Sabe quando você dá o play esperando uma coisa e recebe outra completamente diferente? É exatamente essa a sensação com o filme A Grande Inundação (2025), que chegou à Netflix. A gente já conhece a fama das produções coreanas: elas sabem misturar drama humano com cenários apocalípticos como ninguém. Mas aqui, o diretor Kim Byung-woo tentou algo muito mais ambicioso do que apenas “pessoas fugindo da água”.
O filme começa com uma promessa de tensão absurda, mas decide dar um “cavalo de pau” no meio do caminho que pode deixar muita gente coçando a cabeça. Se você curte filmes que desafiam o gênero, continue lendo, mas já adianto: não é a obra de desastre típica que o trailer vendeu.
Sinopse
A história se passa em Seul, no que parece ser o último dia da Terra como a conhecemos. Tudo começa rápido: um impacto catastrófico (mencionado como um cometa ou asteroide) causa uma inundação global imediata. Conhecemos An-na (interpretada pela excelente Kim Da-mi), uma pesquisadora de ponta em inteligência artificial e, acima de tudo, mãe solo do pequeno Ja-in.
O caos se instala quando a água começa a invadir o apartamento deles no terceiro andar. An-na precisa lutar contra a correnteza, vizinhos em pânico e estruturas colapsando para salvar seu filho. No meio dessa loucura, surge Hee-jo (Park Hae-soo), um oficial de segurança com a missão específica de resgatar An-na, pois ela é considerada uma peça-chave para o futuro da humanidade.
O que parece uma fuga desesperada para o topo do prédio logo se transforma em algo muito mais complexo, envolvendo loops temporais e uma realidade que pode não ser exatamente o que parece.
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Resenha crítica do filme A Grande Inundação
Início de pura adrenalina
Vamos ser justos: o começo do filme é impecável. Se o filme mantivesse a pegada dos primeiros 40 minutos, estaríamos falando de uma obra-prima do suspense. A direção consegue passar uma claustrofobia real. A maneira como a água sobe não é apenas um efeito especial; parece um inimigo vivo.
A produção mandou muito bem nos cenários confinados do complexo de apartamentos. Você sente o desespero de An-na tentando carregar o filho, lidando com corredores alagados e até vazamentos de gás. É um thriller de sobrevivência “sem fôlego”, com efeitos visuais que, para um filme direto para streaming, são impressionantes e capturam a escala aterrorizante de um tsunami urbano.
➡️ [CRÍTICA] ‘A Grande Inundação’ sofre de dupla personalidade, mas tem seu valor
Kim Da-mi é a âncora emocional
Se o filme não afunda completamente em suas próprias ambições, a culpa é de Kim Da-mi. Ela entrega uma performance “sem vaidade”, crua e totalmente comprometida. Diferente de papéis mais “estilosos” que ela já fez, aqui ela carrega o peso físico e emocional da trama.
A dinâmica dela com o filho é o coração da história. Mesmo quando o garoto é meio irritante (o que, convenhamos, é realista para uma criança em crise), o instinto materno dela convence. Ela é o que mantém a gente investido quando o roteiro começa a viajar demais. É uma atuação que te faz torcer por ela, não importa o quão confusa a situação fique.

A virada brusca
Aqui é onde o filme perde muita gente. Na metade da trama, A Grande Inundação deixa de ser um filme de desastre simples e tenta virar uma “caixa de quebra-cabeças sci-fi ambiciosa”. Ele começa a flertar com loops temporais e narrativas recursivas, lembrando filmes como Interestelar ou No Limite do Amanhã.
Para quem esperava apenas ver gente sobrevivendo a ondas gigantes, essa mudança para um sci-fi “cabeça” pode ser frustrante. A história se torna repetitiva – literalmente, com a protagonista revivendo momentos – e aquela tensão visceral do início se dilui em explicações vagas sobre IA e simulações.
Há detalhes interessantes, como os números mudando na camiseta dela (sugerindo as iterações da simulação), mas nem sempre o filme explica isso bem, deixando a audiência mais perdida do que intrigada.
Ambição demais, execução de menos
O problema não é a ideia da reviravolta, mas como ela foi feita. O filme parece longo demais (quase 1 hora e 50 minutos que parecem mais), e a segunda metade sofre com problemas de ritmo. A introdução de conceitos filosóficos sobre humanidade e maternidade acaba ficando meio bagunçada.
O personagem de Park Hae-soo, Hee-jo, acaba sendo mais uma ferramenta de roteiro do que uma pessoa real, e a conexão emocional que tínhamos no início se perde um pouco no meio de tanta “tecnicidade” do enredo sci-fi. O final tenta amarrar tudo, mas deixa uma sensação de que o filme queria dizer muitas coisas (sobre sacrifício, destino, evolução humana) e acabou não se aprofundando em nada.
Conclusão
A Grande Inundação é um filme que sofre de dupla personalidade. Ele começa como um thriller de sobrevivência nota 10, visualmente impactante e tenso, mas tenta se transformar em uma ficção científica filosófica e acaba tropeçando nos próprios pés.
Apesar da confusão narrativa e da repetição cansativa do segundo ato, ainda há valor aqui. A atuação de Kim Da-mi é poderosa e os efeitos visuais seguram a onda. Se você gosta de filmes como Wonderland ou O Mar da Tranquilidade, que misturam drama familiar com conceitos futuristas, vai aproveitar a viagem.
Mas, se você está procurando apenas um filme de desastre “pipoca” estilo O Dia Depois de Amanhã, pode sair decepcionado com a complexidade repentina. É uma aposta ousada da Netflix coreana: visualmente linda, mas narrativamente bagunçada.
Onde assistir ao filme A Grande Inundação?
Trailer de A Grande Inundação (2025)
Elenco de A Grande Inundação, da Netflix
- Kim Da-mi
- Park Hae-soo
- Kwon Eun-seong
- Yu-na
- Park Byung-eun
- Jeon Hye-jin
- Kim Dong-yeong
- Kang Bin














