Quando Rogue One foi lançado em 2016, sua proposta era clara: contar como a Aliança Rebelde conseguiu os planos da Estrela da Morte. Sua história fechada, intensa e com final trágico, parecia não deixar espaço para continuações. E foi por isso que “Andor” – que chegou ao seu final da temporada 2 no Disney+ – chegou cercada de ceticismo. Afinal, para quê acompanhar a trajetória de um personagem cujo destino já conhecemos?
A resposta se desdobra em duas temporadas e atinge seu ápice nos episódios finais. A série comandada por Tony Gilroy entrega não apenas uma obra-prima dentro do universo Star Wars, como também reforça a relevância da franquia no cenário contemporâneo da ficção política e dramática.
Sinopse dos episódios 10 a 12, final da temporada 2 da série Andor (2025)
Na temporada 2, “Andor” salta um ano à frente após os eventos da primeira. A estrutura se organiza em blocos de três episódios, cada um retratando momentos distintos da contagem regressiva para a Batalha de Yavin. A trama acompanha Cassian (Diego Luna), agora um espião rebelde mais convicto, em missões que esbarram constantemente na relutância da Aliança e no avanço da opressão imperial.
Paralelamente, vemos o impiedoso Luthen (Stellan Skarsgård) enfrentar seus fantasmas, a senadora Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) afundar na ambiguidade política, e Kleya (Elizabeth Dulau) ganhar protagonismo em uma missão pessoal e estratégica para preservar os segredos da rebelião. Tudo converge para um final emocional, sombrio e profundamente coerente com o legado que levará aos eventos de Rogue One.
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Crítica do final da temporada 2 de Andor (episódios 10 a 12), do Disney+
Tony Gilroy e sua equipe transformam “Andor” em um caso raro: uma série que sabe exatamente onde quer chegar. Ao contrário de produções que arrastam a trama por conveniência comercial, aqui tudo é planejado. A progressão dos episódios respeita o tempo dramático e cria tensão não com batalhas grandiosas, mas com decisões silenciosas, diálogos carregados e consequências reais. O espectador já sabe o final, mas não deixa de se surpreender com o caminho.
A estratégia de dividir a temporada em blocos independentes, com saltos temporais calculados, dá à série uma respiração rara no streaming. Cada arco parece um minifilme, com início, meio e fim — especialmente o brilhante arco de Ghorman, que ecoa eventos políticos contemporâneos como a Primavera Árabe e o uso da mídia para justificar massacres.
Personagens que vivem para lutar (e morrer) por algo maior
Embora leve o nome de “Andor”, a série nunca se limita a Cassian. Pelo contrário, ela se debruça sobre figuras secundárias e lhes dá profundidade raramente vista em Star Wars. Luthen é o exemplo máximo disso: complexo, pragmático, frio — e indispensável. Seu final, entregue com sensibilidade por Kleya, é uma das cenas mais tocantes da saga espacial. A relação entre os dois, revelada por flashbacks, dá nova camada ao personagem e mostra como a rebelião foi forjada por laços pessoais, nem sempre nobres.
Já Mon Mothma abandona o papel de senadora idealista para se tornar uma líder de mãos sujas. A série não tem medo de mostrar que, para derrotar o Império, às vezes é preciso abrir mão de ideais — uma lição amarga, mas necessária.
A linguagem visual como narrativa
A qualidade técnica da série é notável. A direção de Alonso Ruizpalacios transforma conversas em bancos de praça em batalhas silenciosas de inteligência e medo. Câmeras fechadas, enquadramentos calculados, uso inteligente de profundidade de campo e arquitetura urbana são recursos que enriquecem a experiência e atribuem simbolismo às decisões de cada personagem.
Até mesmo cenas sem diálogos ganham poder — como quando Kleya caminha em silêncio pelos corredores do hospital, revivendo memórias e carregando o peso de seu último ato com Luthen.
Sacrifícios e legado: o verdadeiro fim de uma jornada
Na reta final, Cassian assume um papel que transcende o herói clássico. Ele é a engrenagem de uma máquina maior. Sua importância não vem de grandes atos heroicos, mas da persistência diante do absurdo. Quando finalmente parte para o Ring of Kafrene, o espectador sente que chegou ao ponto exato onde Rogue One começa — e isso é feito sem alarde, mas com precisão emocional devastadora.
Bix, com um bebê nos braços, torna-se a representação viva de que há futuro depois da dor. A cena no campo de trigo, com ela segura o que se presume ser o filho de Cassian, encerra a série com uma mistura de melancolia e esperança que poucas obras conseguem alcançar.
Conclusão
“Andor” encerra sua jornada como um exemplo de como se fazer um bom prelúdio — não adicionando camadas artificiais, mas aprofundando as que já existiam. Ao contrário de tantas produções derivadas, ela justifica sua existência ao oferecer uma história com peso, relevância política, densidade emocional e domínio técnico.
Mais do que ampliar o universo Star Wars, “Andor” o dignifica. Mostra que há espaço para narrativas maduras, para tons de cinza e para personagens que não nasceram heróis, mas se tornaram por necessidade.
Ao final do 12º episódio da temporada de “Andor”, é impossível não desejar imediatamente assistir a Rogue One — e isso diz tudo. Por isso, não se trata de só uma série. É uma ponte emocional, política e narrativa para o melhor que Star Wars pode oferecer.
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Onde assistir à série Andor?
A série está disponível para assistir no Disney+.
Trailer da temporada 2 de Andor (2025)
Elenco de Andor, do Disney+
- Diego Luna
- Stellan Skarsgård
- Denise Gough
- Kyle Soller
- Genevieve O’Reilly
- Adria Arjona
- Faye Marsay
- Dave Chapman
- Elizabeth Dulau
- Joplin Sibtain
Ficha técnica da série Andor
- Título original: Andor
- Criação: Tony Gilroy
- Gênero: ficção científica, drama, suspense
- País: Estados Unidos
- Temporada: 2
- Episódios: 12
- Classificação: 14 anos