Após mais de três longos anos de espera — um período que no “tempo do streaming” parece uma eternidade geológica — Stranger Things finalmente retorna para dar início à sua saga final. A série, que começou como uma ode despretensiosa e carismática aos anos 80, se tornou o maior fenômeno da Netflix.
A expectativa para o Volume 1 da quinta e última temporada não era apenas para matar a saudade, mas para ver a concretização daquela que promete ser uma despedida épica e, finalmente, o acerto de contas entre Eleven e os jovens de Hawkins contra o temível Vecna.
Os irmãos Duffer voltam ao tabuleiro pra preparar o embate final contra Vecna, mas com o elenco todo crescido e um hiato que esfriou o hype de muita gente, a série tá mais madura – e às vezes mais bagunçada. É como ver seus amigos de infância virarem adultos tentando reviver as aventuras antigas. Então a grande pergunta era: essa volta conseguiria manter a faísca original, ou o hiato e o gigantismo do próprio show o teriam deixado lento e inchado?
Sinopse
O Volume 1 da 5ª temporada de Stranger Things retoma a trama um ano e meio após os eventos cataclísmicos que viram a fronteira entre a nossa realidade e o Mundo Invertido se romper, deixando Hawkins sob quarentena militar.
A cidade virou uma zona de guerra controlada por soldados e arames farpados. Vecna está sumido, Max (Sadie Sink) segue em coma, e o grupo principal está mais unido do que nunca em torno de um único objetivo: localizar e destruir o vilão. Para isso, o time se divide em subgrupos para missões clandestinas, usando a estação de rádio local como base secreta, enquanto Eleven e Hopper treinam secretamente para a batalha final.
A chegada de uma nova adversária humana, a Dra. Kay (Linda Hamilton), e a ascensão de Holly Wheeler a um papel inesperadamente crucial adicionam novas camadas de ameaça, tudo culminando em um quarto episódio eletrizante que amarra pontas soltas antigas e estabelece o tabuleiro para a conclusão.
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Resenha crítica da temporada 5 de Stranger Things (Volume 1)
O que salva mesmo esses quatro primeiros episódios da nova temporada é o coração dos personagens, especialmente Will e Dustin, que ganham arcos profundos e reais. Will, finalmente no centro das atenções, lida com sua conexão antiga com Vecna de um jeito que fecha ciclos da primeira temporada – é tipo um coming-of-age misturado com trauma sobrenatural, e Noah Schnapp manda ver na atuação, criando momentos que emocionam pra caramba.
O Volume 1 coloca Will, a primeira vítima do Mundo Invertido, como o protagonista central. Sua conexão com Vecna, sua dor e seu ciclo de trauma, que remete a um abuso emocional e até físico, finalmente se fecham, dando a Schnapp um merecido espaço para brilhar.
A parceria dele com Robin (Maya Hawke), que continua roubando a cena como muito carisma, é um dos pontos mais altos. A forma como Robin se torna a confidente de Will em relação à sua auto-descoberta sexual é tratada com uma maturidade e sensibilidade que eleva a qualidade do drama, provando que a série ainda pode ser profundamente comovente. É um momento de honestidade que o espetáculo não consegue ofuscar.
Dustin, amargo pelo luto de Eddie, vira um cara mais duro, e Gaten Matarazzo brilha mostrando essa evolução sem cair no piegas. Robin de Maya Hawke também rouba a cena com sua energia, virando mentora pra Will numa amizade queer que flui natural e toca no tema da autoaceitação sem forçar a barra.

Os vilões humanos e o novo fôlego
A chegada da Dra. Kay, vivida por Linda Hamilton, traz um antagonista fresco pro lado militar, com um laboratório secreto no Mundo Invertido que lembra Aliens e dá um up na mitologia. As cenas de ação no mundo invertido, com Hopper patrulhando e Eleven em missões, são visualmente insanas, cheias de gore e escala épica que rivaliza com os melhores finais de temporada.
O quarto episódio, em especial, é um espetáculo com batalhas cross-cut entre jailbreak de crianças e demônios, referências a Uma Dobra no Tempo e um twist que amarra o passado da série de um jeito satisfatório.
