Jaume Balagueró, cineasta espanhol conhecido por obras icônicas como [REC], retorna ao terror com o filme “Vênus”, uma produção que mistura elementos de crime, sobrenatural e horror cósmico.
Inspirada no conto “Os Sonhos na Casa da Bruxa”, de H.P. Lovecraft, o longa propõe um mergulho em um universo caótico onde dançarinas de clubes noturnos, máfia e forças sobrenaturais colidem. Com Ester Expósito no papel principal, a narrativa apresenta uma experiência frenética, embora não desprovida de falhas.
Sinopse do filme Vênus (2023)
Lucía (Ester Expósito) é uma dançarina exótica que, cansada de abusos e opressões, decide roubar drogas de um poderoso traficante. Fugindo de seus perseguidores, ela se refugia no apartamento da irmã Rocío (Ángela Cremonte) e da sobrinha Alba (Inés Fernández), em um edifício decadente nos subúrbios de Madri.
No entanto, o que parecia ser apenas uma fuga da máfia transforma-se em um pesadelo sobrenatural: forças ocultas habitam o prédio, lideradas por misteriosas vizinhas idosas que escondem intenções malignas. À medida que o perigo aumenta, Lucía precisa enfrentar não apenas os bandidos, mas também uma entidade cósmica que ameaça a humanidade.
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Crítica de Vênus, do Prime Video
“Vênus” é uma obra de contrastes. Balagueró combina com inteligência elementos díspares: um thriller de crime urbano e uma trama de horror sobrenatural, enriquecida por um subtexto cósmico. A fotografia de Pablo Rosso, marcada por tons escuros e uma atmosfera opressiva, contribui para uma experiência visual imersiva, ainda que limitada por um orçamento modesto.
Ester Expósito brilha como Lucía, apresentando uma atuação visceral e destemida. Sua transição de uma mulher vulnerável para uma protagonista feroz é convincente, reforçada por cenas de ação intensas e um equilíbrio entre fragilidade emocional e força física.
Ainda assim, o roteiro, coescrito por Balagueró e Fernando Navarro, sofre com inconsistências. Embora a fusão entre o crime e o sobrenatural funcione inicialmente, o clímax perde impacto devido à falta de resolução clara das subtramas e à ausência de um antagonismo mais desenvolvido.
Falta de ambição
Outro ponto alto é o body horror, que explora feridas grotescas e sangue em abundância, remetendo a clássicos do gênero. Contudo, o filme não mantém o tom equilibrado. Momentos de comédia involuntária e cenas mal executadas no final diluem o impacto emocional construído anteriormente.
O potencial do horror cósmico, um dos temas mais intrigantes, é apenas superficialmente explorado, deixando a sensação de que o filme poderia ter sido mais ambicioso.
Conclusão
“Vênus” é uma experiência envolvente para fãs de terror que buscam algo fora do convencional. Apesar de seus tropeços narrativos e de um final apressado, a direção de Balagueró e a performance cativante de Ester Expósito garantem uma produção que vale a pena conferir. É um filme que celebra o gênero com autenticidade, mas que poderia ter alcançado maior profundidade com escolhas narrativas mais ousadas.
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