Hedda crítica do filme Prime Video Festival do Rio 2025 Flixlândia

[CRÍTICA] A ‘Hedda’ que desafia o espectador e a sociedade

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Nia DaCosta, a diretora por trás de Candyman e As Marvels, voltou a trabalhar com Tessa Thompson para uma adaptação ousada da peça clássica Hedda Gabler, de Henrik Ibsen. Com lançamento direto no Prime Video no Brasil, mas exibida anteriormente no Festival do Rio 2025, a produção chama atenção pelo cenário opulento dos anos 1950 e uma visão nova: uma Hedda negra e bissexual.

Mas será que essa reinvenção mantém o impacto da obra original? Vamos mergulhar neste drama que mistura aristocracia, manipulação e crises internas em uma festa aparentemente elegante que transforma-se numa noite caótica.

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Sinopse

O filme se passa quase todo em uma festa na imensa mansão recém-adquirida por Hedda (Thompson) e seu marido George Tesman (Tom Bateman), que estão vivendo acima das suas posses na expectativa de que George conquiste uma vaga de professor universitário.

A situação se complica com a chegada da ex-amante de Hedda, Eileen Lovburg (Nina Hoss), uma pesquisadora sóbria e concorrente de George pelo emprego, acompanhada de sua parceira Thea (Imogen Poots). A tensão sexual, acadêmica e social cresce ao longo da festa, enquanto Hedda manipula os convidados num jogo de poder e destruição emocional, tentando se libertar das amarras da sociedade e de suas próprias frustrações.

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Crítica

A adaptação de DaCosta traz uma atualização intensa e necessária ao clássico de Ibsen, deslocando a trama do século XIX para os anos 1950 com um toque visual que lembra O Grande Gatsby, repleto de luxo decadente e tensão sob a superfície.

Essa transposição temporal, além de estilística, ganha força com os elementos que DaCosta adiciona: a protagonista é negra, bissexual, vivendo confinada numa sociedade que restringe não apenas seu gênero, mas sua cor e sexualidade. A troca do gênero do antigo amante para uma figura feminina adiciona camadas importantes ao jogo de poder e desejo.

Hedda como anti-heroína negra

Tessa Thompson entrega uma interpretação poderosa e multifacetada, equilibrando uma elegância fria com explosões sutis de emoção e manipulação. Sua Hedda é dominadora e presa ao mesmo tempo, uma mulher que não se enquadra nem nas expectativas tradicionais da época nem em qualquer idealizado papel de heroína.

Isso dialoga diretamente com as reflexões da diretora sobre permitir que mulheres negras “sejam desagradáveis”, complexas e imperfeitas na tela, algo raro e valioso. Hedda é uma anti-heroína que sentimos empatia e repulsa, uma figura fascinante que se rebela contra sua própria prisão social – e emocional.

crítica do filme Hedda Prime Video Festival do Rio 2025 Flixlândia (1)
Foto: Divulgação

A mansão como personagem vivo

O mérito visual do filme merece destaque: a fotografia luxuosa, a direção de arte minuciosa e os figurinos exuberantes criam uma ambientação que se sente viva e simbólica. A mansão não é só palco, mas metáfora da prisão onde Hedda se encontra, tudo isso reforçado pela trilha sonora que combina sons diegéticos com uma atmosfera pulsante, de suspense e claustrofobia, aumentando a sensação de que a festa está prestes a explodir a qualquer momento.

Enquanto Thompson e Hoss dominam as cenas com suas presenças fortes — a contraposição entre Hedda e Eileen é o coração da tensão dramática —, os demais personagens, mesmo que usados de forma mais funcional, contribuem para o clima de festa decadente, cheia de segredos e jogos de poder. Imogen Poots, no papel da jovem Thea, oferece o contraponto inocente, consciente do caos que se aproxima, mas impotente para detê-lo.

Nem tudo funciona perfeitamente: o roteiro, embora ágil e elegante no diálogo, às vezes parece se perder em estilo em detrimento do aprofundamento emocional. A forte ênfase na construção visual e nos jogos de poder pode afastar o espectador de uma conexão íntima com os personagens, especialmente nas partes finais, quando o clímax da noite deveria atingir sua maior carga dramática. A fragilidade dessa interioridade é um pequeno pecado num filme que aposta demais numa estética elaborada e nas performances.

Leia mais:

➡️ ‘A Memória do Cheiro das Coisas’ e o preço a pagar por conflitos
➡️ Colin Farrell contra o caos em ‘Balada de Um Jogador’
➡️ ‘A Própria Carne’, um banho de sangue com sabor de podcast

Conclusão

Hedda é uma obra desafiadora, que traz um clássico para os nossos tempos com ousadia e sensibilidade, devolvendo à protagonista a complexidade que ela merece — na pele de uma mulher negra que não aceita papéis simplificados.

Nia DaCosta e Tessa Thompson transformam a festa repleta de luxo e tensões em uma arena para questões sociais, de identidade e poder, ainda que às vezes sucumbam à frieza formal em detrimento do calor humano. É uma experiência para ser vista com atenção, que permanece pulsando mesmo após os créditos finais, tornando-se indispensável para quem gosta de cinema que propõe mais do que entretenimento: uma provocação.

Onde assistir ao filme Hedda?

O filme “Hedda” está disponível para assistir no Prime Video.

Veja o trailer de Hedda (2025)

YouTube player

Elenco de Hedda, do Prime Video

  • Tessa Thompson
  • Imogen Poots
  • Tom Bateman
  • Nicholas Pinnock
  • Nina Hoss
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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