
Foto: Divulgação
Em um cenário onde a natureza se revela impiedosa e os instintos mais primitivos afloram, o cinema de sobrevivência sempre encontra terreno fértil. O filme “Presa” (Kalahari), lançado em 2024, tenta navegar por essas águas traiçoeiras com um elenco conhecido, mas, infelizmente, se vê enredado em suas próprias armadilhas, entregando uma experiência que, apesar de promissora, se dilui na vastidão de suas ambições não concretizadas.
Sinopse
O filme nos transporta para a vastidão árida do deserto do Kalahari, na África do Sul, onde um grupo de turistas se aventura em um safári que rapidamente se transforma em um pesadelo. Após um ataque brutal a seu veículo, eles se veem isolados e vulneráveis, com a comida e a água escassas. No entanto, a maior ameaça não são os predadores naturais da região, mas sim a crescente desconfiança e os conflitos internos que surgem entre os sobreviventes.
Liderados pelo misterioso e aparentemente experiente “caçador” interpretado por Ryan Phillippe, e com a presença de Emile Hirsch e Mena Suvari, o grupo precisa lutar não apenas contra a natureza selvagem, mas também contra os seus próprios demônios e as intenções obscuras que se revelam à medida que a esperança diminui. A linha entre caçador e presa se torna cada vez mais tênue, e a luta pela sobrevivência expõe a verdadeira natureza de cada um.
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Crítica
“Presa” tenta se posicionar como um thriller psicológico de sobrevivência, explorando a fragilidade humana diante da adversidade extrema. No entanto, a execução deixa a desejar, transformando o que poderia ser uma jornada tensa em um passeio previsível e pouco impactante.
Atuações em descompasso com o potencial
O elenco, composto por nomes como Ryan Phillippe, Emile Hirsch e Mena Suvari, cria uma expectativa inicial que, em grande parte, não é correspondida. Phillippe, em particular, tenta imprimir uma ambiguidade interessante ao seu personagem, o guia que se torna uma figura central na luta pela sobrevivência. Contudo, a profundidade necessária para tornar sua transformação crível e perturbadora se perde em um roteiro que não explora completamente as nuances de seus dilemas.
Emile Hirsch e Mena Suvari, embora competentes, parecem subutilizados, com seus personagens carecendo de arcos narrativos robustos que justificassem sua presença e tornassem suas lutas mais ressonantes. Em vez de complexidade, o que vemos são figuras que, em muitos momentos, funcionam mais como arquétipos do que como seres humanos em situação-limite.

Um deserto de originalidade e tensão
O maior calcanhar de Aquiles de “Presa” reside em seu roteiro. A premissa de sobrevivência no Kalahari, com a adição de um elemento humano perigoso, é promissora, mas a narrativa se apoia em clichês do gênero, sem oferecer reviravoltas ou insights verdadeiramente originais. A construção da tensão é inconsistente, com momentos que poderiam ser claustrofóbicos diluídos por decisões de roteiro questionáveis e um ritmo irregular.
As motivações dos personagens, especialmente as do antagonista, são apresentadas de forma superficial, impedindo que o público se conecte genuinamente com o drama ou sinta o peso das escolhas feitas sob pressão. A previsibilidade se instala cedo, e o espectador logo antecipa os próximos passos, diminuindo drasticamente o impacto das supostas revelações.
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Beleza visual em um conto desgastado
Apesar das deficiências do roteiro e das atuações, “Presa” consegue se redimir parcialmente em seus aspectos técnicos. A direção, embora não revolucionária, tenta extrair o máximo do cenário desértico, utilizando a vastidão do Kalahari para amplificar a sensação de isolamento e vulnerabilidade.
A fotografia é um dos pontos altos, capturando a beleza brutal da paisagem africana e as cores vibrantes do pôr do sol, que contrastam com o desespero crescente dos personagens. No entanto, mesmo os visuais impressionantes não conseguem mascarar as falhas estruturais da narrativa, tornando-o um filme esteticamente agradável, mas dramaticamente anêmico.
Conclusão
“Presa”, de 2024, é um filme que, apesar de um elenco reconhecido e uma premissa instigante, não consegue cumprir seu potencial. Ele se aventura em um terreno conhecido do cinema de sobrevivência, mas falha em inovar ou em aprofundar suas próprias questões. O resultado é um thriller que, embora tenha seus momentos visuais atraentes, carece de originalidade, tensão sustentada e personagens verdadeiramente cativantes.
É um lembrete de que, mesmo com nomes conhecidos e um cenário deslumbrante, uma história precisa de mais do que apenas um bom ponto de partida para realmente capturar e manter a atenção do público. No final das contas, “Presa” se revela uma caçada que, infelizmente, se perde na areia.
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Onde assistir ao filme Presa?
O filme está disponível para assistir no Prime Video
Assista ao trailer de Presa (2024)
Elenco de Presa, do Prime Video
- Emile Hirsch
- Ryan Philippe
- Mena Suvari
- Jeremy Tardy
- Dylan Flashner
- Tristan Thompson
- Michaela Sasner
- Alpha Miknas