'O Sequestro do Voo 375' prova que o Brasil não deve nada a Hollywood

Lançado no fim de 2023 nos cinemas, “O Sequestro do Voo 375” é o mais recente filme brasileiro que chega ao catálogo do Star Plus. O longa-metragem dirigido por Marcus Baldini, responsável por obras como “Os homens são de Marte… E é para lá que eu vou” (2014) e “Bruna Surfistinha” (2011), chega para amenizar os estereótipos de o Brasil só sabe fazer produções regionais, comédias pastelonas, ou que abordem violência e apelem para o sexo.

Sinopse do filme O Sequestro do Voo 375 (2023)

Em 1988 o trabalhador Nonato se rebela contra o presidente e as dificuldades de um país em crise e orquestra o sequestro de um vôo comercial para um atentado ao Palácio do Planalto. Murilo, o piloto desse avião, se vê responsável pela vida de mais de 100 pessoas a bordo e mesmo com toda tensão criada pelo sequestrador dentro da aeronave, executa a manobra mais impressionante da sua carreira e muda a história da aviação. Baseado em uma história real.

Crítica do filme O Sequestro do Voo 375 (2023)

Em entrevista recente para divulgar a terceira temporada de “Bom Dia, Verônica”, Rodrigo Santoro disse que “o Brasil não atrás de ninguém no mundo, nem de Hollywood”. Claro, o ator não se referia à questão de orçamento, mas de qualidade, capacidade de profissionais, entre outros pontos. E “O Sequestro do Voo 375” está aí para provar seu argumento.

Direção e elenco esplendorosos

Sem um orçamento mirabolante, Baldini consegue elevar o nível uma história que já era interessante. Munido de ótimos enquadramentos e muita criatividade, o diretor faz o espectador ficar sem fôlego em uma trama que mistura suspense, ação e drama. As cenas de manobras e dentro do avião são simplesmente espetaculares, não deixando nada a dever mesmo para o cinema hollywoodiano.

O elenco também não fica atrás. Danilo Grangheia como o piloto Murilo e Jorge Paz, que faz o sequestrador Nonato, são, sem dúvida, os grandes destaques. Mas vale mencionar também Roberta Gualda, César Mello, Adriano Garib e Juliana Alves, que exercem seus papéis com maestria.

Embora ausência do principal alvo José Sarney faça falta e o roteiro tenha alguns deslizes, a direção e os atores compensam com uma performance mais do que convincente, trazendo lembranças de uma época nada saudosa, que esperamos que nunca retorne. Além disso, a obra escancara a hipocrisia dos políticos, a ingratidão com os nossos verdadeiros heróis e como, no fim das contas, o pobre não tem vez na sociedade.

Conclusão

“O Sequestro do Voo 375” chega como um sopro de novidade no mercado cinematográfico brasileiro, mostrando que o Brasil é sim capaz de elevar o seu nível de produção sem necessariamente copiar os enlatados norte-americanos. Que venham mais filmes do tipo.