Vamos ser sinceros: a primeira temporada de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft dividiu opiniões. Muita gente achou arrastada, depressiva ou simplesmente não curtiu o visual. Mas, se você (assim como eu) ficou com um pé atrás quando a segunda temporada foi anunciada, pode respirar um pouco mais aliviado.
Produzida novamente pela Powerhouse Animation, essa nova leva de episódios chega com uma vibe diferente. Parece que a série finalmente decidiu abraçar o lado “videogame” da coisa, servindo como uma ponte entre a trilogia Survivor e os jogos clássicos.
Lara está mais confiante, o ritmo é mais ágil e, felizmente, a depressão deu lugar à aventura globe-trotting. Mas será que isso é suficiente para salvar a série ou ela cai nas mesmas armadilhas de roteiro? Já adianto: é uma melhoria considerável, mas não sem seus tropeços.
Sinopse
A trama gira em torno de Lara Croft (voz de Hayley Atwell) se reunindo com sua melhor amiga de longa data, Sam Nishimura. A dupla é abordada por Mila, uma bilionária que se apresenta como uma filantropa “ética”, dona de uma empresa que cria garrafas plásticas biodegradáveis e quer “consertar o mundo”.
Mila convence Lara a recuperar as antigas máscaras dos Orixás, artefatos poderosos ligados a divindades Iorubás, alegando que quer devolvê-las aos seus donos originais. Porém, como bom fã de cultura pop, você já sabe: a bilionária benevolente na verdade quer usar o poder dos deuses para “resetar” o mundo à sua própria maneira (leia-se: apagar a humanidade e começar do zero). Agora, Lara, Sam e novos aliados precisam correr contra o tempo, viajar o mundo e impedir que Mila brinque de Deus.
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Resenha crítica da temporada 2 de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft
A química de milhões: Sam e Lara
O ponto alto dessa temporada é, sem dúvida, o retorno de Sam. A dinâmica entre ela e Lara é o coração da série. A Sam traz uma leveza necessária, servindo como o contraponto perfeito para a seriedade tática da Lara. Ver as duas juntas de novo é um deleite, embora o roteiro perca uma oportunidade de ouro de discutir o passado traumático delas — elas simplesmente voltam a ser amigas como se nada tivesse acontecido.
Por outro lado, quem sofreu com isso foi o elenco de apoio da primeira temporada. Jonah, que é um pilar nos jogos, foi praticamente esquecido no churrasco, aparecendo muito pouco. A Abby também mal tem tempo de tela. Em compensação, somos apresentados a Eshu (voz de O-T Fagbenie), um personagem fantástico com um arco de redenção genuinamente emocionante, lidando com culpa e passado, roubando a cena sempre que aparece.

Ação “raiz” e fan service na medida
Se você sentiu falta daquela Lara acrobática, a segunda temporada entrega. Temos a Lara usando o clássico traje de mergulho (agora mais “comportado”, mas ainda icônico), a jaqueta laranja da Antártica de Tomb Raider 3 e, claro, as pistolas duplas fazendo a festa.
A Powerhouse caprichou na animação das cenas de ação. Ver a Lara fazendo parkour, lutando embaixo d’água e — pasmem — dando um soco num tubarão (um clássico momento Cradle of Life) é extremamente satisfatório. A série abraçou o lado sobrenatural e mágico, com portais e poderes elementais, o que visualmente funciona muito bem e remete aos jogos antigos.
O dilema da “arqueóloga ética” e roteiro preguiçoso
Aqui a série tropeça nas próprias pernas. O roteiro tenta, a todo custo, passar uma mensagem anticolonialista. A intenção é válida, mas a execução soa como uma palestra forçada. O tempo todo personagens param para dar lição de moral sobre roubo de artefatos, enquanto a própria série se chama Tomb Raider (Saqueadora de Tumbas).
Fica uma contradição estranha quando rotulam a Lara de “arqueóloga ética” logo depois de ela invadir um museu para roubar uma máscara e entregá-la a uma bilionária que ela acabou de conhecer — uma ingenuidade que não condiz com a inteligência da personagem.
Além disso, a representação de outras culturas oscila. Enquanto a mitologia Iorubá e os Orixás foram tratados com respeito e profundidade, o segmento na Irlanda foi um desastre de estereótipos. Retrataram o lugar como um buraco onde ninguém gostaria de estar, e nem se deram ao trabalho de contratar dubladores irlandeses, o que soou bem ofensivo e preguiçoso.
Conclusão
A temporada 2 de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft é perfeita? Longe disso. O roteiro corre demais com apenas oito episódios, resolvendo cliffhangers importantes (como o sequestro da Sam) nos primeiros cinco minutos, e às vezes trata o público como se precisasse de uma aula constante.
No entanto, o saldo final é positivo. É uma temporada mais segura, visualmente bonita e muito mais divertida que a anterior. Ela cumpre o papel de ser uma ponte para os jogos, mostrando o crescimento da Lara de uma sobrevivente traumatizada para a heroína que aceita ajuda, mas ainda sabe se virar sozinha (mesmo que o final force um pouco a barra no discurso de “o poder da amizade”).
Se você é fã, vale a pena assistir pelas referências e pela ação, mas não espere uma obra-prima narrativa. É uma aventura sólida, e às vezes, ver a Lara socando um tubarão é tudo o que a gente precisa.
Onde assistir à temporada 2 de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft?
Trailer da 2ª temporada de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft
Elenco da segunda temporada de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft
- Hayley Atwell
- O-T Fagbenie
- Richard Armitage
- Tricia Helfer
- Karen Fukuhara
- Allen Maldonado
- Earl Baylon
- Zoe Boyle
- Marisha Ray
















