Após anos de hegemonia nos cinemas, a Marvel Studios viu sua fórmula começar a ruir. A chamada “Saga do Multiverso” não conseguiu repetir o fenômeno da “Saga do Infinito”, e títulos como Thor: Amor e Trovão e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania passaram longe de empolgar o público.
Em meio a esse cenário de incertezas, “Thunderbolts” surge como uma aposta arriscada e curiosamente modesta: um filme sobre heróis de segunda linha, dirigido por Jake Schreier, com um elenco formado por coadjuvantes de produções anteriores.
O que poderia ser apenas mais um projeto descartável dentro de um universo já saturado se revela, no entanto, como uma das obras mais surpreendentes e emocionalmente sinceras do MCU. Ao invés de tentar reproduzir o passado glorioso, “Thunderbolts*” propõe uma mudança de perspectiva: e se, ao invés de tentar salvar o mundo, os heróis apenas tentassem não destruí-lo mais?
Sinopse do filme Thunderbolts
No filme “Thunderbolts*”, um grupo de anti-heróis e vilões reformados é reunido por Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), uma figura misteriosa com ambições políticas e manipulações nas sombras. A equipe é formada por personagens considerados descartáveis no MCU: Yelena Belova (Florence Pugh), Bucky Barnes (Sebastian Stan), Guardião Vermelho (David Harbour), Agente Americano (Wyatt Russell), Fantasma (Hannah John-Kamen) e Treinadora (Olga Kurylenko).
Juntos, eles são enviados para uma missão suicida, cujo verdadeiro propósito esconde interesses escusos. Forçados a colaborar, confrontam não apenas um inimigo poderoso, mas seus próprios demônios internos. Em meio ao caos, surge uma estranha e comovente conexão entre os membros da equipe – e uma chance de recomeço.
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Crítica de Thunderbolts* (2025)
Após uma sequência de fracassos artísticos e recepções mornas nas fases 4 e 5 do MCU, “Thunderbolts” chega como uma produção desacreditada – e talvez por isso mesmo, mais corajosa. O filme reconhece a exaustão do público e, ao invés de dobrar a aposta em efeitos e fórmulas prontas, mergulha em temas como trauma, luto, culpa e reconstrução.
Ao fazer isso, ele se torna não só uma autocrítica do próprio Marvel Studios, mas também um raro acerto: um filme que se constrói a partir de seus personagens, e não da necessidade de encadear franquias.
Anti-heróis humanos, não caricatos
O maior trunfo de “Thunderbolts*” está no seu elenco e nos dramas individuais. Florence Pugh é o fio emocional da trama, entregando uma Yelena ferida, mas não quebrada. Sua química com David Harbour (Guardião Vermelho) é inesperadamente tocante – mesclando humor desconfortável com cenas de verdadeira sensibilidade.
Sebastian Stan resgata a amargura de Bucky Barnes, dando profundidade a um personagem que há tempos parecia perdido no MCU. Já Lewis Pullman, como o Sentinela, entrega um vilão marcado pelo vazio – literal e simbólico –, em uma atuação que equilibra inocência e perturbação, remetendo mais a metáforas de saúde mental do que a antagonismo puro.
Estética crua e direção irregular
Jake Schreier, conhecido por Cidades de Papel, tenta dar ao filme uma assinatura visual mais fria e realista. Há méritos: a fotografia gélida de Andrew Droz Palermo traduz bem o estado emocional dos personagens. Mas falta unidade na direção. As cenas de ação, embora bem coreografadas em partes, carecem de impacto e energia. O excesso de close-ups e a pouca exploração espacial comprometem a ambientação de algumas sequências.
Ainda assim, o uso pontual de CGI e a preferência por locações reais ajudam o filme a parecer menos “plástico” do que outros títulos recentes da Marvel.
Um roteiro com metalinguagem e alma
O texto de Eric Pearson e Joanna Calo surpreende por fugir do humor infantilizado e apostar em um sarcasmo ácido e desconfortável. A metalinguagem aparece já na abertura, apontando para a saturação do próprio gênero de super-heróis, e o filme se constrói como uma resposta a essa crise.
Os personagens zombam de si mesmos e do conceito de heroísmo, mas sem cinismo. O humor não alivia – revela. É um riso melancólico, que evidencia as feridas emocionais de figuras marginalizadas até dentro da própria franquia.
Menos sobre salvar o mundo, mais sobre sobreviver a ele
“Thunderbolts” não tenta transformar seus protagonistas em novos Vingadores. Não há promessas de glória, nem grandes recompensas. O que move esse grupo é a vontade de não repetir os erros do passado – ou pelo menos, de tentar fazer alguma diferença antes de se autodestruírem.
E por isso, talvez, o filme toque tanto. Eles não lutam para serem aceitos. Lutam porque sabem como é perder tudo. E isso faz deles os heróis mais críveis que o MCU apresentou em anos.
Conclusão
“Thunderbolts*” não é um blockbuster tradicional da Marvel — e esse é seu maior mérito. Ao abandonar a pirotecnia em favor de uma narrativa mais introspectiva e emocional, o filme entrega algo raro em seu universo: vulnerabilidade. Há falhas, claro — a direção não se arrisca visualmente, e o ritmo em alguns trechos se arrasta. Mas há também coragem, emoção e humanidade.
O longa pode não ser o que o público esperava. Mas talvez seja justamente o que a Marvel precisava. Se o futuro do estúdio passa por reencontrar o coração por trás das capas e escudos, “Thunderbolts” é o primeiro passo honesto nessa direção.
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Onde assistir ao filme Thunderbolts?
O filme está disponível para assistir nos cinemas.
Trailer legendado de Thunderbolts (2025)
Trailer dublado do filme Thunderbolts*
Elenco de Thunderbolts* (2025)
- Florence Pugh
- Sebastian Stan
- Julia Louis-Dreyfus
- Lewis Pullman
- David Harbour
- Wyatt Russell
- Hannah John-Kamen
- Olga Kurylenko
- Wendell Pierce
- Alexa Swinton
Ficha técnica do filme Thunderbolts
- Título original: Thunderbolts*
- Direção: Jake Schreier
- Roteiro: Eric Pearson, Joanna Calo, Kurt Busiek
- Gênero: ação, aventura
- País: Estados Unidos
- Duração: 126 minutos
- Classificação: 14 anos