Giselle Costa Rosa 
Foto: Netflix / Divulgação
“Ransom Canyon” chegou à Netflix com a promessa de entregar um western moderno carregado de emoções, segredos e dilemas familiares. Baseada na série de livros de Jodi Thomas, a produção apresenta um microcosmo texano onde o legado pesa, o passado assombra e o amor nem sempre vence. Com 10 episódios, a série termina sua primeira temporada com ganchos fortes, tramas entrelaçadas e a expectativa de uma continuação.
Apesar de comparada a Yellowstone, “Ransom Canyon” aposta em uma abordagem mais emocional, com foco nos vínculos humanos e nos dramas pessoais. Mas será que esse tempero texano convence? Vamos aos detalhes.
Sinopse da série (2025)
Ambientada em uma pequena cidade do interior do Texas, “Ransom Canyon” gira em torno das vidas entrelaçadas de três famílias locais. Staten Kirkland (Josh Duhamel) é um fazendeiro marcado pela perda do filho e da esposa. Sua relação conturbada com Quinn O’Grady (Minka Kelly), amiga de longa data e interesse romântico, serve como eixo para diversos conflitos emocionais e morais.
Ao redor deles, o jovem Yancy Grey (Jack Schumacher), recém-chegado e herdeiro do rancho de seu avô Cap Fuller, tenta construir um novo começo. Paralelamente, a jovem Lauren Brigman vive um triângulo amoroso com o rebelde Lucas e o tradicional Reid, ao mesmo tempo em que enfrenta a dor física e emocional de um acidente devastador.
Em meio a mistérios envolvendo mortes encobertas, disputas de terras e traições amorosas, a cidade de Ransom Canyon se revela tão complexa quanto os sentimentos que seus habitantes tentam esconder.
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Crítica de Ransom Canyon, da Netflix
A primeira impressão de “Ransom Canyon” é positiva: paisagens campestres, luz natural suave e figurinos que remetem ao universo western. A produção sabe criar um cenário acolhedor e convida o espectador a entrar na rotina da cidade. Porém, essa ambientação não se sustenta quando se exige densidade emocional ou tensão narrativa. Falta ao roteiro o mesmo cuidado com a construção dramática que teve com o visual.
Mas o grande mérito da série está em seu investimento nas relações humanas. O vínculo entre Staten e Quinn, ainda que previsível, oferece momentos de ternura e frustração que carregam boa parte da narrativa. Já a juventude representada por Lauren e Lucas traz à tona dilemas universais como pertencimento, escolha e autoconhecimento.
No entanto, a oscilação constante de sentimentos – personagens que se declaram apaixonados em um episódio e se afastam sem motivo claro no seguinte – tira profundidade das conexões e transforma arcos interessantes em novela rasa.
Um mistério que quase funciona
A morte de Randall, filho de Staten, deveria ser o suspense central da temporada. E até é, em termos de estrutura. Mas a revelação da culpa de Margaret Brigman acontece de forma abrupta e pouco impactante. A prisão da personagem, embora represente um momento de virada, não tem o peso emocional necessário, em parte pela falta de desenvolvimento prévio.
Ainda assim, o envolvimento de Kit e a coragem do xerife Dan ao prender a própria esposa são elementos que merecem elogios. São pequenas fagulhas de um drama maior que a série parece querer, mas nem sempre consegue, entregar.
Arcos promissores que se perdem no excesso
A série tenta contar muitas histórias ao mesmo tempo. Triângulo amoroso adolescente, luto familiar, corrupção política, disputa por terras, e até bigamia são jogados no mesmo caldeirão. Embora esse mix tenha potencial para manter o espectador engajado, a execução tropeça. Falta foco. O caso de Yancy e Ellie, por exemplo, teria força dramática suficiente para sustentar metade da temporada, mas acaba diluído entre reviravoltas e revelações que soam forçadas.
Josh Duhamel entrega um Staten introspectivo, mas carece de nuances que sustentem o peso emocional de seu personagem. Minka Kelly, por outro lado, traz doçura e credibilidade à Quinn, mesmo com um roteiro que muitas vezes a limita a olhares e silêncios. Os jovens do elenco, especialmente Lizzy Greene como Lauren, têm bons momentos, mas enfrentam diálogos genéricos e cenas que carecem de direção mais firme.
Entre o vício fácil e a decepção rápida
“Ransom Canyon” é, sim, uma série viciante — mas não necessariamente por méritos narrativos. A fórmula de conflitos familiares, romances cruzados e revelações de última hora funciona como entretenimento casual. Porém, ao exigir mais atenção ou profundidade, a trama desmorona.
Pode ser um excelente “plano de fundo” para uma tarde preguiçosa, mas dificilmente sustenta maratonas críticas. A comparação com Yellowstone é inevitável, e injusta: enquanto a série de Taylor Sheridan constrói um universo rico e complexo, “Ransom Canyon” se contenta com a superfície.
Conclusão
“Ransom Canyon” entrega o básico com competência: um bom visual, elenco carismático e histórias que fisgam rápido. É o tipo de série que te prende pelo afeto que cria com os personagens, mesmo que eles mudem de ideia a cada episódio. Se você busca um drama leve, com romance e cenários rurais, é uma boa pedida.
Por outro lado, quem procura profundidade, consistência e autenticidade pode sair frustrado. Ainda assim, há potencial. O final da temporada deixou conflitos importantes em aberto e mostrou que o universo de Jodi Thomas pode render boas histórias — desde que contadas com mais cuidado.
Resta agora esperar a confirmação de uma segunda temporada e torcer para que ela traga o amadurecimento que a série precisa para deixar de ser apenas “a nova queridinha da Netflix” e se tornar, de fato, uma produção marcante.
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Onde assistir à série Ransom Canyon?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Ransom Canyon (2025)
Elenco de Ransom Canyon, da Netflix
- Josh Duhamel
- Minka Kelly
- Eoin Macken
- Lizzy Greene
- Andrew Liner
- Jack Schumacher
- Marianly Tejada
- Garrett Wareing
- James Brolin
- Philip Winchester
Ficha técnica da série Ransom Canyon
- Título original: Ransom Canyon
- Criação: April Blair
- Gênero: drama, faroeste
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 10
- Classificação: 16 anos
Sobre o autor
