Existem certos assuntos cuja dificuldade de abordagem é quase uma autocensura em diversos artistas. Daí a necessidade de longas explicações em ficções, que precisam ser misturadas com momentos de humor para uma melhor experiência estética.
A possibilidade dessa mistura desandar é grande, mas, felizmente, a diretora e roteirista Lola Doillon consegue entregar um bom filme com “Uma Mulher Diferente”, e talvez sem muitas pessoas ofendidas ao saírem do cinema ao tocar no tema do autismo.
Sinopse
A personagem-título é Kátia Rousseau (Jehnny Beth, de “Anatomia de uma Queda”), que, ao mesmo tempo que é uma pesquisadora inteligente e curiosa, sofre com relações interpessoais, seja no trabalho, com a mãe ou com o namorado, Fred (Thibaut Evrard), que em contraste é um amante de festas e interações sociais. Ao deparar-se com uma pauta sobre autismo no trabalho, Katia descobre que pode se encaixar na descrição e aprofunda-se na pesquisa.
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Crítica
Com um assunto tão amplo e tratado com preconceito por diversas esferas da sociedade, seja europeia, brasileira ou de diversos outros países, a diretora conta com calma os aspectos que designam alguém como tal. O espectador vai descobrindo junto com Kátia o diagnóstico, e junto com ela enfrenta a dificuldade de as pessoas ao seu redor admitirem que ela é autista.
Isso também é um pouco culpa da própria história do audiovisual. Representado o transtorno muitas vezes de forma fantasiosa demais, como se autistas muitas vezes tivessem super-poderes, muitas obras clássicas acabaram por acostumar a uma visão estereotipada desses indivíduos, e não entendendo a gama de gradações que existem no espectro.
O desenrolar entre o diagnóstico é tratado sem espetacularização, mas ao mesmo tempo com sentimentos. Katia entende que é diferente num mundo de iguais, e ter uma explicação para sua falta de traquejo social a conforta, ao mesmo tempo que abre novas possibilidade de sofrimento e julgamentos que ela nem sabia que existiam.
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Conclusão
“Uma Mulher Diferente” é um filme cuidadoso, que permeia aqui e ali um humor que não se mostra fora do lugar. Em tempos de julgamentos morais apenas por essa ou aquela pessoa tocar em temas que à uma primeira vista não os convêm, o longa francês tenta, e consegue, contar uma boa história sobre o autismo com romance, humor e um pedido para que preconceitos sejam deixados de lado.
Onde assistir ao filme Uma Mulher Diferente?
O filme estreia nesta quinta-feira, 16 de outubro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Quem está no elenco Uma Mulher Diferente (2025)?
- Jehnny Beth
- Thibaut Evrard
- Mireille Perrier
- Irina Muluile
- Philippe le Gall
















