Crítica do filme Dormir de Olhos Abertos (2025) - Flixlândia

‘Dormir de Olhos Abertos’ entrega uma experiência sensorial, mas com leveza

Compartilhe

“Dormir de Olhos Abertos”, filme da cineasta alemã Nele Wohlatz, estreou nesta quinta-feira (11) nos cinemas brasileiros. O longa é uma comédia silenciosa que retrata a experiência dos imigrantes no Brasil através do olhar de uma diretora que, ao filmar em Recife, se reconheceu nas histórias de imigrantes que também tentam encontrar pertencimento longe de casa.

Aqui, a diretora, que morou por mais de uma década na Argentina, constrói um filme que convida o espectador a desacelerar e observar as sutilezas da experiência migratória.

➡️ Frete grátis e rápido! Confira o festival de ofertas e promoções com até 80% OFF para tudo o que você precisa: TVs, celulares, livros, roupas, calçados e muito mais! Economize já com descontos imperdíveis!

Sinopse

Em “Dormir de Olhos Abertos” acompanhamos a trajetória de Kai (Liao Kai Ro), uma jovem taiwanesa que chega a Recife com o coração partido, e de Xiao Xin (Chen Xiao Xin), que vive com um grupo de trabalhadores chineses em um edifício luxuoso. A narrativa se constrói nos encontros e desencontros entre eles, criando uma rede de microconexões emocionais que dão corpo ao filme.

➡️ Siga o Flixlândia no WhatsApp e fique por dentro das novidades de filmes, séries e streamings

Crítica

O longa apresenta uma narrativa que flui devagar, quase como quem caminha sem pressa pelas ruas de uma cidade estranha, tentando decifrar seus sinais. Essa lentidão, que pode incomodar em alguns momentos, é também o que dá espaço para sentir cada detalhe das jornadas pessoais que se cruzam na trama.

O filme brinca com perspectivas, alternando entre a visão do turista e a do estrangeiro que escolheu o Brasil como lar. Os olhares e perspectivas são diferentes, mas igualmente deslocados. A sensação de estranhamento e encantamento diante do desconhecido é transmitida de um jeito tão orgânico que, por vezes, o espectador se sente parte desse processo de adaptação.

➡️ Acompanhe o Flixlândia no Google Notícias e fique por dentro do mundo dos filmes e séries do streaming

Cena do filme Dormir de Olhos Abertos (2025) - Flixlândia
Foto: Vitrine Filmes / Divulgação

A força das metáforas

Pelo olhar de Kai, conhecemos Fu Ang (Wang Shin-Hong), um dos personagens mais interessantes do filme. O imigrante chinês é apresentado como um vendedor de guarda-chuvas em uma cidade onde não chove, e depois passa a vender boias em uma praia onde não se pode entrar no mar, sintetizando com delicadeza o sentimento de estar sempre fora do lugar.

O filme constantemente toma forma e se aprofunda nesses sentimentos através dessas metáforas e diálogos que dizem mais do que é falado em cena. A jornada de Fu Ang é só um dentre tantos elementos que a narrativa usa para fazer comentários sutis sobre como migrar envolve constantemente tentar se encaixar em contextos que nem sempre acolhem.

O filme também dialoga com o silêncio e os ruídos que nascem da falta de comunicação. Os personagens lidam com a barreira da língua e com a ausência de uma rede de apoio, o que torna cada encontro e cada troca de olhar mais carregados de significado.

➡️ ‘Cúpula do Caos’, a comédia onde ninguém é o herói
➡️ ‘Luta de Classes’ traz Spike Lee e Denzel Washington em uma sinfonia urbana
➡️ ‘A Vida de Chuck’ abraça o apocalipse com afeto e gratidão

O olhar estrangeiro e o Brasil como cenário

Para quem assiste ao filme morando no Brasil, existe ainda um apelo diferente. Ver Recife retratada como um espaço de passagem, onde histórias tão distintas se encontram, cria uma camada adicional de identificação com o público brasileiro. A cidade aparece quase como um personagem, um ponto de intersecção entre culturas, expectativas, vivências e realidades.

A fotografia ainda reforça esse clima, usando as cores, os espaços e a própria forma como a câmera observa os personagens para transmitir a sensação de estar no meio de um sonho acordado. Wohlatz não tenta oferecer respostas fáceis sobre identidade ou pertencimento, e prefere deixar que a narrativa se construa no silêncio e no estranhamento.

➡️ Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo InstagramXTikTok e YouTube, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.

Conclusão

“Dormir de Olhos Abertos” não é um filme para todos os públicos, pois sua narrativa lenta, a
estética indie e o uso constante de analogias exigem atenção e paciência. Mas, para quem
se permite entrar nesse ritmo, o longa entrega uma experiência sensorial sobre
deslocamento e isolamento, sem perder a leveza que surge dos encontros improváveis.

Onde assistir ao filme Dormir de Olhos Abertos?

O filme estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2025.

Assista ao trailer de Dormir de Olhos Abertos (2025)

YouTube player

Quem está no elenco do filme Dormir de Olhos Abertos?

  • Liao Kai Ro
  • Chen Xiao Xin
  • Wang Shin-Hong
  • Nahuel Pérez Biscayart
  • Lu Yang Zong
Escrito por
Izabella Nicolau

Jornalista cultural, focada em entretenimento e cultura pop!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas

Procuram-se colaboradores
Procuram-se colaboradores
Artigos relacionados
Hedda crítica do filme Prime Video Festival do Rio 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] A ‘Hedda’ que desafia o espectador e a sociedade

Nia DaCosta, a diretora por trás de Candyman e As Marvels, voltou a trabalhar com...

A Memória do Cheiro das Coisas crítica do filme 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘A Memória do Cheiro das Coisas’ e o preço a pagar por conflitos

À medida que envelhecemos, certas coisas vão se tornando mais difíceis. Memórias...

Balada de Um Jogador Netflix crítica do filme 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] Colin Farrell contra o caos em ‘Balada de Um Jogador’

Edward Berger chega com um peso nas costas — o peso do...

A Própria Carne crítica do filme Jovem Nerd 2025
Críticas

[CRÍTICA] ‘A Própria Carne’, um banho de sangue com sabor de podcast

“A Própria Carne” é mais do que apenas a estreia cinematográfica do...

Novembro crítica do filme 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] Para além do espetáculo: a brutalidade nua e crua de ‘Novembro’

Em um panorama cinematográfico cada vez mais pautado por fórmulas e narrativas...

Crítica do filme Springsteen - Salve-me do Desconhecido (2025)
Críticas

[CRÍTICA] ‘Springsteen: Salve-me do Desconhecido’: recorte da vida do ‘Boss’ mostra período de tempo prolífico e sombrio

A relação entre depressão e grandes obras artísticas é largamente documentada. Trabalhos...

Leia a crítica do filme 27 Noites, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

’27 Noites’, o drama argentino sobre autonomia e envelhecimento no mundo de hoje

A película argentina “27 Noites”, dirigida e estrelada por Daniel Hendler, inspira-se...

Crítica do filme Frankenstein, de Guillermo del Toro (2025) - Netflix - Flixlândia
Críticas

Guillermo del Toro recria o clássico ‘Frankenstein’ com poesia e tragédia

A nova adaptação de “Frankenstein” (2025), dirigida por Guillermo del Toro, surge...