O dorama japonês “Cinderella Closet” (ou “Cinderela”) chega como um suspiro de ar fresco, desafiando convenções e estereótipos que, por vezes, parecem arraigados na cultura. A obra não se limita a ser uma simples história de amor, mas se expande para uma jornada de autodescoberta e aceitação, tanto para os personagens quanto para o espectador.
Com uma abordagem leve, mas profundamente significativa, a série nos convida a questionar o que define a beleza, a masculinidade e a feminilidade, e a reconhecer que a verdadeira força reside na autenticidade.
Sinopse
Haruka, uma jovem interiorana e “sem graça”, se muda para Tóquio com o sonho de cursar a universidade, mas logo se sente deslocada em meio à elegância da metrópole. Ela nutre uma paixão secreta por Kurotaki, um colega de trabalho, mas a falta de autoconfiança a impede de se declarar. É nesse momento de insegurança que ela conhece Hikaru, uma maquiadora de língua afiada, glamourosa e, à primeira vista, uma mulher.
Hikaru, a contragosto, assume o papel de “fada madrinha” de Haruka, ensinando-a sobre maquiagem e moda. Contudo, Haruka logo descobre que Hikaru não é quem aparenta ser: na verdade, é um homem que se veste e se maquia por pura paixão, em um ato de autoexpressão. A partir daí, a relação entre os dois se aprofunda, evoluindo de uma amizade improvável para um romance que celebra a individualidade e o amor em suas formas mais puras.
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Crítica
“Cinderella Closet” se destaca pela sua coragem em retratar personagens que fogem do “normal”, especialmente para o contexto japonês, que valoriza a conformidade. A série celebra a ideia de que a masculinidade não se resume a traços “macho”, e que um homem com características femininas não é, necessariamente, gay. Da mesma forma, mostra uma mulher “moleca” que, sem experiência com maquiagem ou roupas elegantes, tem sua própria beleza e jornada de crescimento.
A narrativa não se apoia em conflitos grandiosos ou reviravoltas dramáticas excessivas. Em vez disso, aposta na leveza e no charme de seus protagonistas. A evolução de Haruka, que aprende a usar a moda e a maquiagem como ferramentas para expressar sua beleza interior, é o ponto central da série.
No entanto, o drama não cai na armadilha de mostrar que as mudanças são apenas superficiais: a verdadeira transformação de Haruka acontece em sua mentalidade, quando ela passa a aceitar a si mesma, com ou sem maquiagem. A maquiagem é, nesse sentido, uma ferramenta de empoderamento, não uma máscara para esconder quem ela é.

A profundidade de uma história sobre aceitação
A maior força do drama está na forma como ele aborda a temática da autodescoberta e aceitação. A história de Hikaru, que enfrenta a desaprovação de seu pai por ser um cross-dresser, ressoa de forma poderosa. Embora a série não se aprofunde em todos os detalhes, ela toca em um ponto crucial: a necessidade de ser aceito por quem você realmente é, sem comprometer sua essência. A aceitação da mãe de Haruka em relação a Hikaru é um dos momentos mais tocantes, simbolizando um mundo mais aberto e acolhedor.
O diálogo icônico de Hikaru no primeiro episódio — “depois dos 20, ser feio é uma escolha! Não me entenda mal, não estou falando da sua aparência. Um sorriso autodepreciativo não é fofo” — encapsula a mensagem central da série. Ele não fala sobre beleza física, mas sobre a beleza da confiança e do amor-próprio. Esse é o pilar que sustenta a narrativa, mostrando que ser autêntico e ter autoestima são as chaves para uma vida plena.
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A dualidade e o desenvolvimento dos personagens
Os protagonistas, Haruka e Hikaru, são construídos de forma a complementar um ao outro. Haruka, inicialmente insegura e ingênua, encontra em Hikaru um guia para desvendar sua própria beleza. Hikaru, por sua vez, um personagem que se mostra forte e confiante, também tem suas vulnerabilidades e medos, especialmente em relação à aceitação de sua família e ao seu romance. É fascinante ver como ele “equilibra” suas duas facetas, a “feminina” e a “masculina”, sem que uma anule a outra.
Apesar de a série ser notavelmente bem-sucedida em sua abordagem, algumas falhas são perceptíveis. A trama do pai de Hikaru poderia ter sido mais explorada, oferecendo uma resolução mais completa. Além disso, a progressão do romance entre Hikaru e Haruka parece, por vezes, apressada, pulando algumas etapas cruciais para chegar ao final. No entanto, para uma série com poucos episódios, a essência foi capturada de maneira eficaz.
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Conclusão
“Cinderella Closet” é um drama que prova que a simplicidade pode ser uma grande virtude. Sem grandes orçamentos ou reviravoltas mirabolantes, a série entrega uma história que é, ao mesmo tempo, encantadora e profunda. É um lembrete de que o amor não tem gênero, e que a verdadeira beleza reside na confiança e na capacidade de ser quem você realmente é.
A série é mais do que um romance leve; é um manifesto sobre a importância da autoaceitação e da diversidade, um reflexo do que a arte pode fazer para empurrar os limites do que consideramos “normal”. Se você procura uma história que aquece o coração, que faz você sorrir e pensar sobre a vida, “Cinderella Closet” é, sem dúvida, uma joia a ser descoberta.
Onde assistir ao dorama Cinderella Closet?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Veja o trailer de Cinderella Closet (2025)
Quem está no elenco de Cinderella Closet, da Netflix?
- Ichika Osaki
- Leo Matsumoto
- Rintaro Hachimura
- Karuma
- Yuna Mito