O filme “Fã ou Hater” é a mais nova aposta da Netflix em seu catálogo internacional, unindo talentos do México e da França numa comédia dramática que pretende explorar o universo instável da fama contemporânea. Dirigido por Maria Torres, conhecida por Com Amor, Anônima, o longa tem como protagonista Lana Cruz, uma atriz decadente em busca de redenção após ser cancelada nas redes sociais.
A proposta, em tese, é atual e provocativa: como a relação entre fãs e ídolos evoluiu (ou se deteriorou) na era digital? O que acontece quando a devoção vira obsessão, e quando celebridades usam sua imagem para manipular o público? Apesar do tema promissor, o filme entrega uma narrativa desconectada e personagens que orbitam em torno de um enredo promissor, mas mal desenvolvido.
Sinopse do filme Fã ou Hater (2025)
Lana Cruz (Kate del Castillo) é uma atriz mexicana consagrada em Hollywood, com sete temporadas de sucesso na série Special Crimes. Porém, após um incidente com uma fã — que termina em um tapa mal calculado — a atriz vê sua carreira ruir diante da força impiedosa das redes sociais. Cancelada, sem trabalho e emocionalmente em frangalhos, ela retorna ao México para tentar se reerguer em um modesto filme de época.
É nesse cenário que conhece Polly (Diana Bovio), sua superfã número um — intensa, barulhenta e completamente devotada. Contratada por Lana como assistente na esperança de reconstruir sua imagem pública, Polly se vê dividida entre a admiração e o choque com a verdadeira face de seu ídolo. Ao mesmo tempo, Greta, filha de Lana, surge como uma presença discreta, mas muito mais lúcida que os adultos à sua volta.
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Crítica de Fã ou Hater, da Netflix
“Fã ou Hater” tenta, sem sucesso, mergulhar nas dinâmicas tóxicas entre celebridades e fãs na era digital. A premissa tinha potencial: refletir sobre a idolatria desenfreada e a rapidez com que uma figura pública pode ser destruída (ou reabilitada) por um clique. Mas o filme escorrega ao escolher o caminho da caricatura e dos clichês, deixando qualquer tentativa de discussão mais séria pelo caminho.
A narrativa, por exemplo, se esforça para construir Lana como uma figura complexa — uma atriz que cresceu sob pressão materna e perdeu a conexão com a realidade. No entanto, nada disso é explorado com profundidade. Seus traumas são mencionados, mas nunca vividos. O que resta é uma protagonista rasa, que manipula todos ao redor sem qualquer evolução emocional.
Diana Bovio salva o filme do desastre completo
Se existe algo que funciona em “Fã ou Hater”, é a atuação de Diana Bovio como Polly. A atriz entrega uma performance surpreendentemente sensível, mesmo interpretando uma personagem escrita para o exagero. Há camadas na forma como ela transita entre devoção, frustração e insegurança, fazendo com que o espectador se questione: até onde vai o amor por um ídolo?
Infelizmente, nem mesmo a entrega de Bovio consegue compensar os tropeços de roteiro. Sua personagem é constantemente reduzida a gags e situações absurdas, impedindo que sua trajetória ganhe o impacto emocional necessário.
Humor forçado e ausência de arco dramático
A comédia aqui é questionável. As piadas soam recicladas, os momentos “hilários” carecem de timing e o tom se perde entre o pastelão e o drama. Ainda pior é a ausência de uma estrutura clara: o filme parece uma colagem de esquetes sem conexão, e o núcleo dramático — a reconciliação de Lana com sua filha e com sua própria identidade — é tratado de forma apressada e superficial.
Não há arco de redenção real. Lana continua a mesma até o final: egocêntrica, manipuladora e distante. Suas ações não têm consequências reais, o que esvazia completamente qualquer mensagem que o filme pudesse tentar passar.
Um filme sobre fazer filmes… que não entende nada de cinema
Maria Torres e Enrique Vázquez tentam brincar com a metalinguagem, mostrando os bastidores de uma produção cinematográfica. No entanto, o resultado é desorganizado e caótico. As cenas no set de filmagem beiram o nonsense, e o filme dentro do filme não faz o menor sentido — nem para os personagens, nem para o espectador.
A própria ideia de uma atriz em busca de reconexão com suas raízes se perde em meio a piadas sobre diretores sensíveis e figurantes caricatos. Amaranta Ruiz, como a figurinista, brilha brevemente em duas cenas e consegue mais carisma do que o elenco principal inteiro — o que diz muito.
Conclusão
“Fã ou Hater” é o típico exemplo de uma boa ideia desperdiçada por um roteiro preguiçoso e uma direção que não sabe onde quer chegar. A crítica ao culto à celebridade, ao cancelamento online e à obsessão dos fãs poderia render um ótimo filme — mas aqui tudo é abordado de forma rasa, sem nuances e com muito barulho por nada.
Apesar disso, o longa pode funcionar como passatempo descompromissado para quem busca algo leve e desligado da realidade. Diana Bovio merece elogios por manter o filme à tona, mesmo que o restante do elenco e da trama afunde sob o peso de suas próprias intenções mal executadas.
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Onde assistir ao filme Fã ou Hater?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Fã ou Hater (2025)
Elenco de Fã ou Hater, da Netflix
- Kate del Castillo
- Diana Bovio
- Hugo Catalán
- Gabriel Nuncio
- Ana González Bello
- Dariana Delbouis
- Ricardo Esquerra
- Amaranta Ruiz
- Emma Ramos
Ficha técnica do filme Fã ou Hater
- Título original: The Biggest Fan
- Direção: Maria Torres
- Roteiro: Maria Torres, Enrique Vázquez
- Gênero: comédia
- País: México, França
- Duração: 91 minutos
- Classificação: 12 anos