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Os problemas
Mas nem tudo são flores. O primeiro episódio é excessivamente longo e pesado em exposição, parecendo mais um dump de informações para atualizar o público que esperou tanto tempo. Além disso, o núcleo que envolve o exército e a nova cientista, Dra. Kay, soa batido e repetitivo, como se estivéssemos revendo a mesma trama do Laboratório Hawkins de temporadas passadas. A série também continua separando seus heróis em muitos subgrupos, tornando a narrativa confusa e alternada.
Mas o maior calo é o intervalo de três anos entre temporadas. A série começou com crianças, mas a pausa forçada fez com que os atores voltassem visivelmente como jovens adultos, forçando a “suspensão de descrença” em um nível quase absurdo. O elenco que começou no primário agora tem idade para pensar em financiamento imobiliário.
Essa dissonância visual e emocional é palpável e afasta a série daquela inocência mágica do início, que era a sua maior força, e faz a urgência narrativa evaporar e obrigando a exposições chatas no primeiro episódio, tipo Robin despejando lore na rádio. Com elenco na casa dos 20, as bikes e o frescor infantil de 2016 não colam mais; parece forçado ver “adolescentes” com porte de adulto pedalando contra monstros.
Os Irmãos Duffer, apesar de tudo, tentam mitigar isso trazendo de volta a energia “infantil” por meio de Holly Wheeler, a irmã mais nova de Mike e Nancy, que funciona como um elo bem-vindo com o frescor da 1ª temporada. Ainda assim, a trama divide o grupo demais, criando subtramas mornas como o triângulo Nancy-Steve-Jonathan, e o CGI dos Demogorgons às vezes pesa, virando espetáculo vazio em vez de terror íntimo.
Produção e nostalgia: acertos e repetições
Os Duffer sabem mesclar espetáculo visual com callbacks pros fãs, como referências a D&D e clássicos dos 80, mas rola um fan service excessivo que beira o preguiçoso. A quarentena militar encolhe o mundo pra Hawkins, o que ajuda no foco, mas tramas paralelas como o exército caçando Eleven repetem fórmulas antigas sem inovar muito. Ainda assim, a direção de Frank Darabont no episódio 3 eleva tudo com horror cru e crianças em perigo que resgatam o espírito inicial da série.
No entanto, o Volume 1 é ambicioso e arrisca alto. O quarto episódio, com sua escala cinematográfica e reviravoltas que fazem jus às teorias mais populares dos fãs, é uma conclusão espetacular. Ele amarra a mitologia da série de uma forma surpreendente e deixa o gancho para os próximos episódios no auge da empolgação.
Conclusão
No fim das contas, o volume 1 da temporada 5 de Stranger Things não é perfeito, mas é ambicioso. A série acerta na emoção dos personagens e na escala épica, mas tropeça no ritmo lento pós-hiato e na dificuldade de envelhecer sem perder a alma.
Ao colocar o drama pessoal no centro, especialmente com a ascensão de Will Byers, e ao entregar um final de volume bombástico e emocionalmente ressonante, a série honra seu legado. O hiato pode ser um monstro, mas a química e a jornada dos jovens heróis de Hawkins são mais fortes.
O saldo é extremamente positivo e a expectativa para a batalha final que se desenha é a mais alta de toda a história da série. É uma despedida que honra o legado de maior hit da Netflix, preparando um final que pode ser lendário pros fãs fiéis, mas divide quem esperava algo mais afiado. Vale maratonar se você ama o elenco e quer um encerramento, mas gerencie as expectativas – o verdadeiro monstro aqui pode ser o tempo que a gente perdeu esperando.
Onde assistir à temporada 5 de Stranger Things?
Trailer do volume 1 da temporada 5 de Stranger Things
Elenco da temporada 5 de Stranger Things
- Winona Ryder
- David Harbour
- Millie Bobby Brown
- Finn Wolfhard
- Gaten Matarazzo
- Caleb McLaughlin
- Noah Schnapp
- Sadie Sink
- Natalia Dyer
- Charlie Heaton


















