Em meio à avalanche de adaptações literárias que saem das plataformas de escrita colaborativa para as telas — sendo o Wattpad o grande motor dessa indústria —, “O Bad Boy e Eu” chega com uma missão dupla: satisfazer os milhões de fãs do sucesso original, “The QB Bad Boy and Me”, de Tay Marley, e provar que nem todo romance teen é feito apenas de açúcar e purpurina.
Infelizmente, o filme, dirigido por Justin Wu, se esforça tanto para ser o novo hit “instagramável” da Geração Z que acaba se perdendo em uma montanha de clichês polidos demais para ter alma. É o tipo de produção que visualmente é impecável, mas narrativamente é tão previsível que você consegue adivinhar a próxima cena já no slow-motion de abertura.
Sinopse
A trama nos apresenta Dallas Bryan (Siena Agudong, de “Resident Evil: A Série”), uma líder de torcida ambiciosa e cheia de sonhos. Seu maior objetivo é conquistar uma vaga na escola de dança mais prestigiada do país, um sonho que ela carrega como forma de honrar a memória da mãe. Seu caminho parece traçado e sob controle… até que ele surge: Drayton Lahey (Noah Beck, de “Doctor Odyssey”).
Drayton é o quarterback estrela, o “bad boy” mais popular do colégio, embora sua aura de rebeldia seja mais superficial do que ameaçadora. Ele, por sua vez, enfrenta a pressão sufocante de seu pai, Leroy Lahey (interpretado por um, vejam só, James Van Der Beek), que exige que ele siga seus passos rumo à carreira e à universidade com bolsa de futebol.
À medida que Dallas e Drayton se esbarram, inicialmente em provocações e atritos, o inevitável acontece: o romance. Entre coreografias, segredos e dramas familiares, eles terão que descobrir se o amor pode florescer, mesmo quando o futuro e as expectativas parecem querer separá-los.
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Resenha crítica de O Bad Boy e Eu
O que salta aos olhos em “O Bad Boy e Eu” é a sua execução técnica: é um filme elegante, muito bem fotografado e com uma estética que parece ter sido desenhada para ser imediatamente repostada em stories e feeds. Justin Wu faz um trabalho competente ao adotar a “gramática visual” clássica dos filmes de colégio americano: corredores em câmera lenta, cheer-squads com rotinas perfeitamente executadas e um figurino que grita tendência.
No entanto, essa estética polida e clean é também o maior calcanhar de Aquiles do filme. Ele é tão desesperadamente esforçado em ser bonito e aesthetic que não sobra espaço para a naturalidade ou a sujeira da vida real.
O resultado é um produto que bonito de se ver, mas sem nenhuma profundidade ou textura que convide a um mergulho na história. É um filme para ser assistido com a mesma atenção que se dá a um vídeo curto de TikTok, e isso é um problema.

Diálogos de algoritmo e falta de química
Este é o ponto onde o roteiro, assinado por Crystal Ferreiro e Mary Gulino, tropeça de forma mais gritante. Para tentar soar autêntico e se conectar com a Geração Z, o texto é carregado de um jargão que, ironicamente, soa artificial e datado. Frases como “estou farta da sua energia de personagem principal” soam menos como um diálogo espontâneo de adolescentes e mais como algo extraído de um “Guia de Bolso para Entender Seu Filho Teen”.
A previsibilidade da trama é outro fator de desgaste. O filme é uma colagem de clichês reciclados: a garota sonhadora contra o esportista popular, o conflito com a memória da mãe vs o drama do pai autoritário, e, claro, o “bad boy” que na verdade é um poço de virtudes e traumas. A expectativa era de um romance de opostos, mas o que temos são dois arquétipos sem profundidade tentando fabricar conflitos para que a história ande.
E, infelizmente, essa artificialidade se reflete na química entre Siena Agudong e Noah Beck. Ambos são competentes em seus papéis individuais, mas a faísca entre Dallas e Drayton parece ensaiada e forçada, como uma peça de teatro escolar.
O clássico agradável para os olhos
O ponto que resume a experiência de assistir “O Bad Boy e Eu” é o conceito de agradável para os olhos. É um entretenimento de mastigação rápida, como um chiclete, agradável enquanto dura, mas sem sabor persistente. Ele cumpre a função de passar o tempo para quem curte o romance adolescente mais leve e sem “arestas”, mas não almeja entrar no panteão dos grandes filmes do gênero. Fica a saudade de sucessos que conseguem ser divertidos, açucarados, mas que deixam uma marca duradoura.
A única surpresa real do elenco é James Van Der Beek, o eterno Dawson de “Dawson’s Creek”. Conhecendo o histórico do ator em papéis mais ousados e subversivos (como em “Regras da Atração”), vê-lo em um papel tão ingrato e sem humor como o pai rígido de Drayton é quase um anticlímax. Ele é apenas um obstáculo unidimensional na vida do filho, o que reforça a superficialidade de todos os dramas apresentados.
Conclusão
No fim das contas, “O Bad Boy e Eu” é exatamente o que a origem Wattpad sugere: um romance direto, sincero em sua ingenuidade e feito sob medida para o público adolescente mais jovem que busca conforto na previsibilidade.
Ele é inofensivo e visualmente bonito, mas falha em contar uma história que emocione de verdade ou que surpreenda minimamente. É a confirmação de que, na indústria de streaming, a repetição de fórmulas nem sempre gera boas histórias, apenas mais “chiclete para os olhos”.
Onde assistir ao filme O Bad Boy e Eu?
O filme estreou nesta quinta-feira, 13 de novembro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Trailer de O Bad Boy e Eu (2025)
Elenco do filme O Bad Boy e Eu
- Siena Agudong
- Noah Beck
- Drew Ray Tanner
- James Van Der Beek
- Deborah Cox
- Asia Lizardo
- Jake Foy
- Kendall Cross















