Leia a crítica da série Beijar ou Morrer, reality show da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Beijar ou Morrer’, a hilária e absurda batalha da improvisação japonesa

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“Beijar ou Morrer” estreou na Netflix como uma série japonesa que desafia as convenções de gênero de forma tão audaciosa quanto hilária. Sob a direção do veterano Nobuyuki Sakuma — conhecido por sua expertise em formatos que colocam comediantes em situações inusitadas —, a produção se posiciona como um híbrido peculiar: um reality show de competição, um game show com regras rígidas e um drama de improvisação completamente desregrado.

A premissa, aparentemente simples, oculta uma mecânica sofisticada de performance e metalinguagem. A série convida o público a um “jogo do beijo da morte”, onde comediantes lutam contra seus próprios desejos e instintos profissionais para entregar o que seria o “beijo supremo”. A questão não é apenas se eles conseguirão, mas se o público aceitará a aposta de uma produção tão excêntrica.

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Sinopse

“Beijar ou Morrer” acompanha um grupo de comediantes e artistas de improviso que são colocados em um cenário dramático de alto risco. O objetivo principal é atuar de forma convincente em cenas românticas e, no final, dar um beijo narrativamente justificado — o “beijo supremo”.

No entanto, há um obstáculo crucial: eles são constantemente testados por atrizes e modelos, cujas personagens tentam seduzi-los e fazer com que beijem antes do momento dramático apropriado. Se um comediante se render à tentação e der o que os juízes consideram um “beijo barato”, ele é imediatamente eliminado do jogo, ou, na linguagem da série, “morre”.

A cada episódio, os participantes navegam por situações cada vez mais insanas, desde experimentos científicos em uma companhia farmacêutica até encontros em escritórios. Acompanhados por um painel de apresentadores que comentam e analisam o desenrolar das cenas em tempo real, os artistas precisam manter a compostura e a coerência de seus personagens, resistindo a tentações enquanto improvisam uma história que os leve ao beijo final.

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Crítica

“Beijar ou Morrer” é, sem dúvida, uma obra que polariza. Para alguns, pode ser um retrato absurdo e até grosseiro da comédia japonesa. Para outros, é uma joia inesperada que explora os limites da performance e do humor.

A série não se encaixa em categorias fáceis, o que, por si só, é uma de suas maiores virtudes e, ironicamente, um de seus pontos mais questionáveis. A genialidade da produção reside em sua capacidade de operar em múltiplas camadas, transformando uma premissa boba em um comentário agudo sobre a natureza do entretenimento e da performance.

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cena da série Beijar ou Morrer, reality show da Netflix (2025) - Flixlândia (1)
Foto: Netflix / Divulgação

Audácia da premissa e a sátira de gênero

A premissa da série é um dos pontos mais intrigantes. A ideia de que comediantes precisam resistir à sedução em um jogo de sobrevivência já é, por si só, absurdamente cômica. A série adota a estrutura do popular gênero japonês “death game” (jogo da morte), onde os participantes enfrentam a “morte” como consequência de suas ações.

No entanto, “Beijar ou Morrer” subverte completamente a seriedade desse gênero, trocando a ameaça literal de morte pela humilhação pública e pelo fracasso criativo. Essa “morte” é uma metáfora para a falha em entregar uma performance digna. Ao fazer isso, a série parodia o melodrama intrínseco aos jogos de sobrevivência, usando seus tropos para gerar risadas em vez de suspense.

Além disso, a produção serve como uma crítica incisiva à noção de autenticidade em reality shows. Ao tornar o “romance” e o “desejo” uma habilidade técnica a ser julgada, o programa desmascara a ilusão de que as interações em programas de namoro, por exemplo, são puramente espontâneas. A presença de um painel de jurados que avalia a qualidade da atuação e da história improvisada reforça que o público está assistindo a uma performance, e não a um desenvolvimento romântico genuíno.

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Sinergia do elenco e colisão cultural

Um dos maiores trunfos da série é a colisão cuidadosamente orquestrada entre os diferentes talentos. A seleção de comediantes de alto calibre como Gekidan Hitori e Crystal Noda, mestres do improviso, é fundamental. Suas habilidades são postas à prova contra as atrizes, muitas das quais vêm do cinema adulto e da indústria de “modelagem gravure”.

Essa dinâmica é o coração do programa: a sagacidade dos comediantes contra a expertise das atrizes em performar sedução e intimidade. É uma engenharia cultural deliberada, um experimento social que coloca artistas de diferentes, e muitas vezes rigidamente separados, estratos da indústria do entretenimento japonesa em uma colaboração íntima.

A inclusão de figuras como Mana Sakura — uma atriz de vídeo adulto que fez uma transição bem-sucedida para o mainstream — é particularmente significativa, desafiando as hierarquias tradicionais da celebridade japonesa. A tensão profissional entre os grupos gera o atrito narrativo e cômico da série, tornando-a imprevisível e fascinante de assistir.

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Ritmo e abordagem “sem roteiro”

A natureza não roteirizada da série é tanto sua bênção quanto sua maldição. O ritmo pode ser caótico e, em alguns momentos, a falta de um enredo pré-definido pode fazer com que a narrativa pareça lenta ou sem direção.

Alguns espectadores podem se sentir perdidos na loucura, especialmente no início, quando a premissa parece confusa e abrupta. No entanto, para aqueles que se “sintonizam” com o ritmo e aceitam a imprevisibilidade, a recompensa é um humor genuinamente surreal e imprevisível.

As atuações, embora improvisadas, são surpreendentemente comprometidas. Os comediantes não quebram o personagem, e a química com as atrizes é palpável, tornando as cenas — por mais insanas que sejam — surpreendentemente críveis. O programa não tenta ser mais do que é: um formato de alto conceito com a meta de provocar riso através de situações absurdas.

Conclusão

“Beijar ou Morrer” é um produto singular da mente de Nobuyuki Sakuma, que consistentemente demonstra um talento para elevar formatos de nicho da televisão japonesa para uma audiência global. A série não é para todos.

Aqueles que buscam uma narrativa tradicional ou um humor convencional podem se sentir alienados pela sua estranheza e caos. É um programa que exige uma suspensão de descrença e uma apreciação pela comédia de improvisação em seu estado mais cru.

No entanto, para os fãs de comédia japonesa e para aqueles que apreciam a audácia formal, “Beijar ou Morrer” é uma experiência recompensadora. É um experimento social e uma desconstrução afiada do entretenimento contemporâneo que usa a sua própria bizarrice como uma forma de comentário.

Os participantes são impressionantes, a premissa é original e a execução, embora caótica, é comprometida. A série prova que, quando se trata de entretenimento, o verdadeiro “beijo supremo” pode ser a coragem de ser diferente.

Onde assistir ao reality Beijar ou Morrer?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Veja o trailer de Beijar ou Morrer (2025)

Quem está no elenco de Beijar ou Morrer, da Netflix?

  • Gekidan Hitori
  • Tetsuya Morita
  • Takashi Watanabe
  • Crystal Noda
  • Kazuya Shimasa
  • Gunpee
  • Ken Yahagi
  • Ryota Yamasato
  • Miyu Ikeda
  • Mamoru Miyano
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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