Crítica da série A Nova Força, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘A Nova Força’, uma luta em meio à mudança

Compartilhe

A Netflix expande seu já robusto catálogo de produções suecas com a estreia de A Nova Força (Skiftet), uma série que se distingue ao explorar um território inédito para a plataforma: o drama de época. Ambientada em 1958, a produção nos transporta para Estocolmo e mergulha em um momento crucial da história social do país, quando as primeiras mulheres são integradas à força policial em igualdade de condições com seus colegas homens.

Criada por Patrik Ehrnst e Rojda Sekersöz, a série se propõe a ser mais que um simples drama policial, utilizando a recriação histórica para tecer uma crítica social sobre misoginia, resiliência e a luta por um espaço em um mundo que, até então, as rejeitava.

➡️ Frete grátis e rápido! Confira o festival de ofertas e promoções com até 80% OFF para tudo o que você precisa: TVs, celulares, livros, roupas, calçados e muito mais! Economize já com descontos imperdíveis!

Sinopse

Em 1958, o chefe do distrito de Klara, Gunnar Svard, lança um ousado experimento: recrutar mulheres para a polícia. A iniciativa, motivada pela falta de interesse masculino na baixa remuneração do cargo, resulta na formação do primeiro grupo de policiais femininas uniformizadas.

Entre elas, destacam-se três personalidades distintas: a impulsiva e passional Carin Eriksson (Josefin Asplund), que se aprofunda na investigação da morte misteriosa de uma trabalhadora do sexo; a ambiciosa Siv Morell (Agnes Rase), que lida com a pressão de ser julgada pela beleza e o desejo de provar seu valor; e a introvertida Ingrid Gustafsson (Malin Persson), que precisa encontrar a coragem para se impor em um ambiente hostil.

O maior desafio dessas pioneiras não está nas ruas de Klara, o distrito mais perigoso de Estocolmo, mas sim no preconceito enraizado de seus colegas, da sociedade e, inclusive, de suas próprias famílias. Enquanto tentam se provar, são ridicularizadas, subestimadas e forçadas a usar uniformes que as limitam fisicamente, como saias que geram atrito nas coxas. A Nova Força acompanha a jornada dessas mulheres, que, apesar das diferentes personalidades e ambições, formam uma irmandade para enfrentar um sistema que as quer invisíveis.

➡️ Siga o Flixlândia no WhatsApp e fique por dentro das novidades de filmes, séries e streamings

Crítica

O grande acerto de A Nova Força reside em sua capacidade de focar nas pequenas e significativas humilhações e barreiras do dia a dia. Ao invés de construir um drama monumental em torno de um único evento, a série ilumina os detalhes que fazem a diferença na vida das protagonistas. Os olhares de desprezo, os comentários depreciativos dos colegas, as piadas sobre suas aparências e a constante necessidade de provar que são “policiais de verdade” são mais impactantes do que qualquer grande crime.

A série faz um excelente trabalho em usar o uniforme – suas saias e saltos altos – como uma metáfora visual da misoginia, demonstrando como as expectativas sociais de feminilidade colidiam diretamente com as exigências de sua profissão. Essa abordagem permite que a série transcenda o status de mero drama de época, tornando as lutas das protagonistas atemporalmente relevantes.

➡️ Acompanhe o Flixlândia no Google Notícias e fique por dentro do mundo dos filmes e séries do streaming

YouTube player

A desigualdade na trama policial

Embora a série se ancore em um mistério central — a investigação da morte de uma trabalhadora do sexo —, é nesse ponto que a narrativa perde um pouco de sua força. A trama do assassinato, que inicialmente parece ser o motor da história, se desenvolve de maneira previsível e, por vezes, carece de convicção. A facilidade com que Carin descobre pistas e a revelação final do mistério não conseguem surpreender o espectador, o que faz com que a série perca parte de seu ritmo.

Esse deslize sugere que, talvez, o roteiro tenha tentado equilibrar o drama social com a fórmula do “procedural” policial de forma pouco eficaz. Se a intenção era manter o mistério no centro da narrativa, ele precisava ser mais cativante. Em contrapartida, a série acerta em usar a investigação como uma janela para temas sociais complexos, como o aborto ilegal e a prostituição, mostrando que para as protagonistas a justiça vai muito além de simplesmente capturar um criminoso.

