
Foto: Divulgação
O lar é onde o coração está. A frase piegas é ao mesmo tempo verdadeira, e é um dos temas de “O Deserto de Akin”, drama nacional sobre fim de ciclos. No caso, a colaboração entre os governos de Brasil e Cuba durante o programa “Mais Médicos”, que durou até 2018 após a vitória de Jair Bolsonaro para a presidência, que encerrou a parceria.
Sinopse
No longa vemos a história do personagem-título Akin (Reynier Morales), médico cubano que é enviado para trabalhar no interior, e em cerca de um ano estabelece laços com a comunidade local. Porém, a possibilidade de vitória do candidato de direita deixa a situação tensa, pois ele passou a amar o local e seus habitantes.
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Crítica
O ritmo quase contemplativo mostra a vida do interior com vagarosidade, com algumas explosões aqui e ali, contribuindo para um clima tranquilo e ao mesmo tempo com algo a esconder que envolve os personagens. Akin é acolhido por muitos, ao mesmo tempo que vê que outras pessoas simplesmente não gostam dele e dos seus de forma gratuita, influenciados por certos discursos.

Reynier interpreta de forma interessante o médico cubano: o personagem sabe que serão anos difíceis pela frente para ele e seus compatriotas caso decidam ficar no Brasil. Por isso, a todo tempo precisa demonstrar um misto de esperança e angústia, felicidade e desconfiança, e embora tenha suas relações de confiança, sempre está com um pé atrás com desconhecidos que podem explodir com ele sem muitos motivos além da política.
As tensões da polarização política no país tiveram um dos seus pontos altos nas eleições de 2018, e isso é abordado de forma suave pelo diretor Bernard Lessa. A escolha de pontuar em apenas alguns pontos do filme o salva de críticas de ser panfletário, e o foco no drama do médico mostra-se acertada para fugir de tais acusações.
Mas não se engane: arte em geral sempre tem um lado e opinião, por mais que muitos ainda vivam na fantasia da isenção. Aqui o lado é um, e pelo menos uma das resoluções do conflito foi o fim do programa Mais Médicos. Entender isso como uma vitória ou derrota para o Brasil vai da abordagem e dos argumentos de cada um.
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Conclusão
Dessa forma, “O Deserto de Akin” prova que o cinema político mais eficaz nem sempre é o que grita mais alto. Com uma abordagem que privilegia a sutileza e a construção de atmosfera, o filme lança um olhar melancólico, porém contundente, sobre um capítulo específico da história recente do Brasil.
Sem recorrer a discursos panfletários, a obra confia na força do drama pessoal de Akin para expor as fraturas de um país polarizado, convidando o público a uma introspecção que vai muito além da simples concordância ou discordância ideológica.
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Assista ao trailer de O Deserto de Akin (2025)
Elenco do filme O Deserto de Akin
- Ana Flávia Cavalcanti
- Guga Patriota
- Welket Bungué
- Patricia Galleto