No universo dos thrillers indianos, o filme “Tudo pelo Meu Irmão” (Jigra) surge como uma ousada narrativa de coragem, sacrifício e luta familiar.
Sob a direção de Vasan Bala e estrelado pela magnética Alia Bhatt, o longa combina drama emocional e ação eletrizante em uma tentativa de criar um épico sobre amor fraternal e justiça. Mas será que essa mistura de gêneros atinge seu objetivo ou se perde em sua própria ambição?
Sinopse do filme Tudo pelo Meu Irmão (2024)
Satyabhama Anand (Alia Bhatt), ou simplesmente Satya, é uma jovem forte e determinada, moldada por uma infância difícil ao lado do irmão mais novo, Ankur (Vedang Raina). Quando Ankur é falsamente acusado de tráfico de drogas em Hanshi Dao, uma ilha asiática conhecida por suas políticas severas, ele é condenado à morte. Com apenas três meses até a execução, Satya decide enfrentar todas as adversidades para libertá-lo.
Para executar sua audaciosa fuga, ela conta com a ajuda de aliados improváveis: Bhatia (Manoj Pahwa), um ex-gângster com motivos pessoais para ajudar, e Muthu (Rahul Ravindran), um ex-policial familiarizado com o sistema prisional. Juntos, eles elaboram um plano de fuga que desafia a lógica e a moralidade, enquanto Satya luta contra um sistema cruel, gangues locais e até mesmo suas próprias limitações.
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Crítica de Tudo pelo Meu Irmão, da Netflix
“Tudo pelo Meu Irmão” é, antes de tudo, um espetáculo de Alia Bhatt. Sua atuação como Satya é visceral, convincente e inegavelmente o ponto alto do filme. A atriz transita com maestria entre momentos de vulnerabilidade e cenas de ação intensas, tornando sua personagem uma heroína memorável.
Desde as cenas emotivas ao lado de Ankur até os combates contra adversários bem maiores, Bhatt entrega um desempenho que sustenta a narrativa mesmo nos momentos mais fracos do roteiro.
A direção de Vasan Bala traz elementos visuais marcantes. A fotografia de Swapnil S. Sonawane transforma Hanshi Dao em um cenário simultaneamente encantador e ameaçador, com tons vermelhos vibrantes e momentos de tensão visual bem orquestrados. No entanto, o filme é prejudicado por escolhas estilísticas que, por vezes, distraem mais do que enriquecem a narrativa, como o uso inexplicável de quadros em preto e branco.
Roteiro focado na ação
O roteiro, coescrito por Bala e Debashish Irengbam, tem seus altos e baixos. A relação entre Satya e Ankur é bem desenvolvida, e a introdução do filme estabelece com eficácia o contexto familiar e as motivações da protagonista.
Entretanto, a narrativa se torna excessivamente focada em ação estilizada, deixando de explorar plenamente o potencial emocional da história. Além disso, subtramas, como o movimento político em Hanshi Dao, são inseridas de forma superficial, sem acrescentar profundidade significativa ao enredo.
A equipe de apoio, com destaque para Manoj Pahwa, dá um toque de leveza e nostalgia, mas os personagens secundários muitas vezes carecem de desenvolvimento. O vilão Hansraj Landa (Vivek Gomber) é um exemplo de como o filme tropeça em clichês, apresentando um antagonista genérico que falha em provocar o impacto desejado.
Apesar das falhas, “Tudo pelo Meu Irmão” se destaca em momentos específicos: a cena da primeira visita de Satya à prisão é carregada de emoção, e as cenas de ação, coordenadas por Vikram Dahiya, impressionam pela fluidez e energia. No entanto, a repetição de certos elementos narrativos e a falta de um ritmo consistente prejudicam a experiência geral.
Conclusão
“Tudo pelo Meu Irmão” é um filme que mistura brilho técnico, atuações sólidas e momentos emocionantes, mas luta para equilibrar seu foco entre estilo e substância. Alia Bhatt, em uma atuação poderosa, carrega o filme nos ombros, reafirmando sua versatilidade e carisma. Ainda assim, o roteiro caótico e a direção desigual impedem que a obra alcance todo o seu potencial.
Para quem busca ação e emoção em doses generosas, “Tudo pelo Meu Irmão” é uma opção atraente, mas aqueles que esperam uma narrativa mais coesa e profunda podem se sentir decepcionados. Com ajustes no roteiro e maior atenção aos detalhes, este thriller poderia ter sido uma obra-prima. Ainda assim, vale a pena assistir, nem que seja apenas para testemunhar a força e determinação de Satya, uma verdadeira “coração valente”.
Crítica de quem não entende o estilo de filmes indianos, onde se misturam todos os estilos de uma maneira memorável (Masalah) . Não se deve comparar filmes indianos com filmes americanos, pois não é a mesma temática. Infelizmente os brasileiros acham que só o que se produz na América é o certo. Assisto há centenas de filmes indianos e são extremamente melhores que os produzidos por nós Ocidentais. Precisamos mudar essa visão limitada e americanizada. E, não só os filmes e séries da Índia, mas produções da Europa dos países escandinavos, até séries turcas são inegavelmente melhores, não a maneira desgastada dos americanos fazerem sempre o mesmo estilo até com falas iguais que cansam, por isso Hollywood está morrendo sem perceber que está morrendo. Quando os brasileiros vão perceber isso, é incrível. O mundo é muito maior que a América.