Sinopse do filme Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes
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Crítica de Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes (2025)
Narrativa fragmentada e pretensiosa
A estrutura do filme aposta em arquétipos junguianos: Lee como a sombra, Anima como a alma feminina, Abel como o ego. No papel, isso poderia render uma boa psicanálise simbólica. Na prática, o que se vê é uma colcha de retalhos estéticos sem costura dramática. Cenas se acumulam sem progressão narrativa, apenas exibindo efeitos visuais e poses de sofrimento performático.
Anima, interpretada pela ótima Jenna Ortega, é reduzida a um amontoado de clichês da “fã louca e iluminada”. A atriz até tenta extrair humanidade da personagem, mas fica presa a um roteiro que transforma cada frase em monólogo pseudo-poético. Barry Keoghan (também excelente), por sua vez, entrega uma caricatura de empresário tóxico, digna de uma paródia — mas o filme se leva a sério demais para permitir qualquer ironia.
Estética de videoclipe sem substância
A fotografia de Chayse Irvin até entrega momentos hipnóticos, com luzes neon e mudanças constantes de proporção de tela. Porém, em vez de servir à narrativa, os recursos visuais parecem gritar por atenção: flares, glitches, cortes frenéticos e filtros — tudo muito bonito, mas vazio. O que poderia funcionar em um clipe de três minutos se torna sufocante em um longa.
Pior ainda é a forma como os “shows” são retratados. Sem gravações reais de apresentações, o filme opta por closes intermináveis no rosto de Abel, como se bastasse vê-lo suar, chorar e cheirar cocaína para compreender seu abismo interno. O efeito é de cansaço — tanto emocional quanto estético.
Atuação constrangedora
As canções de The Weeknd estão por toda parte, mas em vez de impulsionarem a trama, funcionam como adereços promocionais. A tentativa de usar trechos de letras como diálogos soa forçada, e a repetição insistente da faixa Wake Me Up em diferentes versões mostra o quanto o projeto está mais preocupado em reafirmar a marca do artista do que em explorar verdadeiramente sua humanidade.