As produções médicas sempre encontram seu público, especialmente quando conseguem equilibrar casos clínicos instigantes com dramas pessoais verossímeis. A série “Pulso”, nova aposta da Netflix criada por Zoe Robyn, chega com essa proposta — mas em meio a um furacão, literalmente.
Ambientada no hospital mais movimentado de Miami, a série tenta encontrar fôlego próprio em um gênero já saturado. Ainda assim, será que entrega algo memorável ou apenas ecoa o que já vimos dezenas de vezes?
Sinopse série Pulso (2025)
Pulso acompanha a trajetória da Dra. Danny Simms (Willa Fitzgerald), uma residente do terceiro ano que assume, de forma inesperada, a chefia da emergência após denunciar por assédio o residente-chefe, Dr. Xander Phillips (Colin Woodell).
O que já seria tenso se agrava com a chegada do furacão Andy, que isola o hospital e obriga todos a enfrentarem não apenas feridos graves, mas também os próprios traumas. Em meio a disputas profissionais, segredos expostos e relacionamentos desgastados, Danny precisa provar sua competência — enquanto carrega o peso de um passado mal resolvido com Xander.
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Crítica de Pulso, da Netflix
“Pulso” escolhe mergulhar o espectador diretamente no olho do furacão, sem tempo para introduções ou ambientação. O primeiro episódio já coloca o hospital em estado de calamidade, com um volume insano de pacientes e uma liderança improvisada. Embora essa abordagem busque intensidade, o efeito é o oposto: é desorientador. Não há tempo para conhecer os personagens, entender suas dinâmicas ou sequer lembrar quem pertence a qual especialidade médica.
A narrativa fragmentada, que salta entre flashbacks e presente, agrava a sensação de falta de direção. Em vez de gerar curiosidade, o roteiro parece esconder informações intencionalmente, o que prejudica o engajamento.
⚠️ O drama pessoal eclipsa a tensão médica
Ainda que o centro da série seja um hospital de trauma, os procedimentos médicos parecem ser pano de fundo para o verdadeiro foco: as relações conturbadas entre os médicos. O relacionamento mal resolvido entre Danny e Xander, por exemplo, ganha mais tempo de tela do que os pacientes. E se a ideia era discutir assédio e poder no ambiente hospitalar, a execução falha ao tratar o tema com superficialidade e ritmo irregular.
Outros personagens, como o arrogante Dr. Tom Cole (Jack Bannon) ou a promissora médica com deficiência Harper Simms (Jessy Yates), até apresentam potencial, mas são subaproveitados. Harper, em especial, só ganha protagonismo no episódio 5, e depois volta a ser coadjuvante da história da irmã. Uma pena, já que sua perspectiva poderia trazer o frescor que a série tanto precisa.
💔 Repetição de fórmulas já desgastadas
É impossível assistir a “Pulso” sem pensar em Grey’s Anatomy, O Residente ou até Hospital New Amsterdam. A diferença é que, aqui, tudo soa reciclado: o triângulo amoroso velado, o trauma no passado, o superior severo, os colegas que se odeiam e depois se entendem. A série tenta se escorar na intensidade do cenário do furacão para mascarar a falta de originalidade, mas não convence.
Mesmo as tentativas de representação — como o uso fluente do espanhol entre os médicos e pacientes — soam mais como pinceladas estratégicas do que parte de uma construção autêntica de universo.
💡 Quando Pulso quase acerta
Apesar de tantos tropeços, “Pulso” não é um desastre completo. A partir do sexto episódio, a série encontra um pouco mais de equilíbrio. A pausa na loucura do hospital permite momentos de respiro, aprofundando minimamente alguns coadjuvantes, como Camila Perez (Daniela Nieves), a estudante de medicina otimista que ilumina o ambiente sombrio da emergência.
Além disso, há bons momentos pontuais de tensão médica — especialmente quando o roteiro deixa o melodrama de lado e foca na pressão real do atendimento em um hospital sobrecarregado. Mas são lampejos breves em meio a uma tempestade de conflitos mal resolvidos.
Conclusão
A série “Pulso” chega à Netflix com a promessa de ser uma nova voz entre os dramas médicos, mas acaba prisioneira de seus próprios clichês. Com uma protagonista que pouco evolui, uma abordagem rasa de temas importantes e uma narrativa que confunde mais do que instiga, a produção deixa a sensação de ser mais um derivado do que uma obra com identidade própria.
Se houver uma segunda temporada, o ideal seria abandonar o romance central e apostar no conjunto — e, principalmente, nos casos médicos que deveriam ser o verdadeiro coração da série.
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Onde assistir à série Pulso?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Pulso (2025)
Elenco de Pulso, da Netflix
- Willa Fitzgerald
- Colin Woodell
- Justina Machado
- Jack Bannon
- Jessie T. Usher
- Jessy Yates
- Chelsea Muirhead
- Daniela Nieves
Ficha técnica da série Pulso
- Título original: Pulse
- Criação: Zoe Robyn
- Gênero: drama
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 10
- Classificação: 14 anos