➡️ ‘Monstro: A História de Ed Gein’, o terror em nome do sensacionalismo
➡️ Em ‘The Paper’, o legado de ‘The Office’ está em boas mãos
➡️ A química inesperada de ‘Gênio dos Desejos’

Personagens vivos e a química do trio

Apesar dos tropeços na trama policial, o ponto mais alto de A Nova Força é, sem dúvida, o desenvolvimento e a atuação de seu trio protagonista. Josefin Asplund, como Carin, traz uma intensidade e profundidade que a tornam a âncora emocional da série. Agnes Rase, interpretando Siv, exibe a complexidade de uma personagem que lida com a pressão de sua aparência e com a ambição de ser levada a sério. E Malin Persson, no papel de Ingrid, entrega uma performance convincente, mostrando a evolução de uma personagem que supera a insegurança para se tornar uma mulher forte.

A química entre as três atrizes é palpável e autêntica. Suas interações, brigas e a irmandade que constroem em meio à adversidade são o que realmente mantém o público engajado. Essa conexão humaniza a narrativa, transformando-a menos em um “drama de época” e mais em uma história sobre solidariedade feminina. Os coadjuvantes, embora alguns sejam caricaturais (como os policiais machistas que servem como símbolos unidimensionais do preconceito), conseguem cumprir seu papel de criar um mundo narrativo verossímil.

➡️ Quer saber mais sobre filmes, séries e  streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo InstagramXTikTok e YouTube, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.

Conclusão

A Nova Força se destaca por sua ambição e sensibilidade ao retratar um momento histórico fundamental. A série brilha ao focar nas tensões diárias e na luta silenciosa das mulheres pioneiras, utilizando as atuações afiadas do trio protagonista para dar vida a essa batalha. Embora a trama central do mistério policial não seja particularmente memorável e o ritmo oscile em alguns pontos, a série compensa com a riqueza de detalhes e a abordagem franca de temas sociais.

É um drama que, ao olhar para o passado, estabelece um diálogo direto com o presente, abordando debates sobre igualdade e representatividade que continuam urgentes. A Nova Força é uma produção com alma, que, apesar de suas imperfeições, oferece uma experiência gratificante e relevante.

Se a Netflix optar por uma segunda temporada, a série tem potencial para superar a primeira, aprofundando-se nas vidas dessas personagens cativantes sem a necessidade de um mistério morno para guiá-las. Em suma, vale a pena ser assistida por todos que valorizam narrativas femininas fortes e dramas sociais que provocam reflexão.

Onde assistir à série A Nova Força?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Quem está no elenco de A Nova Força, da Netflix?

  • Agnes Rase
  • Josefin Asplund
  • Malin Persson
  • Christopher Wagelin
  • Rasmus Luthander
  • Cilla Thorell
  • Hannes Fohlin
  • Jimmy Lindström
  • Peter Eriksson
  • Pablo Leiva Wenger
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas

Procuram-se colaboradores
Procuram-se colaboradores
Artigos relacionados
Crítica da série Monstro A História de Ed Gein, da Netflix (2025)
Críticas

‘Monstro: A História de Ed Gein’, o terror em nome do sensacionalismo

O fascínio do público por histórias de true crime é um fenômeno...

Crítica da série The Paper, da HBO Max (2025) - Flixlândia
Críticas

Em ‘The Paper’, o legado de ‘The Office’ está em boas mãos

Vinte anos após o lançamento de The Office, o icônico mockumentary que...

Crítica do dorama Gênio dos Desejos, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

A química inesperada de ‘Gênio dos Desejos’

Lançado nesta sexta-feira (3) no catálogo da Netflix, o dorama “Gênio dos...

Leia a crítica da série O Jogo, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

‘O Jogo’: quando o mundo virtual invade o real

O universo do streaming tem se mostrado um terreno fértil para narrativas...

Leia a crítica da série Riv4lidades, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

‘Riv4lidades’ e o doce caos da adolescência

Em meio a um catálogo de produções teen que, muitas vezes, pecam...

Crítica do episódio 8, final de Todos os Crimes da Louva-a-Deus, série da Netflix - Flixlândia
Críticas

‘Todos os Crimes da Louva-a-Deus’ é uma obra corajosa

Em meio à vastidão de thrillers coreanos, poucos se atrevem a mergulhar...

Conheça o novo dorama 'Cinderella Closet', série da Netflix
Críticas

‘Cinderella Closet’ e a jornada da autodescoberta

O dorama japonês “Cinderella Closet” (ou “Cinderela”) chega como um suspiro de...

Crítica da série House of Guinness, da Netflix (2025) - Flixlândia (1)
Críticas

‘House of Guinness’: uma saga de ambição, traição… e lúpulo

A assinatura de Steven Knight, criador de “Peaky Blinders”, é inconfundível. Com...