A Netflix reforça seu catálogo com uma produção argentina que transcende a mera adaptação literária. “As Maldições”, que estreou na plataforma nesta sexta-feira, 12 de setembro de 2025, é mais do que um thriller político: é uma imersão na complexidade das relações humanas, nos dilemas éticos e nas heranças invisíveis que se manifestam de geração em geração.
Baseada no romance homônimo de Claudia Piñeiro, a minissérie, com direção de Daniel Burman e Martín Hodara, consegue equilibrar a urgência de um suspense com a profundidade de um drama familiar, entregando uma obra que ressoa com a realidade.
Sinopse
A trama acompanha Fernando Rovira (Leonardo Sbaraglia), um governador de uma província no norte da Argentina, em um momento crucial de sua carreira: a votação de uma lei relacionada à exploração de lítio. No auge da tensão política, sua vida pessoal desmorona com o sequestro de sua filha, Zoe (Francesca Varela), orquestrado por ninguém menos que Román Sabaté (Gustavo Bassani), seu braço direito.
Forçado a uma escolha agonizante entre o poder que construiu e o amor por sua família, Rovira é arrastado para um emaranhado de segredos e mentiras que expõem as fissuras de sua vida pública e privada.
A narrativa se aprofunda nos motivos por trás do sequestro, que se revelam enraizados em um segredo de treze anos, mostrando como as decisões do passado criam as “maldições” que o protagonista agora é forçado a confrontar.
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Crítica
“As Maldições” é um exemplo de como a narrativa concisa, quando bem executada, pode ser mais impactante do que uma trama longa e estendida. Com apenas três episódios, a minissérie de aproximadamente duas horas funciona como um longa-metragem dividido em atos, cada um explorando uma camada diferente do dilema central.
No entanto, essa escolha criativa, embora priorize a tensão, pode deixar a sensação de que há mais a ser explorado nas complexidades dos personagens e nas ramificações da história.

A herança tóxica do poder e da família
O grande mérito da série está em sua capacidade de conectar temas tão distintos como a ambição política e os laços familiares. Ao usar o sequestro como catalisador, a obra de Daniel Burman e Martín Hodara expõe as fragilidades do poder. Fernando Rovira, um homem acostumado a controlar seu ambiente, se depara com a impotência e a necessidade de se render a uma força maior: o peso de suas próprias escolhas e as de sua família.
A série sugere que as “maldições” não são místicas, mas sim consequências diretas de segredos, mentiras e traições que se acumulam ao longo do tempo. É um lembrete de que, mesmo para os mais poderosos, as ações têm repercussões inevitáveis, e o passado sempre retorna para assombrar.
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Lítio, política e realismo
A inclusão do lítio na trama não é casual. A série utiliza este recurso, que é um ponto central de disputas econômicas e políticas na América Latina, para ancorar a ficção em uma realidade palpável. Essa escolha injeta um realismo potente na história, tornando o conflito de Rovira não apenas pessoal, mas também representativo de uma luta mais ampla pelo controle de recursos.
Ao abordar a forma como a política pode ser desumana em sua busca por progresso e lucro, a série convida o espectador a refletir sobre as implicações de grandes projetos corporativos na vida das pessoas comuns e no meio ambiente.
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Um elenco à altura da trama
A força da série reside em grande parte na solidez de seu elenco, com Leonardo Sbaraglia entregando uma performance convincente como um líder que se debate entre o dever e a emoção. Ele captura a intensidade de um homem no limite, cujos afetos pessoais estão em rota de colisão com suas ambições políticas.
No entanto, é Alejandra Flechner, no papel da matriarca Irene, que rouba a cena. Embora sua participação seja limitada, ela preenche cada momento com uma presença imponente, representando a essência da ambição e do controle, a verdadeira “maldição” que assombra a família.
Conclusão
“As Maldições” é um thriller enxuto e eficaz que explora os custos do poder e a complexidade das relações humanas. Embora a estrutura compacta possa deixar algumas pontas soltas, ela é compensada por atuações de peso e uma direção que cria uma atmosfera tensa e envolvente.
A obra se destaca por sua capacidade de ser, ao mesmo tempo, um drama íntimo e um comentário afiado sobre a política contemporânea, provando que o talento argentino tem muito a oferecer ao cenário audiovisual global. A série é uma excelente porta de entrada para quem busca um suspense inteligente, com uma história que ressoa bem depois dos créditos finais.
Onde assistir à série As Maldições?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Veja o trailer de As Maldições (2025)
Quem está no elenco de As Maldições, da Netflix?
- Leonardo Sbaraglia
- Gustavo Bassani
- Alejandra Flechner
- Francesca Varela
- Mónica Antonópulos
- Emiliano Kaczka
- Osmar Núñez
- César Bordón
- Pablo Isasmendi
- Roberto Suarez
 



 
                                 
                             
                                


















