[CRÍTICA] 'Confinado': suspense tem premissa simples e diversas camadas temáticas

Um filme pode ser bom por diversos motivos: roteiro, atuação, efeitos especiais e além. Um desses motivos é conter tantas informações e leituras que podem causar diversas discussões. A qualidade de uma obra passa não apenas, mas também, pelas múltiplas interpretações, deixando que o espectador encaixe suas experiências e bagagem para admirá-lo. Esse é o caso de “Confinado”.

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Sinopse do filme Confinado

Com uma premissa simples, o trabalho de David Yarovesk (do bom “Brightburn”) transita da tensão do confinamento para os diálogos sobre as situações social e econômica entre o marginal Eddie (Bill Skarsgård) e o médico William (Anthony Hopkins, apenas uma voz por quase todo o filme).

A história começa quando o primeiro, falido e precisando de dinheiro rápido, entra no carro do segundo. O problema é que o veículo em questão é uma mini-prisão.

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Crítica de Confinado (2025)

A interação entre Eddie e a voz que sai do painel do luxuoso carro à prova de balas e controlado à distância por seu algoz é alternada com imagens da cidade em decadência: pessoas em situações de rua, crimes, violência, degradação. A dupla discorda nas conversas, mas somente um tem o poder de torturar, fornecer alimentos e aumentar ou diminuir a temperatura.

Quase como um Deus do Velho Testamento, o diálogo é sempre cortado quando o personagem de Hopkins é um pouco contrariado. O médico, traumatizado por acontecimentos causados pela crescente taxa de criminalidade, vê as classes baixas como pessoas preguiçosas, que procuram um caminho fácil, ao invés de trabalhar como os verdadeiros vencedores do sonho americano.

Já o assaltante de Bill Skarsgård pensa que a disparidade e os privilégios causam a decadência e violência. Em nenhum momento o roteiro de Michael Arlen Ross dá a resposta pretendida para quem quer que o espectador esteja torcendo ou concordando. O debate sobre justiça e punição é abordado justamente para que você encaixe, ou questione, suas convicções.

Yarovesk segura a atenção da audiência com criatividade para novas situações que de outra forma seriam entediantes – as conversas entre a dupla principal sempre prendem a atenção, e mostram que naquilo que importa mesmo eles não são muito diferentes em suas motivações. A claustrofobia da situação é mais constante do que contínua, uma escolha que permite ao filme não ser cansativo.

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Conclusão

Por fim, “Confinado” tem diversas camadas além de um ponto de partida à primeira vista comum. Entre uma citação de Dostoievski, outra de Tolkien, leituras possíveis de Foucault e Behaviorismo, seus temas parecem nunca sair de moda em discussões sobre a vida de qualquer cidade grande.