Confira a crítica da temporada 2 de "Andor", série do universo de Star Wars que está disponível para assistir no Disney+.
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De volta à rebelião: como ‘Andor’ transforma um prelúdio em obra-prima na 2ª temporada

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Desde que “Andor” estreou, a série vem subvertendo as expectativas do que um spin-off de Star Wars pode ser. Longe do brilho dos sabres de luz e da nostalgia fácil, a criação de Tony Gilroy se destacou por sua abordagem realista, política e quase desencantada sobre o nascimento da Rebelião.

A primeira temporada mostrou o despertar de Cassian Andor (Diego Luna) para uma causa maior, enquanto o Império se consolidava como uma engrenagem burocrática e opressora assustadoramente próxima da nossa realidade. Agora, com a estreia da aguardada segunda e última temporada, a história acelera o passo — e o preço da liberdade se torna mais alto a cada capítulo.

Nos três primeiros episódios deste novo ano, a série retorna com mais ambição narrativa e peso emocional, mergulhando de vez na contagem regressiva para Rogue One e na construção silenciosa, fragmentada e muitas vezes contraditória de uma revolução. A rebelião ainda é um esboço mal articulado, e o Império, mais do que nunca, revela sua verdadeira face: uma estrutura fascista que destrói vidas em nome do progresso.

É nesse cenário tenso, permeado por sacrifícios pessoais e decisões morais difíceis, que a temporada 2 de “Andor” reafirma seu lugar como a produção mais sofisticada e relevante do universo Star Wars sob o comando da Disney.

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Sinopse da temporada 2 da série Andor (2025)

Um ano após os eventos da primeira temporada, a 2ª temporada de “Andor” retorna à galáxia sob domínio imperial com um novo senso de urgência. Cassian (Diego Luna), agora mais mergulhado na clandestinidade rebelde, parte em uma missão para roubar um protótipo de caça TIE do Império, enquanto a senadora Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) lida com um casamento arranjado da filha como parte de seu sacrifício político.

Ao mesmo tempo, o Império planeja destruir o planeta Ghorman para extrair um mineral estratégico, revelando mais uma camada da violência institucionalizada. Em meio a tudo isso, a rebelião ainda parece desorganizada, fragmentada, e por vezes incapaz de reagir à altura. Mas é nesse caos que a fagulha da resistência se mantém viva.

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Crítica de Andor (Temporada 2), do Disney+

A decisão de Tony Gilroy de estruturar a temporada em blocos de três episódios não apenas economiza tempo narrativo — já que foram condensadas quatro temporadas planejadas — como também transforma cada arco em um pequeno longa.

Nos três primeiros capítulos, já fica evidente o quanto o tempo se tornou personagem. Com a contagem regressiva até Rogue One e a construção da Estrela da Morte em pleno andamento, Andor pisa fundo na tensão: o fim é conhecido, mas a jornada ganha força com cada escolha pessoal e política de seus protagonistas.

Cassian, o homem comum no centro da guerra

Diferente de heróis clássicos da saga, Cassian Andor não se destaca por feitos grandiosos ou discursos inflamados. Ele foge, hesita, se atrapalha. O que torna Diego Luna tão eficaz é sua habilidade de nos fazer acreditar que qualquer um — mesmo alguém quebrado — pode ser peça vital na engrenagem da revolução.

Cassian aqui está mais experiente, mas ainda não é um símbolo. E é isso que torna sua caminhada tão crível: não é uma ascensão meteórica, mas uma série de tropeços e decisões difíceis, como ao final do terceiro episódio, quando corre, improvisa, e arrisca tudo para salvar os amigos. Nada de glória — só sobrevivência.

Mon Mothma e o martírio silencioso

A escolha de usar o casamento de Leida como pano de fundo de três episódios foi brilhante. Serve tanto como comentário social (a mulher política sacrificando sua família pela causa) quanto como metáfora da dor que se esconde sob o luxo.

Genevieve O’Reilly entrega uma performance contida e dolorida, onde cada gesto sutil esconde um grito de desespero. Quando dança embriagada ao fim da cerimônia, não há catarse, apenas uma mulher que perdeu tudo — menos a convicção.

Luthen Rael: o homem no limiar da moral

Stellan Skarsgård continua sendo o coração ambíguo da série. Como Luthen, ele carrega a essência da frase “não há liberdade sem sacrifício”. Frio, manipulador e visionário, ele não hesita em eliminar aliados se isso proteger a causa. Sua presença, mesmo em poucas cenas, eleva o debate moral: até que ponto é possível se manter íntegro em uma guerra por liberdade?

Um Império assustadoramente familiar

Se há algo que “Andor” faz com excelência, é retratar o Império como um reflexo distorcido do nosso mundo. Ao apresentar reuniões burocráticas sobre genocídio e exploração de recursos naturais, Gilroy escancara o paralelo com políticas autoritárias contemporâneas.

A destruição planejada de Ghorman — com justificativas técnicas e frias — ecoa conflitos reais. A presença de Krennic (Ben Mendelsohn) e a ascensão de Dedra Meero (Denise Gough) revelam como o fascismo se perpetua não apenas pela força, mas pela banalização do mal.

Personagens coadjuvantes que brilham

Se Cassian é a âncora, o elenco ao redor dele é o motor. Elizabeth Dulau transforma Kleya em uma das figuras mais marcantes da série, simbolizando o sacrifício anônimo da resistência. Adria Arjona (Bix), Joplin Sibtain (Brasso) e até Kyle Soller (Syril) ganham espaço e humanidade. Cada um, à sua maneira, mostra como o custo da rebelião é pessoal — e irreversível.

O ritmo dos episódios pode parecer lento para quem espera grandes batalhas, mas essa é a proposta de Andor: esmiuçar os bastidores da guerra. Do jantar tenso entre Dedra, Syril e sua mãe ao ritual do casamento em Chandrila, tudo importa. Gilroy aposta na construção de mundo e personagens, e o resultado é uma galáxia que respira, sangra e se desespera como a nossa.

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Conclusão

Os três primeiros episódios da temporada 2 de “Andor” confirmam o que muitos já suspeitavam: estamos diante da melhor série do universo Star Wars. Longe de sabres de luz e da fantasia escapista, a série mergulha em questões políticas, morais e humanas. Ao fazer isso, dá novo significado a Rogue One e expande o legado de Star Wars com maturidade e relevância. Gilroy não tem pressa em contar sua história porque sabe que, em cada silêncio e em cada sacrifício, há mais verdade do que em mil explosões.

Mesmo sabendo o destino final de Cassian, é impossível não se envolver com o caminho trilhado. E quando a última cena do terceiro episódio deixa o espectador suspenso entre medo e esperança, a vontade de continuar é inevitável. Que venha a próxima trinca.

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Onde assistir à série Andor?

A série está disponível para assistir no Disney+.

Trailer da temporada 2 de Andor (2025)

Elenco de Andor, do Disney+

  • Diego Luna
  • Stellan Skarsgård
  • Denise Gough
  • Kyle Soller
  • Genevieve O’Reilly
  • Adria Arjona
  • Faye Marsay
  • Dave Chapman
  • Elizabeth Dulau
  • Joplin Sibtain

Ficha técnica da série Andor

  • Título original: Andor
  • Criação: Tony Gilroy
  • Gênero: ficção científica, drama, suspense
  • País: Estados Unidos
  • Temporada: 2
  • Episódios: 12
  • Classificação: 14 anos
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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