Leia a crítica do filme Rute e Boaz, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Rute e Boaz’ prioriza a mensagem em detrimento da profundidade

Filme é uma versão moderna da história bíblica

Foto: Netflix / Divulgação
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O cinema de fé, ou “faith-based movies”, encontrou na Netflix um terreno fértil para expandir seu alcance, e a parceria entre o prolífico produtor Tyler Perry e o ministro DeVon Franklin é a prova disso. “Rute e Boaz” (2025), dirigido por Alanna Brown, é o primeiro fruto dessa colaboração, e seu objetivo é claro: trazer a antiga narrativa bíblica de Rute para os dias de hoje, misturando melodrama, romance e a dose já esperada de lições espirituais.

O resultado, no entanto, é um filme que, apesar de contar com uma premissa promissora e um elenco notável, pisa em um terreno de previsibilidade e simplificação que é, ao mesmo tempo, sua força e sua maior fraqueza.

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Sinopse

A trama acompanha Ruth (Serayah), uma promissora cantora da cena musical de Atlanta, que, de forma abrupta, decide abandonar a carreira. O motivo é uma crise de consciência e uma sensação de que seu caminho artístico está em desacordo com seus valores.

Essa decisão, no entanto, desencadeia uma série de eventos trágicos, incluindo a morte de seu namorado Marlon e de seu sogro, em circunstâncias violentas ligadas ao seu ex-produtor, o inescrupuloso Syrus (James Lee Thomas).

Viúva e em luto, Ruth se une à sua amarga e desiludida sogra Naomi (Phylicia Rashad, a grande estrela do elenco) e as duas deixam Atlanta para recomeçar a vida na modesta casa de infância de Naomi, em Pegram, Tennessee. A vida rural as coloca em contato com Bo Azra (Tyler Lepley), um ex-executivo de Wall Street que agora cuida do vinhedo da família.

A aproximação entre Ruth e Boaz é gradual e permeada por uma fé que começa a se reconstruir, enquanto o passado, na figura de Syrus, continua a persegui-la, ameaçando não apenas seu novo romance, mas sua própria segurança.

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Crítica

“Rute e Boaz” tenta atualizar uma história atemporal, mas o faz com um roteiro que parece mais uma adaptação apressada do que uma releitura pensada. A familiaridade com a fonte bíblica é uma aposta do filme, que se apoia nela para saltar entre os pontos da trama, mas, ao fazer isso, cria uma desconexão que prejudica a experiência, especialmente para quem não conhece a história original.

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Crítica do filme Rute e Boaz, da Netflix (2025) - Flixlândia
Foto: Netflix / Divulgação

O eixo frágil da fé e os diálogos expositivos

A grande aposta do filme é, obviamente, a fé, mas ela é abordada de forma simplista. Ao invés de ser um motor interno de transformação dos personagens, a fé se apresenta como um botão mágico que resolve os problemas, um artifício narrativo que esvazia os conflitos. O luto de Naomi, por exemplo, é transformado em uma crise de fé explícita, que, apesar de ser um dos poucos momentos de real dramaticidade, é resolvida com a mesma previsibilidade de um conto infantil.

A narrativa parece estar sempre pregando para os convertidos, usando um narrador que reforça o óbvio e diálogos que soam mais como sermões do que como conversas reais. A famosa frase de Boaz, “Eu deveria ter ouvido o que você não estava dizendo”, é um exemplo perfeito desse tipo de fala artificial, que tenta ser profunda, mas apenas soa estranha.

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O romance que nunca acontece

Embora o filme seja um romance, a química entre os protagonistas, Ruth e Boaz, é praticamente inexistente. A relação deles avança de forma tão apressada que não há tempo para a faísca inicial se desenvolver. O que vemos são dois personagens que se encaixam mais por necessidade de roteiro do que por uma atração genuína.

O romance de Naomi e seu falecido marido, Eli, é ironicamente mais convincente e sensual em seus poucos minutos de tela do que a história de amor central. Essa falta de desenvolvimento torna a jornada do casal, que deveria ser o coração da trama, o seu ponto mais fraco.

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Phylicia Rashad: a força em meio à fragilidade

Se há um motivo para assistir “Rute & Boaz”, esse motivo é Phylicia Rashad. Como Naomi, ela transcende o material previsível do roteiro e entrega uma performance memorável. Sua dor, desilusão e arrogância inicial dão um peso à trama que nenhum outro elemento consegue sustentar.

Rashad é a âncora que impede o filme de flutuar completamente para o campo do melodrama sem substância. É ela quem nos faz sentir o luto, a perda e a eventual aceitação de forma autêntica. Infelizmente, a mesma não pode ser dita de Serayah e Tyler Lepley, que, embora talentosos, são limitados pelo material raso e pela falta de complexidade de seus personagens.

Conclusão

“Rute e Boaz” é, em sua essência, um produto de Tyler Perry e DeVon Franklin: uma história moralmente edificante, com uma estética de “filme para TV a cabo” e uma narrativa que prioriza a mensagem em detrimento da profundidade. O filme oferece uma experiência reconfortante para seu público-alvo, aquele que busca narrativas sobre fé e redenção, mas falha em conquistar quem procura uma história mais complexa e bem desenvolvida.

Apesar de ser uma tentativa válida de modernizar uma narrativa clássica, o longa acaba por ser tão previsível quanto um cartão postal de uma igreja local. O resultado é um filme que, embora tenha a capacidade de tocar o público que o abraça, dificilmente irá converter alguém que não está disposto a orar por uma história melhor.

Onde assistir ao filme Rute e Boaz?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Veja o trailer de Rute e Boaz (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de Rute e Boaz, da Netflix?

  • Serayah
  • Tyler Lepley
  • Phylicia Rashad
  • Kenneth Edmonds
  • Gregory Alan Williams
  • Nijah Brenea
  • Walnette Santiago
  • James Lee Thomas
  • Christopher Broughton
  • Jermaine Dupri
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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