
Crédito: Netflix / Reprodução
A série Adolescência, um dos maiores sucessos recentes da Netflix, trouxe à tona discussões urgentes sobre masculinidade tóxica e a teoria 80/20, cada vez mais citada entre jovens. O tema aparece logo nos primeiros episódios e revela um universo digital marcado por influências radicais, linguagens codificadas e ideologias que preocupam especialistas.
A trama acompanha Jamie, um garoto de 13 anos envolvido em um caso violento na escola, que se mostra adepto dessa teoria amplamente difundida em fóruns incel. O pai do adolescente, um policial, descobre como símbolos simples, como emojis, carregam significados ocultos nas conversas online entre adolescentes.
Origem da teoria 80/20 e como ela foi distorcida
A teoria 80/20 tem origem no século 19 com o economista italiano Vilfredo Pareto. Ele observou que 20% da população concentrava 80% da riqueza. Com o tempo, o princípio passou a ser usado para descrever desequilíbrios em várias áreas, como consumo, lucros e produtividade.
No entanto, o conceito foi deturpado em espaços online. Grupos de homens inseguros, chamados incels, aplicaram a lógica às relações afetivas, afirmando que 80% das mulheres só desejam 20% dos homens.
Esses jovens acreditam não fazer parte do grupo “desejado” e canalizam sua frustração contra as mulheres. A série mostra como essa crença se espalha entre adolescentes, levando a discursos perigosos.
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A conexão entre emojis, incels e a manosfera
Na produção da Netflix, o pai de Jamie é surpreendido ao descobrir que os filhos usam códigos visuais para se comunicar. Emojis inofensivos ganham novos significados em grupos digitais.
O emoji de pílula, por exemplo, representa os “red pills”, homens que dizem ter despertado para a “realidade” de uma suposta dominação feminina. Já o emoji de “100” se liga à teoria 80/20 e ao culto à superioridade dos poucos homens supostamente privilegiados.
Esses símbolos circulam em plataformas como Telegram, X, WhatsApp e Discord. Estão inseridos em comunidades que promovem ódio, exclusão e, muitas vezes, violência.
Violência entre jovens e a influência digital crescente
A série também escancara os efeitos do extremismo na juventude. Jamie, o protagonista, enxerga o desprezo feminino como prova de sua inferioridade definitiva, ainda que tenha apenas 13 anos.
Segundo o roteiro, ele é convencido de que precisará enganar mulheres para conseguir qualquer afeto no futuro. Esse pensamento reflete uma filosofia onde características pessoais seriam estáticas e irreversíveis.
Na vida real, casos como esse se multiplicam. Dados preliminares da Segurança Pública indicam aumento da violência entre jovens. Redes sociais aparecem como catalisadoras desses comportamentos.
Atores e técnica contribuem para a força da série
Owen Cooper, no papel de Jamie, entrega uma atuação intensa que tem sido amplamente elogiada pela crítica especializada. Stephen Graham, que interpreta o pai, também é destaque no elenco.
A série Adolescência optou por filmar cada episódio em plano-sequência. Essa escolha reforça o clima de urgência e aumenta a proximidade com os dilemas dos personagens.
Com apenas quatro episódios, a produção conseguiu tocar em temas complexos, como misoginia, manipulação digital e a saúde emocional de adolescentes.

A teoria 80/20 e o alerta para pais e educadores
Em um momento em que plataformas digitais dominam o cotidiano, Adolescência funciona como um alerta sobre o que pode estar escondido em telas e emojis. A teoria 80/20, quando distorcida, serve de justificativa para pensamentos perigosos e atitudes agressivas.
As autoridades já identificam emojis como ferramentas para camuflar conversas sobre sexo, drogas e até crimes. A Polícia de Segurança Pública alerta pais para ficarem atentos aos códigos usados por seus filhos.
A série da Netflix, além de entreter, provoca discussões importantes sobre como prevenir a radicalização digital e proteger os jovens em um cenário de comunicação acelerada e muitas vezes silenciosa.
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