Pluribus Episódio 3 resenha crítica da série Apple TV 2025 Flixlândia (1)

[CRÍTICA] A felicidade explosiva: como ‘Pluribus’ transforma o sarcasmo em arma de guerra no episódio 3

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Pluribus, a nova aposta de Vince Gilligan na Apple TV, nos joga em um apocalipse estranhamente pacífico, onde uma mente coletiva e onisciente, o “coletivo”, domina a Terra com sorrisos e eficiência aterrorizante. O terceiro episódio, “Granada”, surge após uma estreia intensa, desacelerando o ritmo, mas mergulhando fundo na psique da nossa protagonista, Carol Sturka (Rhea Seehorn), a misantropa de coração gelado que é uma das poucas “Outras” a resistir à “cola psíquica”.

É um respiro necessário que, apesar de mais lento, usa o humor sombrio e o absurdo para nos fazer questionar: quem realmente detém o poder em um mundo onde a sua infelicidade é a única anomalia a ser corrigida?

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Sinopse

O episódio abre com um flashback sete anos antes da “união”, nos mostrando Carol e sua falecida esposa, Helen (Miriam Shor), em um hotel de gelo na Noruega. Enquanto Helen se encanta com a beleza gelada e as luzes do norte, Carol, previsivelmente, só consegue reclamar, revelando a essência de sua personalidade: “você adora se sentir mal”, como lhe diz Helen.

De volta ao presente, Carol, ainda isolada em sua teimosia, tenta firmar uma aliança com os poucos humanos “não-Joined” restantes. A busca falha com os falantes de inglês e a leva a um explosivo (literalmente) bate-papo em espanhol com Manousos Oviedo, um administrador de guarda-volumes paraguaio tão rabugento quanto ela.

A trama se desenrola mostrando a obsessão do coletivo em agradar Carol. Eles usam as memórias de Helen para tentar confortá-la (o que só a enfurece), reabastecem seu supermercado favorito em minutos quando ela sente falta da “normalidade” de fazer compras, e, no clímax da bizarrice, entregam a Carol uma granada de verdade, após ela ter feito um pedido sarcástico.

O acidente resultante, que quase mata Zosia (Karolina Wydra) ao protegê-la, expõe a extensão perturbadora do “imperativo biológico” do coletivo: eles fariam de tudo para deixá-la feliz, até mesmo dar-lhe uma bomba atômica. Enquanto o mundo exterior é rearranjado em prol da eficiência (cortes de energia, centralização de recursos), Carol se refugia em The Golden Girls, lutando pela sua autonomia, mesmo que essa autonomia signifique ser infeliz e mal-humorada.

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Resenha crítica do episódio 3 de Pluribus

Uma distopia do absurdo e da eficiência 💡

“Granada” explora o cerne da premissa de Pluribus de uma forma que é ao mesmo tempo hilária e profundamente assustadora. O Coletivo é o inimigo que não podemos odiar totalmente. A ideia de que um coletivo onisciente e onipotente é tão competente que é capaz de realizar proezas logísticas instantâneas (como reabastecer um supermercado inteiro em minutos) e, ao mesmo tempo, tão desprovido de nuance humana que não consegue distinguir sarcasmo de um pedido real de arma de guerra, cria um contraste delicioso.

O episódio nos mostra que, para o Joined (em inglês), a vida de Carol é uma falha de sistema a ser corrigida. Ela é vista como alguém se afogando que precisa de um “salva-vidas” (a assimilação), mesmo que a pessoa se afogando esteja gritando que não quer ser salva.

Essa lógica inabalável, quase robótica — como quando Zosia despeja o etimologia do vodka como um chatbot — reforça a teoria que a série flerta com uma crítica à Inteligência Artificial ou ao mente coletiva político/social que anula a individualidade. O custo dessa eficiência é a total perda da privacidade, da espontaneidade e, ironicamente, da humanidade.

Pluribus Episódio 3 resenha crítica série Apple TV 2025 Flixlândia
Foto: Divulgação / Apple TV

O poder da infelicidade e o antagonismo de Carol 😠

Rhea Seehorn continua brilhando ao encarnar Carol, uma anti-heroína que só sabe ser estando em conflito. O flashback no hotel de gelo, um clássico cold open de Gilligan, é crucial. Ele nos mostra que Carol não foi corrompida pelo apocalipse; ela já era assim. Sua misantropia, sua dificuldade em desfrutar do momento, seu apego à dor (“você adora se sentir mal”) — tudo isso é seu estado natural.

Sua luta para manter as memórias de Helen exclusivamente para si (“Só eu posso me lembrar dela“) é o grito mais doloroso de resistência contra o coletivo. Para Carol, o Coletivo não roubou apenas a esposa, mas a singularidade do seu luto e do seu amor.

E é precisamente essa infelicidade intransigente que lhe confere um poder bizarro sobre o Joined. Ao testá-los com a granada e, subsequentemente, com a bomba atômica, Carol descobre o limite—ou a falta dele—da sua influência. O Coletivo fará o impossível para agradá-la, transformando-a, involuntariamente, na pessoa mais poderosa e, talvez, mais infantilmente mimada da Terra.

Tensão de conceito e ritmo do enredo 🐌

Embora “Granada” seja um excelente estudo de personagem, ele não está isento de tropeços. O texto original aponta que o ritmo é glacial, e a necessidade de explicar o funcionamento do Joined por meio de diálogos às vezes enfraquece a tensão.

O dilema da bomba atômica, em particular, levanta questões que parecem forçar a suspensão de descrença. Se o Coletivo é tão focado na conservação e na paz, por que não se livraram imediatamente de todas as armas de destruição em massa? A resposta do coletivo, “moveríamos céus e terra para fazer você feliz”, embora dramática, é uma conveniência de roteiro para sublinhar o poder de Carol, em vez de uma lógica consistente dentro do mundo estabelecido.

Da mesma forma, a rapidez quase mágica com que o supermercado é reabastecido — enquanto demonstra a competência do Joined — é um exagero que distrai. No entanto, o episódio acerta ao mostrar que os “pequenos prazeres” que Carol tenta resgatar (fazer compras, assistir a DVDs de The Golden Girls) são um manifesto pela insignificância e pela escolha individual, contra a homogeneidade de um “paraíso” coletivo.

Conclusão

O episódio 3 de Pluribus usa a lentidão para nos obrigar a olhar mais de perto para a alma atormentada de Carol Sturka e o paradoxo do seu novo mundo. Embora o ritmo possa incomodar alguns e a lógica do high-concept possa ser esticada em certos momentos, o episódio consolida a dinâmica fascinante entre Carol e Zosia e aterroriza com a ideia de uma felicidade imposta.

A granada real não é apenas um explosivo; é o símbolo da tensão entre a autonomia destrutiva de Carol e a subserviência perigosa do Coletivo. Carol ainda não sabe o que fazer com seu poder recém-descoberto, mas ao final do episódio, fica claro que ela, o último bastião da individualidade mal-humorada, finalmente aprendeu algo fundamental sobre o seu lugar no novo mundo. É um alicerce sólido para o que promete ser uma série que continuará nos surpreendendo.

Onde assistir à série Pluribus?

Trailer de Pluribus (2025)

YouTube player

Elenco de Pluribus, da Apple TV

  • Rhea Seehorn
  • Carlos-Manuel Vesga
  • Karolina Wydra
  • Miriam Shor
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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