Sinopse do filme Simón de la Montaña (2024)
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Crítica de Simón de la Montaña, da Netflix
Lorenzo Ferro entrega uma atuação multifacetada, onde o desconforto e o desejo de conexão coexistem em cada olhar ou gesto. Sua interpretação confere uma autenticidade desarmante ao personagem, especialmente nas cenas compartilhadas com Pehuén (Pehuén Pedre) e Kiara (Kiara Supini), dois jovens neurodivergentes que acolhem Simón com carinho e cumplicidade, mesmo sabendo da farsa.
O filme também se destaca por sua abordagem respeitosa e realista da neurodiversidade. Ao contrário de produções que romantizam ou infantilizam personagens com deficiência, “Simón de la Montaña” opta por uma visão mais crua e tridimensional, onde todos possuem defeitos, desejos e motivações humanas. Essa escolha narrativa desafia o espectador a confrontar seus próprios preconceitos e expectativas.
Visualmente, o filme aposta na austeridade, com paisagens patagônicas que refletem a solidão e o isolamento emocional de Simón. A construção sonora, especialmente o uso do vento e dos ruídos do aparelho auditivo, intensifica a imersão no mundo sensorial do protagonista, um detalhe que demonstra o cuidado técnico da produção.
No entanto, a narrativa não escapa de algumas armadilhas. A linearidade do roteiro, por vezes, impede o espectador de explorar interpretações mais amplas ou questionar as motivações dos personagens. Além disso, a figura da mãe, interpretada por Laura Nevole, é apresentada de maneira excessivamente unidimensional, o que enfraquece a dinâmica familiar que poderia ser mais complexa e rica.
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