A série “Jovens Milionários”, a mais nova produção original francesa da Netflix, mergulha em uma premissa clássica: o que acontece quando a fortuna bate à porta de quem ainda não tem maturidade para lidar com ela?
A resposta, como vemos ao longo dos oito episódios de 30 minutos, é um coquetel explosivo de ambição, planos descabidos e uma dose de ironia do destino.
Ao invés de um conto de fadas sobre riqueza repentina, a série nos entrega uma jornada caótica, mas surpreendentemente envolvente, que explora a linha tênue entre a amizade e a cobiça.
Sinopse
Ambientada na vibrante e não estereotipada Marselha, a trama acompanha quatro amigos de 17 anos: David, Jess, Samia e Léo. Suas vidas adolescentes, repletas de dilemas escolares, paixonites e problemas familiares, são subitamente transformadas quando eles ganham o prêmio máximo da loteria: 17 milhões de euros. A euforia inicial, no entanto, é rapidamente substituída pelo pânico ao descobrirem que, por serem menores de idade, não podem resgatar o prêmio.
Desesperados para não perder a fortuna, eles embarcam em uma série de planos cada vez mais arriscados e desastrosos. A tentativa de envolver um professor e, em seguida, a colega de classe Victoire, que acabou de completar 18 anos, desencadeia uma reação em cadeia de mentiras, traições e chantagens.
O que começa como um problema de burocracia juvenil se transforma em uma teia de intrigas que testará os limites de sua amizade, enquanto a riqueza prometida permanece uma miragem perigosamente próxima.
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Crítica
“Jovens Milionários” se posiciona em um espaço interessante dentro do catálogo da Netflix. Longe de ser uma produção adolescente “enlatada” com dramas superficiais, a série consegue capturar a essência da juventude de forma autêntica, mesmo que a situação seja tudo, menos normal.
A química entre o elenco é o ponto forte, sustentando a narrativa através de seus momentos mais absurdos. A direção ágil e a ambientação em Marselha conferem à série uma identidade visual marcante e um ritmo frenético, que não deixa o espectador pensar demais sobre as falhas do enredo.

Uma sátira da ganância adolescente
A série brilha ao expor a mentalidade adolescente em seu estado mais cru. A narração inicial de David (“Quem são esses pirralhos?”) é a única reflexão que os protagonistas parecem ter sobre si mesmos. A cada plano que dá errado, a cada dívida que se acumula, o grupo se aprofunda em uma espiral de ilegalidade e desespero.
O que torna a série cativante é que, embora eles sejam claramente “pirralhos” mimados e imprudentes, a série não os transforma em vilões. Há uma humanidade e uma doçura em seus laços de amizade que os impede de serem completamente detestáveis, fazendo com que o público torça para que eles consigam, de alguma forma, sair do buraco em que se meteram.
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O dinheiro como catalisador do caos
O prêmio da loteria não é um fim, mas sim um meio para a série explorar conflitos internos e relacionamentos. O dinheiro expõe as fraquezas e os desejos de cada um. Samia vê nele a chance de uma nova vida, longe da lesão que a afasta do futebol. David, o órfão com “instinto de sobrevivência” aguçado, o usa como uma forma de poder. Jess, a mais impulsiva, o gasta sem pensar, e Léo, o mais sensível do grupo, se torna um peão nas reviravoltas da trama.
A série evoca o clichê “o dinheiro não traz felicidade”, mas o faz de uma maneira sofisticada, mostrando que a riqueza, na verdade, amplifica quem as pessoas já são por dentro e as confronta com suas próprias fragilidades.
Reviravoltas e cansaço da fórmula
Se por um lado a série se beneficia de seu ritmo acelerado e de suas reviravoltas constantes, por outro, ela também sofre com isso. Há momentos que se tornam confusos e parecem existir apenas para manter a tensão.
A fórmula de “uma complicação leva a outra” pode ser divertida por um tempo, mas chega a um ponto em que a credibilidade é esticada ao máximo, transformando o que era um drama adolescente envolvente em um jogo de gato e rato que beira o ridículo. A revelação do chantagista, por exemplo, embora chocante, parece mais uma conveniência de roteiro para amarrar pontas soltas do que uma surpresa orgânica.
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Conclusão
“Jovens Milionários” é, no final das contas, um entretenimento de verão despretensioso. É a série perfeita para “maratonar” em um dia, para desligar o cérebro e curtir a jornada caótica desses quatro jovens. A série não tem a pretensão de ser uma obra-prima, e isso é o que a torna tão assistível. Ela oferece atuações genuínas, um visual atraente e uma história que, apesar de algumas falhas, cumpre sua promessa de ser envolvente.
Embora a fórmula da Netflix de “adolescentes problemáticos se safando de tudo” já esteja saturada, “Jovens Milionários” tem carisma suficiente para se destacar, mesmo que por pouco, e deixar a sensação de que a transição para a vida adulta, com ou sem 17 milhões de euros, continua sendo um território cheio de incertezas.
Onde assistir à série Jovens Milionários?
A série está disponível para assistir no catálogo da Netflix.
Assista ao trailer de Jovens Milionários (2025)
Confira o elenco de Jovens Milionários, da Netflix
- Abraham Wapler
- Sara Gançarski
- Malou Khebizi
- Calixte Broisin-Doutaz
- Jeanne Boudier
- Florian Lesieur
- Victor Bonnel
- Margot Heckmann
- Alexis Rosenstiehl
- Elma Urriaga