“Alemanha” (Alemania), filme de estreia da cineasta argentina María Zanetti, é uma obra profundamente pessoal que aborda o rito de passagem da adolescência à vida adulta com uma sensibilidade única.
Inspirado nas experiências da diretora e dedicado ao irmão Mariano, o longa se destaca como um retrato sincero das dificuldades familiares e da busca pela identidade. Ambientado nos anos 90, o longa nos transporta para uma era pré-digital, reforçando a conexão humana como fio condutor das relações.
A trama acompanha Lola (Maite Aguilar), uma adolescente de 16 anos que vive nos subúrbios de Buenos Aires. Em meio às tensões causadas pelo transtorno bipolar recentemente diagnosticado em sua irmã mais velha, Julieta (Miranda de la Serna), Lola sonha em escapar para a Alemanha através de um programa de intercâmbio estudantil.
Com uma narrativa melancólica e nostálgica, o filme explora as pequenas e grandes transformações que marcam a transição de Lola para a maturidade, enquanto ela enfrenta as limitações financeiras e emocionais de sua família.
O ponto alto de “Alemanha” está na forma como María Zanetti captura os dilemas da adolescência com um olhar íntimo e sensível. A câmera, frequentemente próxima aos rostos dos personagens, transmite com maestria as emoções de Lola, permitindo que o público se conecte profundamente com sua jornada.
Maite Aguilar entrega uma interpretação impressionante, equilibrando a inocência juvenil e o desejo de independência de sua personagem. Sua atuação traduz a mistura de entusiasmo e dúvida que acompanha esse momento de transição na vida.
Anos 90
Zanetti constrói sua narrativa com fragmentos do cotidiano, como momentos em família, aulas de direção com o pai e diálogos francos entre amigas. Esses detalhes tornam o filme universal, mesmo sendo enraizado em uma realidade específica.
A escolha de retratar os anos 90 acrescenta uma camada de nostalgia que ressoa tanto com os espectadores jovens quanto com os mais velhos, destacando um tempo em que as conexões pessoais não eram mediadas pela tecnologia.
Delicadeza
Além disso, “Alemanha” explora com delicadeza os efeitos do transtorno bipolar na dinâmica familiar. A relação de Lola com Julieta é ao mesmo tempo tensa e carregada de amor, uma dualidade que reflete a complexidade das relações fraternas. Miranda de la Serna interpreta Julieta com nuances que equilibram fragilidade e força, dando profundidade ao conflito que paira sobre a família.
A direção de Zanetti também merece destaque por sua autenticidade visual. Com iluminação natural e cenas em preto e branco capturadas em estilo documental, o filme evoca a sensação de estar folheando um álbum de memórias. É uma escolha que reforça o tom melancólico e intimista da obra.
“Alemanha” não é apenas um filme sobre crescimento pessoal: é uma celebração da resiliência e do amor familiar em tempos de crise. María Zanetti oferece um retrato honesto e comovente da adolescência, mostrando que a busca pela independência não significa ruptura, mas sim a descoberta de novas formas de conexão.
Com atuações marcantes, direção sensível e uma narrativa envolvente, “Alemanha” se firma como uma obra indispensável para quem valoriza histórias humanas e autênticas.
Navegando nas águas do marketing digital, na gestão de mídias pagas e de conteúdo. Já escrevi críticas de filmes, séries, shows, peças de teatro para o sites Blah Cultural e Ultraverso. Agora, estou aqui em um novo projeto no site Flixlândia.