Taynna Gripp09/11/20243 Mins de Leitura211 Visualizações
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O filme “Meu Eu do Futuro” (My Old Ass), dirigido por Megan Park, traz um frescor inesperado ao gênero coming-of-age, misturando comédia e toques de fantasia para contar a história de Elliott, uma adolescente que, de maneira surpreendente, encontra sua versão mais velha em um momento crucial de sua vida.
A trama parece prometer uma típica aventura de troca de corpo ou viagem no tempo, mas o que encontramos é um filme que se destaca por sua autenticidade e uma profundidade emocional que conquista o espectador.
A trama acompanha Elliott (Maisy Stella), uma jovem de 18 anos que passa seus últimos dias de verão no pitoresco cenário dos Lagos Muskoka, no Canadá, antes de partir para a universidade.
Entre escapadas para encontros e sessões de psicodelia com amigos, ela é surpreendida pela aparição de sua versão de 39 anos (Aubrey Plaza) durante uma viagem de cogumelos.
Inicialmente confusa, Elliott acredita que a visão é resultado do efeito da droga, mas logo descobre que a versão mais velha de si mesma deixou seu número de telefone no celular. Assim, as duas começam a se comunicar, com a Elliott mais velha oferecendo conselhos – o mais enigmático sendo “fique longe de um cara chamado Chad”.
“Meu Eu do Futuro” conquista pela maneira como Megan Park constrói uma comédia leve e divertida, mas permeada de melancolia e reflexões que dialogam profundamente com o público.
Embora a história siga algumas convenções do gênero, Park evita os clichês e confere uma autenticidade às interações entre as duas versões de Elliott.
A química entre Maisy Stella e Aubrey Plaza é irresistível, com o cinismo e humor seco de Plaza se contrastando perfeitamente com a vivacidade juvenil de Stella. Juntas, as atrizes criam um laço de cumplicidade que torna a história verossímil, apesar de seu enredo inusitado.
Universal e atemporal
Megan Park também acerta ao dar ao filme um senso de lugar quase tangível. As cenas filmadas nos lagos canadenses, com sua beleza natural, trazem uma atmosfera nostálgica e até romântica, criando um ambiente ideal para a jornada introspectiva de Elliott.
Esse cenário dá ao filme uma sensação universal e atemporal, capturando a essência das transições e despedidas da juventude.
Pecados do roteiro
Contudo, o roteiro peca ao não explorar alguns relacionamentos de forma mais completa, como o vínculo de Elliott com a mãe (Maria Dizzia). Embora haja uma cena emocionante entre as duas, falta tempo para desenvolver a complexidade desse relacionamento, o que deixaria a história ainda mais envolvente.
Além disso, o personagem de Plaza, apesar de ser um ponto alto do filme, poderia ter mais presença em cena, pois sua ausência em boa parte do segundo ato enfraquece o impacto de sua relação com a protagonista.
“Meu Eu do Futuro” é uma comédia que consegue misturar leveza e profundidade de maneira autêntica, transformando um conceito conhecido em uma história tocante sobre escolhas, identidade e os laços que formam nossas vidas.
Mesmo que Park tenha deixado algumas pontas soltas, a mensagem final é clara e impactante: valorizar o presente e entender os tropeços como parte fundamental do crescimento.
Com uma estética charmosa e atuações carismáticas, “Meu Eu do Futuro” é um sopro de novidade para o cinema coming-of-age e certamente encontrará seu lugar no coração de muitos espectadores.
Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.