A minissérie “Os Quatro da Candelária”, disponível na Netflix, é uma obra dolorosa e necessária, que revive um dos eventos mais trágicos e marcantes da história brasileira: a Chacina da Candelária, ocorrida em 1993, no Rio de Janeiro.
Sob a direção sensível de Luis Lomenha e Márcia Faria, a série conta a história de quatro crianças fictícias, inspiradas em relatos de sobreviventes, que veem suas vidas ceifadas pela violência urbana.
Mais do que um retrato de uma noite fatídica, a série é um espelho que nos força a olhar para a infância roubada e a brutalidade que permeia a sociedade.
Sinopse da série Os Quatro da Candelária (2024)
Dividida em quatro episódios, cada um centrado na perspectiva de uma das crianças – Douglas, Sete, Pipoca e Jesus – a narrativa se passa nas 36 horas que antecedem a tragédia.
Cada um dos jovens traz suas próprias lutas e sonhos, que vão desde o desejo de honrar um ente querido até a esperança de um reencontro familiar.
A série foca nos dramas pessoais de cada criança, deixando de lado os detalhes factuais do massacre, mas aproximando-nos do impacto que o contexto social e a brutalidade policial exercem sobre essas vidas frágeis.
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Crítica de Os Quatro da Candelária, da Netflix
A escolha de explorar a perspectiva das crianças traz à tona o lado mais humano e vulnerável da história. Cada episódio revela nuances profundas das vidas desses jovens que, embora fictícios, refletem a realidade de milhares de crianças que vivem nas ruas. A abordagem estética mescla um realismo cru com toques de fantasia, criando uma atmosfera quase onírica que contrasta com a dureza da realidade.
O simbolismo permeia toda a narrativa: Pipoca, por exemplo, encontra consolo em visões de um coelho, símbolo de inocência e vulnerabilidade, enquanto Jesus, que testemunha a chacina de um lugar elevado, simboliza a impotência e a resignação diante de tanta crueldade.
Outro ponto alto da série é a atuação do elenco jovem. Samuel Silva, Patrick Congo, Wendy Queiroz e Andrei Marques trazem interpretações carregadas de emoção, que transmitem o peso de viver entre a esperança e o abandono. O carisma e a química entre eles nos fazem torcer por um final diferente, mesmo sabendo do destino que os aguarda.
No entanto, a série poderia ter explorado mais o impacto posterior à chacina, revelando não apenas as consequências para as vítimas, mas também o contexto mais amplo de impunidade que envolve os responsáveis. Essa escolha narrativa limita um pouco o alcance do impacto que poderia ser ainda mais potente.
Conclusão
“Os Quatro da Candelária” não é uma série que se propõe a ensinar história ou a dissecar o crime em si, mas a nos fazer sentir o que é ter os sonhos interrompidos de forma abrupta e trágica.
É uma série difícil de assistir, especialmente para aqueles que conhecem a realidade das ruas e o descaso enfrentado pelas crianças em situação de vulnerabilidade.
Ao final, o que fica é um sentimento agridoce de empatia e indignação. É impossível não se questionar sobre o papel da sociedade e das autoridades diante de tamanha injustiça.
“Os Quatro da Candelária” é, sem dúvida, uma obra essencial para se lembrar de que as feridas abertas pela violência ainda ecoam e que a infância roubada nunca deve ser esquecida.
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Onde assistir à série Os Quatro da Candelária?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Os Quatro da Candelária (2024)
Elenco de Os Quatro da Candelária, da Netflix
- Samuel Silva
- Patrick Congo
- Wendy Queiroz
- Andrei Marques
Ficha técnica da série Os Quatro da Candelária
- Criação: Luis Lomenha
- Gênero: drama, suspense
- País: Brasil
- Ano: 2024
- Temporada: 1
- Episódios: 4
- Classificação: 16 anos
2 thoughts on “‘Os Quatro da Candelária’ é uma obra essencial”