta Parasita
- Título original: Ash
- Direção: Flying Lotus
- Roteiro: Jonni Remmler
- Gênero: ficção científica, terror, suspense
- País: Estados Unidos
- Duração: 95 minutos
- Classificação: 18 anos