Leia a crítica da série O Jogo, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘O Jogo’: quando o mundo virtual invade o real

Foto: Netflix / Divulgação
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O universo do streaming tem se mostrado um terreno fértil para narrativas que exploram as complexidades da vida contemporânea. Nesse cenário, “O Jogo” (The Game: You Never Play Alone), a primeira série tâmil da Netflix Índia em 2025, se lança como um thriller psicológico que promete ir além do suspense, mergulhando nas profundezas do mundo digital e suas consequências na vida real.

Adaptada da série francesa “Le Jeu” (2019) e dirigida por Rajesh M. Selva, a produção aborda temas urgentes, como o domínio masculino na indústria de tecnologia, o cyberbullying e a vulnerabilidade da privacidade em uma sociedade hiperconectada. Mais do que um mero entretenimento, a série se propõe a ser um espelho da nossa realidade, levantando questões incômodas sobre a tênue linha entre a verdade e a decepção.

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Sinopse

A trama segue Kavya Rajaram (interpretada por Shraddha Srinath), uma talentosa e premiada desenvolvedora de jogos que lida diariamente com a misoginia de seus colegas de trabalho. Conhecida por sua postura forte e inspiradora para muitas mulheres, Kavya se torna alvo de um ataque coordenado, que a leva a investigar por conta própria as ameaças que recebe. O assédio online, que inclui vídeos misóginos e comentários machistas, ganha uma dimensão perigosa, forçando-a a agir como uma detetive particular para descobrir quem está por trás dos ataques.

Enquanto a detetive oficial Bhanumathi (Chandini Tamilarasan) enfrenta seu próprio sexismo no trabalho, Kavya conta com o apoio de seus colegas e familiares, incluindo seu marido Anoop (Santhosh Prathap) e sua sobrinha Tara (Hema), que se vê envolvida em seu próprio pesadelo digital. A cada episódio, novos mistérios surgem, expondo a fragilidade das relações e os perigos do mundo virtual.

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Crítica

“O Jogo” tem um ponto de partida promissor e uma relevância inegável. A série acerta ao expor a realidade da indústria de jogos, dominada por homens e cheia de jogos de poder, e ao abordar as vulnerabilidades da vida digital. A premissa de que a tecnologia, quando abusada, pode ser letal é um alerta importante. No entanto, o que a série ganha em intenção, ela parece perder em execução.

A narrativa, embora se proponha a ser um thriller imersivo, muitas vezes se perde em sequências desconexas e uma edição que deixa a desejar. A sensação é de um projeto inacabado, onde os pontos da trama são amarrados de forma superficial, impedindo o espectador de se conectar plenamente com a história.

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crítica da série O Jogo, da Netflix (2025) - Flixlândia
Foto: Netflix / Divulgação

Personagens e motivações superficiais

Um dos maiores desafios da série é a falta de profundidade de seus personagens. A protagonista Kavya, apesar de ser retratada como uma mulher forte e independente, toma decisões que parecem imprudentes e arriscadas, o que torna sua lógica difícil de seguir. Em vez de uma heroína complexa, ela se aproxima de uma caricatura, com atitudes que parecem pensadas apenas para mover a trama.

Da mesma forma, personagens como o marido de Kavya, Anoop, e a detetive Bhanumathi também parecem unidimensionais, presos a clichês que servem apenas para reforçar a crítica da série, sem aprofundar suas próprias jornadas. As subtramas, como a da sobrinha Tara, soam mais como um “aviso de utilidade pública” do que como parte de um drama orgânico, o que quebra a imersão.

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As falhas de roteiro e a atuação

O roteiro, coescrito por Deepthi Govindarajan, Rajesh M. Selva e Karthik Bala, tenta conciliar muitas ideias de uma só vez – feminismo, ciberbullying, ética digital –, mas não aprofunda nenhuma delas de forma satisfatória. A exploração da misoginia, por exemplo, parece ser um artifício para aumentar a carga dramática de Kavya, em vez de uma análise aprofundada da questão.

Enquanto a atuação de Shraddha Srinath é um dos pontos altos, entregando uma performance inteligente e corajosa, o restante do elenco de apoio é, em grande parte, mediano. A interpretação superficial dos personagens contribui para a sensação de que as emoções e os perigos não são reais, dificultando que o espectador se importe com o que está acontecendo na tela.

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Conclusão

“O Jogo” tem seu coração no lugar certo. A série aponta para problemas sociais importantes e urgentes, servindo como um alerta para a geração digital e seus pais. Ela se propõe a ser um espelho da sociedade, mas a imagem refletida é distorcida e turva. Embora seja uma tentativa louvável de explorar o lado sombrio da internet e a fragilidade das mulheres em ambientes machistas, a execução é falha.

A edição caótica, o roteiro superficial e os personagens unidimensionais impedem que o potencial da trama seja alcançado. No fim das contas, a série é um thriller aceitável, que prende a atenção pela quantidade de eventos, mas que deixa um gosto de decepção por não ter conseguido aprofundar a crítica que tanto se propôs a fazer. Mais do que uma reflexão sobre a vida digital, a série se torna uma história de advertência sobre o que acontece quando uma narrativa promissora carece de uma direção mais sólida.

Onde assistir à série O Jogo?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Veja o trailer de O Jogo (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de O Jogo, da Netflix?

  • Shraddha Srinath
  • Santhosh Prathap
  • Chandini Tamilarasan
  • Bala Hasan R.
  • Subash Selvam
  • Viviya Santh
  • Dheeraj Kher
  • Syama Harini
  • Hema
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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