Falta originalidade a ‘Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada’
Taynna Gripp13/11/20243 Mins de Leitura5 Visualizações
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“Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada” (Umjolo: The Gone Girl), filme dirigido por Fikile Mogodi para a Netflix, mergulha na dinâmica complexa de um relacionamento aparentemente perfeito que se desfaz aos poucos com revelações dolorosas.
Misturando romance e comédia com pitadas de drama, o filme explora o impacto da traição e das expectativas sociais na vida de Lethu e Lucky, que são vistos como o casal ideal.
Com uma estética vibrante e um toque de autenticidade sul-africana, “Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada” promete ser uma história leve, mas deixa o público com reflexões sobre os limites do perdão e o impacto das mentiras.
Sinopse do filme Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada (2024)
Lethu e Lucky formam o casal “ideal” aos olhos dos amigos e familiares. Enquanto Lethu é uma organizadora de eventos dedicada, Lucky parece ser o parceiro perfeito, sempre incentivando suas ambições.
Porém, esse conto de fadas se torna sombrio quando Lethu descobre que contraiu uma doença sexualmente transmissível, revelando as infidelidades de Lucky.
A situação se agrava com a descoberta de que ele manteve múltiplos relacionamentos extraconjugais, incluindo um com Amanda, melhor amiga e assistente de Lethu.
Conforme os eventos se desenrolam, Lethu precisa decidir entre manter o relacionamento ou seguir em frente. O filme aborda também a normalização cultural da infidelidade, tornando-se uma reflexão sobre o que as pessoas estão dispostas a aceitar em nome do amor.
Crítica de Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada, da Netflix
“Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada” busca um equilíbrio entre comédia romântica e crítica social, mas se perde ao longo do caminho. Embora o filme traga questões sérias à tona, como a infidelidade e as expectativas impostas sobre as mulheres em relacionamentos, ele deixa a desejar ao explorar esses temas de maneira superficial e com um tom incerto.
A tentativa de normalizar a traição masculina na narrativa é desconcertante, pois não há uma reflexão mais profunda ou posicionamento claro sobre o assunto. Em vez disso, a trama apresenta a infidelidade como algo quase inevitável, reforçando estereótipos desgastados.
A protagonista Lethu, vivida por Shezi Sibongiseni, entrega uma atuação sincera que carrega o peso emocional do filme, especialmente nas cenas de maior vulnerabilidade.
Por outro lado, o personagem de Lucky, interpretado por Tyson Mathonsi, embora tenha uma performance convincente, é construído de maneira que o torna unilateral e previsível, focando excessivamente em sua infidelidade sem nuances que pudessem torná-lo mais complexo ou interessante.
Diálogos clichês e roteiro raso
O filme possui, ainda, um elenco de apoio que adiciona momentos de humor, como a personagem Bridget (Gugu Gumede), que equilibra a seriedade com cenas cômicas. No entanto, os diálogos e situações que envolvem os coadjuvantes acabam reforçando clichês e caricaturas, o que empobrece a narrativa ao invés de enriquecer as discussões.
Apesar de contar com cenários e uma trilha sonora culturalmente ricos, que remetem à cultura sul-africana, o roteiro peca ao não aprofundar as relações e os dilemas internos dos personagens. Em vez de provocar uma verdadeira empatia no público, a trama se limita a mostrar as tensões sem dar tempo para que as resoluções emocionais tenham impacto duradouro.
“Romance no Ar: Uma Garota Apaixonada” é uma tentativa de comédia romântica com nuances dramáticas, mas que se perde entre a leveza de uma história de amor e o peso de temas como traição e autoconhecimento.
A falta de profundidade na abordagem dos conflitos e a hesitação em tomar uma posição clara sobre a infidelidade acabam diluindo o potencial reflexivo da narrativa.
Embora o filme traga momentos divertidos e algumas boas atuações, ele carece de originalidade e frescor. Talvez agrade a quem procura uma comédia leve e despretensiosa, mas deixa a desejar para quem busca uma história que desafie ou emocione verdadeiramente.
Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.