Início » ‘Bala Perdida 3’: adrenalina artesanal na despedida de Lino

Quando “Bala Perdida” estreou na Netflix em 2020, poucos imaginavam que uma produção francesa de ação — com carros tunados, heróis estoicos e policiais corruptos — conseguiria estabelecer sua própria identidade em meio ao domínio hollywoodiano do gênero. Mas foi exatamente isso que Guillaume Pierret conquistou: uma trilogia que valorizou a ação prática, o ritmo vertiginoso e uma autenticidade rara, com sequências filmadas no coração urbano da França.

Agora, com “Bala Perdida 3“, chega o momento de encerrar a jornada de Lino, o mecânico vingador interpretado com intensidade por Alban Lenoir. E se o segundo filme havia deixado a narrativa em ponto de ebulição, este capítulo final promete resolver todas as contas pendentes — nem que para isso seja preciso colocar helicópteros em rota de colisão com guindastes e bondes.

Mas será que a conclusão está à altura do que a saga construiu até aqui? A resposta exige atenção não apenas ao espetáculo visual, mas também ao que ficou pelo caminho — nas entrelinhas, nos silêncios e nas feridas abertas desde o primeiro ato.

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Sinopse do filme Bala Perdida 3 (2025)

Em “Bala Perdida 3”, Lino (Alban Lenoir) está de volta. O mecânico genial e implacável dá continuidade à sua jornada de vingança contra Areski (Nicolas Duvauchelle), o policial corrupto que destruiu sua vida. Após sair da prisão, Lino descobre que Areski voltou à França após ser traído pelo comandante Resz (Gérard Lanvin), a verdadeira mente por trás da podridão policial.

Entre flashbacks que costuram o passado e um rastro de destruição nas ruas de Montpellier, o terceiro filme acelera até o confronto final — e entrega, mais uma vez, ação crua e acelerada à la francesa.

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Crítica de Bala Perdida 3, da Netflix

“Bala Perdida 3” continua o legado da trilogia ao reforçar sua proposta estética: ação prática, com perseguições filmadas no asfalto real e coreografias de luta que dispensam o artificialismo digital. Guillaume Pierret, mais uma vez, privilegia o que sabe fazer de melhor: cenas de impacto, perseguições de tirar o fôlego e uma violência crua que emula o melhor do cinema de ação de Hong Kong.

Destaque para as duas grandes set-pieces: a luta dentro de um tram em movimento — que beira o surreal, mas encanta pela engenhosidade — e o duelo entre uma caminhonete turbinada e um helicóptero em pleno centro urbano, encerrando a saga com fogos de artifício e uma piscadela para Exterminador 2. O senso de geografia urbana e o uso de locações reais dão ao longa uma autenticidade rara no cinema de ação moderno.

Lino em modo automático: o herói que já deu o que tinha que dar

Apesar do carisma físico de Alban Lenoir, Lino perde força dramática neste terceiro capítulo. Sua jornada emocional parece estagnada, e o roteiro não consegue propor novos dilemas ou evoluções para o protagonista. Ele se move de cena em cena mais como motor da destruição do que como personagem de carne e osso.

Enquanto isso, Areski — antes um vilão unidimensional — ganha densidade com o retorno ao seu passado e à sua queda, tornando-se mais interessante dramaticamente do que o próprio herói. Já o comandante Resz, vivido por Gérard Lanvin, assume ares de grande vilão operando nas sombras, mas sua construção flerta com o exagero e o clichê de vilões estilo James Bond.

Uma narrativa que patina, mas não derrapa totalmente

Há uma tentativa clara de fortalecer a trama com flashbacks e novas camadas, especialmente ao introduzir Resz como o verdadeiro cérebro por trás da tragédia de Lino. A ideia é interessante, mas a execução esbarra em incoerências e soluções forçadas. Como aceitar que Resz subestime Lino, mesmo após o mecânico ter literalmente destruído uma delegacia no braço — duas vezes?

Mesmo com o reforço de Caryl Ferey no roteiro, a história permanece como pano de fundo para o espetáculo visual. Isso não chega a ser um problema grave para os fãs da franquia, que já embarcaram sabendo o que esperar: mais ferro retorcido, mais punhos cerrados e menos profundidade emocional.

Mais contido que o segundo, menos inventivo que o primeiro

Se o primeiro “Bala Perdida” surpreendeu pela crueza e o segundo pela excentricidade, o terceiro tenta equilibrar ambos — e, com isso, perde um pouco de seu diferencial. As sequências de ação seguem incríveis, mas a sensação de repetição é inevitável. Mesmo Julia (Stéfi Celma), que teve espaço de destaque no filme anterior, é reduzida aqui a coadjuvante ao volante.

Ainda assim, o filme resgata o charme da série ao transformar cenários cotidianos em arenas de ação improváveis. Bondes, estradas do sul da França e margens de rio viram pistas de destruição, com Pierret e sua equipe usando cada esquina como palco para adrenalina. É um cinema de ação “municipal”, como o próprio diretor define, mas com ambição internacional.

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Conclusão

“Bala Perdida 3” não revoluciona nem decepciona. Fecha a trilogia com a mesma energia bruta que a consagrou, mantendo sua identidade em meio a um mar de blockbusters genéricos. As falhas narrativas e a falta de inovação em relação aos capítulos anteriores não comprometem o espetáculo que Guillaume Pierret entrega com criatividade e personalidade.

A trilogia termina como começou: entre a poeira da estrada, a lataria amassada e o desejo de criar um cinema de ação francês que bata de frente — e de verdade — com os grandes nomes do gênero. Se esta for mesmo a despedida de Lino, ela foi digna. E se for o começo de uma nova fase para Pierret, que venha com mais ousadia e menos freio.

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Onde assistir ao filme Bala Perdida 3?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Bala Perdida 3 (2025)

Elenco de Bala Perdida 3, da Netflix

  • Alban Lenoir
  • Nicolas Duvauchelle
  • Stéfi Celma
  • Gérard Lanvin
  • Pascale Arbillot
  • Quentin D’Hainaut
  • Julie Tedesco
  • Anne Serra

Ficha técnica do filme Bala Perdida 3

  • Título original: Balle Perdue 3
  • Direção: Guillaume Pierret
  • Roteiro: Guillaume Pierret, Caryl Ferey
  • Gênero: ação, suspense, policial
  • País: França
  • Duração: 111 minutos
  • Classificação: 12 anos

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