Início » ‘Pequena Sibéria’, grandes dilemas: a estranha comédia existencial finlandesa da Netflix

Quando se pensa em cinema escandinavo, a imagem que normalmente vem à mente é a de narrativas sóbrias, ritmo lento e uma atmosfera carregada de melancolia. Mas o filme “Pequena Sibéria”, primeiro longa finlandês original da Netflix, subverte essas expectativas.

Inspirado no romance de Antti Tuomainen, e dirigido por Dome Karukoski (“Tolkien”), o filme mistura crime, drama, comédia absurda e fé de forma inusitada, criando uma experiência que, apesar das falhas, merece ser descoberta.

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Sinopse do filme Pequena Sibéria (2025)

Na remota e gelada vila finlandesa de Hurmevaara, a vida parece seguir sem sobressaltos — até que um meteorito cai do céu e atinge o carro de um ex-piloto de rali. Para alguns, a rocha espacial representa uma chance de revitalizar a economia local com turismo.

Para o pastor Joel (Eero Ritala), um veterano militar em crise de fé e com um casamento abalado, ela desencadeia uma espiral de caos. Enquanto guarda o meteorito contra ladrões interessados em vendê-lo, Joel lida com uma revelação íntima devastadora: sua esposa está grávida, mas ele é estéril.

O que se segue é uma série de eventos bizarros, violentos e existencialmente cômicos, onde todos parecem ter um motivo oculto e o absurdo impera.

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Crítica de Pequena Sibéria, da Netflix

“Pequena Sibéria” é o tipo de filme que poderia muito bem ter sido escrito pelos irmãos Ethan e Joel Coen em uma temporada de esqui. A mistura de humor ácido, personagens excêntricos e crimes mal planejados remete diretamente ao universo de “Fargo” — tanto o filme quanto a série.

Mas aqui, o frio tem outro peso: é mais contemplativo, menos cínico. Dome Karukoski acerta ao transportar essa lógica para a paisagem finlandesa, oferecendo uma versão mais introspectiva, embora igualmente absurda, do noir nórdico.

Pastor em crise: fé, paternidade e granadas

Eero Ritala brilha como Joel, o pastor com insônia que não consegue rezar nem confiar em sua esposa. Sua atuação é um verdadeiro tour de force emocional e físico — está sempre tropeçando, suando, sangrando ou desconfiando. É uma performance que mistura timing cômico com desespero contido.

O arco do personagem ganha camadas quando percebemos que sua desconfiança não é apenas conjugal, mas espiritual. Ele se pergunta se o meteorito seria um sinal divino, ou só mais uma pedra que caiu para piorar sua vida. No fim, a fé é menos uma questão de dogma e mais de aceitação da incerteza.

Humor ácido e caos existencial

Os momentos de humor são absurdos, mas nunca gratuitos. Um ladrão que rouba uma granada achando ser o meteorito, um vilarejo obcecado por dance fitness, e um torturador russo que quer rezar antes de matar: tudo soa ridículo, mas com uma pitada de melancolia.

A sequência em que um personagem corre numa esteira com uma granada presa ao corpo é tão cômica quanto angustiante. Karukoski sabe que o riso aqui vem do incômodo, da tensão — e da fragilidade humana.

Quando o roteiro tropeça no próprio gelo

Apesar de seus méritos, “Pequena Sibéria” sofre com certa indecisão tonal. O terceiro ato tenta fechar muitos arcos ao mesmo tempo e acaba perdendo parte do impacto. Algumas tramas paralelas, como a relação de Joel com a esposa Krista (Malla Malmivaara), carecem de desenvolvimento mais sutil.

Além disso, personagens que pareciam promissores somem sem explicação ou têm destinos apressados. Há também um excesso de elementos — sequestros, traições, redenção, fé, meteorito, conspiração — que não se integram com fluidez.

Conclusão

“Pequena Sibéria” é uma pérola atípica do cinema nórdico contemporâneo. Não é um thriller convencional, nem uma comédia pura: é um filme que parece perdido no próprio gelo, tropeçando em suas ambições e se levantando com um sorriso desconcertado.

Ao final, deixa uma sensação agridoce: a de que não se trata de entender milagres ou crimes, mas de sobreviver aos invernos internos. Joel talvez nunca saiba de onde veio o bebê. E tudo bem. Porque, no fundo, “Pequena Sibéria” não fala sobre meteoritos, mas sobre aceitar a vida como ela é — imprevisível, absurda e, às vezes, milagrosa.

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Onde assistir ao filme Pequena Sibéria?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Pequena Sibéria (2025)

Elenco de Pequena Sibéria, da Netflix

  • Eero Ritala
  • Malla Malmivaara
  • Tommi Korpela
  • Rune Temte
  • Martti Suosalo
  • Jenni Banerjee
  • Severi Saarinen
  • Teemu Aromaa

Ficha técnica do filme Pequena Sibéria

  • Título original: Pikku-Siperia
  • Direção: Dome Karukoski
  • Roteiro: Dome Karukoski, Minna Panjanen, Antti Tuomainen
  • Gênero: comédia
  • País: Finlândia
  • Duração: 106 minutos
  • Classificação: 12 anos

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