O interesse por thrillers de vingança em ambientes glamourosos tem crescido muito na era do streaming, com séries como “The White Lotus” e “Ripley” conquistando fãs ao explorar os dramas e segredos das elites. Foi nesse contexto que a Prime Video lançou “Maldade”, uma produção que prometia mergulhar numa trama de infiltração e destruição familiar, com um toque mediterrâneo e um elenco carismático — a começar por David Duchovny, eterno agente Mulder.
No entanto, mesmo com elementos atrativos, a série tropeça em sua narrativa e na construção de personagens, deixando o espectador mais cansado do que intrigado.
Sinopse
“Malice” se desenrola na bela casa de férias grega da família Tanner, liderada pelo investidor implacável Jamie Tanner (Duchovny). A chegada de Adam Healey (Jack Whitehall), um tutor contratado para cuidar dos filhos de amigos próximos dos Tanners, desencadeia uma trama de vingança contra Jamie.
O que se segue é uma escalada de tensão na qual Adam, figura claramente sombria e manipuladora, vai sabotando não só Jamie, mas todo o círculo dessa família rica e disfuncional. A narrativa caminha entre desconfianças, intrigas e pequenos jogos de poder em Londres e na Grécia, mergulhando em temas de rancor, traição e segredos do passado.
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Resenha crítica da série Maldade
Narrativa que tropeça na promessa
Desde o início, “Maldade” tenta criar um suspense envolvente, com uma introdução na qual o espectador já testemunha Adam sendo interrogado pela imigração americana — sinal claro de que algo bastante grave aconteceu. No entanto, esse gancho narrativo acaba não sendo explorado com a força necessária.
Ao longo dos episódios, pistas importantes são lançadas de maneira superficial e simplesmente esquecidas, gerando um desconforto para quem espera um thriller bem amarrado. Esse excesso de “armas na mesa” que nunca disparam lembra o oposto da clássica regra do teatro de Chekhov e reforça uma sensação de roteiro preguiçoso.

Personagens e atuações: luz em meio a sombras
David Duchovny apresenta o charme habitual de um homem poderosíssimo, cheio de nuances como um pai ausente, egocêntrico, mas que mantém certa simpatia graças à sua atuação segura e ao humor ácido. Já Jack Whitehall, que assume o papel do tutor sinistro, não consegue convencer plenamente como um vilão inteligente.
Seu personagem sofre por falta de profundidade e pela falta de uma motivação mais clara e crível para estar tão inserido na vida da família. Essa ausência de charme e brilho intelectuais, essenciais para um tipo “Tom Ripley”, impede que o espectador compreenda como ele conseguiu infiltrar-se nessa elite.
Uma miscelânea sem foco
“Maldade” tenta equilibrar humor ácido e clima tenso, mas em vez de casar esses elementos em uma harmoniosa experiência, o resultado é uma espécie de bagunça tonal. A série não decide se pretende ser uma sátira ao estilo “Os ricos são ruins”, um suspense psicológico denso, ou um melodrama familiar.
Essa indecisão se reflete na dificuldade do roteiro em criar momentum dramático, tornando a narrativa lenta e, às vezes, enfadonha. A repetição das ameaças explícitas de Adam perde impacto justamente porque tudo é anunciado de forma tão evidente que não resta espaço para a tensão crescer.
Cenários que brilham, trama que escurece
Os cenários da Grécia e da Londres são explorados belamente, dando uma atmosfera sofisticada e envolvente à série, o que reforça o contraste com as falhas da trama. Todavia, o luxo e o clima “White Lotus” não substituem a necessidade de um enredo consistente e personagens convincentes.
Tampouco o apelo estético é suficiente para disfarçar as lacunas na construção dos arcos e a superficialidade da história, que acaba por não entregar o clímax ou o desfecho esperado.
Conclusão
“Maldade” até possui ingredientes interessantes — um elenco carismático, uma premissa capaz de atrair fãs de suspense sofisticado e locações deslumbrantes —, mas tropeça ao não desenvolver sua história com a ambição nem o cuidado necessários. A incapacidade de criar personagens complexos e um roteiro que saiba usar seus próprios ganchos resulta numa experiência que começa promissora, mas logo se torna frustrante.
Mais do que um thriller envolvente, o que sobra é um exercício morno, que deve ser ignorado por quem busca reviravoltas inteligentes ou um vilão que realmente incute medo. Essa é uma daquelas apostas do streaming que acabam ficando apenas no quase.
Onde assistir à série Maldade?
Trailer de Maldade (2025)
Elenco de Maldade, do Prime Video
- Jack Whitehall
- Carice van Houten
- Phoenix Laroche
- Teddie Allen
- David Duchovny
- Harry Gilby
- Christine Adams
- Anna Siow


















