Leia a crítica do dorama Madame Aema, da Netflix - Flixlândia

‘Madame Aema’ disseca a censura e a ambição

Confira a crítica do dorama da Netflix

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No efervescente cenário cinematográfico sul-coreano dos anos 80, conhecido como Chungmuro, surge uma produção que promete abalar as estruturas conservadoras do país: o filme “Madame Aema”, um ousado projeto que se propõe a ser o primeiro filme erótico da Coreia do Sul.

Agora, o dorama da Netflix, “Madame Aema” (Aema), mergulha nos bastidores dessa criação, utilizando-se da ironia e de uma estética vibrante para expor as tensões e hipocrisias de uma sociedade controlada e patriarcal.

Dirigida por Lee Hae-young, a série vai muito além de um simples relato histórico. Ela se consolida como uma crítica mordaz às opressões enfrentadas pelas mulheres na indústria do entretenimento, revelando uma história de resiliência, rivalidade e, por fim, solidariedade.

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Sinopse

A trama se desenrola em 1981, quando a ditadura de Chun Doo-hwan implementa a chamada Política dos 3S (screen, sports, sex) para entreter a população e desviar a atenção da repressão política. Nesse contexto, o produtor inescrupuloso Koo Jung-ho (Jin Seon-kyu) decide tirar proveito da nova flexibilização e propõe a rodagem de “Madame Aema”, um filme erótico que ele acredita ser uma fórmula garantida para o sucesso de bilheteria.

A estrela consagrada Jung Hee-ran (Lee Hanee), cansada de ser rotulada como uma atriz “sexy”, reluta em aceitar o papel principal. Em sua audaciosa recusa, ela entra em choque com o produtor, que, em resposta, a rebaixa a um papel secundário e abre audições para encontrar uma nova protagonista.

É nesse cenário que surge a novata Shin Ju-ae (Bang Hyo-rin), uma dançarina de boate cheia de ambição, que está disposta a fazer o que for preciso para alcançar o estrelato, inclusive se despir para as câmeras. O que começa como uma rivalidade acirrada entre as duas atrizes, em uma indústria dominada por homens, transforma-se lentamente em uma complexa aliança, unindo-as contra os verdadeiros inimigos que as cercam.

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Crítica

“Madame Aema” impressiona desde o início por sua estética. Diferentemente de outras produções que retratam os anos 80 na Coreia com paletas de cores sóbrias e escuras, a série de Lee Hae-young aposta em um visual voluptuoso e vibrante, repleto de cores fortes e figurinos fabulosos. Essa escolha não é aleatória; ela serve como um contraste deliberado para a escuridão e a opressão que permeavam a sociedade da época.

A superfície reluzente e cheia de glamour da indústria do entretenimento esconde a violência e a exploração que as mulheres sofriam em silêncio. A série usa essa abordagem para satirizar a política de “distração” do governo e a hipocrisia de uma sociedade que estimula o consumo de sexo na tela, mas censura e estigmatiza as mulheres que ousavam protagonizá-lo.

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Cena do dorama Madame Aema, da Netflix - Flixlândia
Foto: Netflix / Divulgação

Ótimas atuações e personagens profundos

O grande mérito de “Madame Aema” reside nas atuações de seu elenco, em especial das duas protagonistas. Lee Hanee entrega uma performance memorável como Jung Hee-ran. Sua personagem, inicialmente vista como uma diva arrogante e mesquinha, revela-se aos poucos uma mulher com camadas profundas, que usa sua fachada durona como uma armadura para sobreviver em um mundo onde os homens estão sempre prontos para se aproveitar dela.

Por outro lado, a estreante Bang Hyo-rin é uma revelação no papel de Shin Ju-ae. Ela transita com naturalidade entre a ambição ardente e a vulnerabilidade, construindo uma personagem que, embora pareça inicialmente ingênua, mostra uma força inabalável à medida que suas ilusões sobre a indústria são destruídas. A química entre as duas é inegável, e é o que sustenta a narrativa, transformando a rivalidade inicial em uma jornada de solidariedade feminina.

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Crítica velada e o dilema da censura

O que torna “Madme Aema” uma obra intrigante é a forma como ela discute a exploração feminina sem ela mesma se tornar um produto exploratório. A série, apesar de lidar com a temática erótica, não abusa da nudez ou de sequências gratuitas de sexo. Em vez disso, ela utiliza a censura e a manipulação como elementos narrativos.

Em um toque de metalinguagem, a série censura o filme “Madame Aema” em si, mostrando as filmagens de forma cômica e muitas vezes incômoda, com close-ups no rosto dos atores e diálogos ridículos. Isso não apenas cria momentos de alívio cômico, mas também sublinha o absurdo e a falta de propósito da pornografia forçada, que muitas vezes substituía a história e a progressão narrativa real. A série questiona se a exposição para conseguir um papel na tela é uma ironia para a atriz da vida real, mas se esquiva de ser ela própria um produto desse dilema.

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Conclusão

“Madame Aema” é um dorama que, sob uma superfície extravagante e, por vezes, cômica, esconde uma história emocionalmente ressonante e impactante. Se por um lado a série pode testar a paciência do espectador com alguns momentos caóticos e uma mudança de tom abrupta na segunda metade, que a transforma quase em um thriller de suspense, por outro, ela oferece uma narrativa perspicaz e corajosa.

Ao expor as injustiças da indústria cinematográfica e a hipocrisia de uma sociedade que utiliza o sexo como ferramenta de distração, “Madame Aema” consegue ser ao mesmo tempo divertida e profunda. A série é um tributo às atrizes que tiveram que enfrentar situações desconfortáveis e lutar por sua agência em um mundo dominado por homens.

Embora possa não ser uma “obra-prima” incontestável, é, sem dúvida, uma produção marcante e totalmente envolvente, que deixa uma impressão duradoura e nos faz refletir sobre o quanto, apesar do tempo e das mudanças, certas lutas permanecem. É uma ótima escolha para quem busca um drama com algo a mais para pensar.

Onde assistir ao dorama Madame Aema?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Assista ao trailer de Madame Aema (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de Madame Aema?

  • Lee Hanee
  • Bang Hyo-rin
  • Jin Sun-kyu
  • Cho Hyun-chul
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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