Leia a crítica da série As Mortas, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘As Mortas’ e a beleza sinistra da crueldade

Série é baseada em uma história real

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Entre as diversas produções inspiradas em crimes reais, é raro encontrar uma obra que se destaque por sua originalidade, mesclando de forma audaciosa o horror com o humor ácido. A minissérie mexicana “As Mortas“, dirigida por Luis Estrada e disponível na Netflix, é um desses exemplares.

Baseada no romance homônimo de Jorge Ibargüengoitia e, por sua vez, inspirada nos chocantes crimes das irmãs “Las Poquianchis”, a série nos transporta para um México dos anos 1960, um palco de contrastes entre a elegância e a brutalidade, o poder e a opressão.

Longe de ser apenas mais um drama criminal, As Mortas se revela uma sátira mordaz sobre a corrupção, a impunidade e a natureza sombria da ambição humana. Com uma narrativa não linear e um elenco afiado, a série nos convida a uma jornada perturbadora, mas inegavelmente fascinante.

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Sinopse

As Mortas acompanha a ascensão e queda das irmãs Baladro, Serafina (Paulina Gaitán) e Arcángela (Arcelia Ramírez). Proprietárias de uma rede de bordéis no interior do México, elas constroem um império sustentado pela exploração de mulheres, pela ganância e por uma teia de corrupção que envolve políticos e militares. O ponto de partida da história, no entanto, é o presente de 1964, quando Serafina, dominada pela vingança contra seu ex-amante, o padeiro Simón Corona (Alfonso Herrera), acaba sendo presa junto a ele.

A partir daí, a narrativa se desdobra em uma sucessão de depoimentos e flashbacks, revelando a complexa história do casal. Serafina e Simón narram, cada um a seu modo, a história do relacionamento tempestuoso, pontuado por traições, ciúmes e um crime hediondo que os une: o assassinato de uma garota de programa.

A série explora o que aconteceu de 1960, quando o crime ocorreu, até o momento da prisão, em 1964. Cada nova versão da história, seja pela boca de Serafina, de Simón ou de outros personagens, como a cozinheira Mrs Skull, adiciona uma nova camada de incerteza, deixando o espectador em uma constante busca pela verdade.

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Crítica

Um dos pontos mais intrigantes de As Mortas é a sua estrutura narrativa não linear. O primeiro episódio, em particular, joga o público de cabeça no meio do conflito e utiliza o artifício do “narrador não confiável” para prender a atenção. A história é contada em pedaços, com versões conflitantes que se completam ou se contradizem, criando uma sensação de imprevisibilidade que reflete a vida caótica das protagonistas.

Essa abordagem, no entanto, vem com uma ressalva importante: a exposição excessiva. Para contextualizar os eventos e apresentar os personagens, a série por vezes recorre ao “dizer em vez de mostrar”. Nomes e referências são jogados na tela sem a devida introdução, o que pode confundir o público menos atento. Felizmente, essa densidade inicial se alivia nos episódios seguintes, permitindo que a trama e seus personagens sejam desenvolvidos de forma mais orgânica.

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Cena da série As Mortas, da Netflix (2025) - Flixlândia
Foto: Netflix / Divulgação

Uma sátira sem medo do bizarro

A direção de Luis Estrada é a grande força motriz da produção. Conhecido por seu estilo mordaz e crítico, ele transforma As Mortas em uma sátira política e social que não hesita em ser bizarra e grotesca. A série não se encaixa em um único gênero; é uma mistura inusitada de telenovela, drama criminal, sátira política e humor ácido.

A fusão desses elementos pode tornar o ritmo da série irregular, mas é justamente essa experimentação que a torna única. As Mortas é audaciosa o suficiente para transitar da comédia de erros para a tragédia sangrenta em questão de minutos, refletindo a natureza volátil e imprevisível das irmãs Baladro e do sistema corrupto em que vivem.

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O elenco e a alma da produção

O talento do elenco é o que dá profundidade a essa narrativa complexa. Paulina Gaitán, no papel de Serafina, entrega uma performance multifacetada, capaz de transitar entre a vulnerabilidade apaixonada e a frieza de uma mulher sedenta por vingança. Arcelia Ramírez complementa a dupla com uma interpretação de Arcángela que exala calculismo e crueldade. Juntas, elas criam uma dinâmica fascinante e assustadora.

O elenco de apoio também merece destaque, especialmente Alfonso Herrera como o ingênuo e patético Simón, que serve tanto de alívio cômico quanto de catalisador de eventos trágicos. Joaquín Cosío, no papel do corrupto Capitão Bedoya, encarna a podridão institucional com uma intensidade impressionante. A química entre os atores é palpável e sustenta a série mesmo em seus momentos mais lentos.

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Conclusão

As Mortas é uma série que divide opiniões, mas que, sem dúvida, merece a atenção de quem busca algo fora do convencional. Embora possa ser criticada por seu ritmo irregular e pela exposição excessiva em seu início, a produção se redime com atuações poderosas, uma direção ousada e uma crítica social afiada. A série não tem medo de incomodar ou de ser visceral, explorando a violência e a exploração com um olhar honesto e sem floreios, mas com uma dose de humor que beira o inacreditável.

A produção de Luis Estrada é um marco na televisão mexicana, misturando a tradição literária de Jorge Ibargüengoitia com uma estética moderna e provocadora. As Mortas vai além do crime e do mistério, servindo como um retrato sombrio de um sistema que permite que a ganância e a crueldade floresçam.

É uma história sobre monstros, mas também sobre a desolação das vidas desperdiçadas sob um regime de opressão e violência. Imperfeita, mas brilhante, a série deixa uma impressão marcante e reafirma a capacidade do entretenimento de nos fazer refletir sobre as partes mais sombrias da natureza humana.

Onde assistir à série As Mortas?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Veja o trailer de As Mortas (2025)

Quem está no elenco de As Mortas, da Netflix?

  • Paulina Gaitán
  • Arcelia Ramírez
  • Joaquín Cosío
  • Alfonso Herrera
  • Mauricio Isaac
  • Enrique Arreola
  • Fernando Bonilla
  • Leticia Huijara
  • Carlos Aragón
  • Kristyan Ferrer
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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