Crítica da série 'Cartas do Passado', da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Cartas do Passado’ acerta na premissa, mas falta profundidade

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A Netflix expande seu já robusto catálogo de produções turcas com “Cartas do Passado” (Geleceğe Mektuplar), uma minissérie que aterrissou na plataforma nesta quarta-feira, 23 de julho de 2025. Criada por Rana Denizer, a trama mergulha em uma premissa instigante: o poder transformador de mensagens esquecidas.

Através de cartas escritas na juventude e redescobertas décadas depois, a série convida o espectador a refletir sobre como o passado, por mais distante que pareça, pode remodelar drasticamente o presente.

Prometendo um drama íntimo e introspectivo, a produção busca consolidar o sucesso das narrativas turcas ao explorar temas universais como amor, amizade, desilusão e as sempre complexas segundas chances.

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Sinopse

Em 2003, Fatma Ayar (İpek Türktan), uma professora de literatura em uma escola privada, propõe aos seus alunos um exercício peculiar: escreverem cartas para si mesmos no futuro, com a intenção de que fossem abertas somente em 2023. No entanto, o destino intercede, e essas mensagens, esquecidas pelo tempo, são acidentalmente descobertas por Elif (Güneş Şensoy), a filha de Fatma, vinte anos depois.

Ao decidir reenviar as cartas aos seus destinatários originais, Elif desencadeia uma cascata de revelações que impactam profundamente a vida de todos os envolvidos. Cada episódio desenrola um reencontro com o passado, expondo amores perdidos, traumas não resolvidos, arrependimentos latentes e laços que pareciam desfeitos.

Paralelamente a essas descobertas coletivas, Elif se vê no centro de sua própria jornada quando uma das cartas revela um segredo chocante sobre sua origem, impulsionando-a a desvendar a verdade sobre sua mãe biológica e a confrontar uma parte desconhecida de sua própria história.

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Crítica

“Cartas do Passado” chega com a promessa de um drama emocionalmente denso, e embora toque em temas com grande potencial, a execução nem sempre atinge a profundidade esperada. A série se propõe a ser uma meditação sobre o tempo e seus efeitos, mas por vezes se perde em sua própria estrutura.

As cartas como catalisadores

O conceito central das cartas como um elo entre o eu adolescente e o eu adulto é, sem dúvida, o ponto mais forte da série. A ideia de que palavras escritas em um momento de ingenuidade e aspiração possam ressoar de forma tão impactante no futuro é cativante.

“Cartas do Passado” tenta explorar a ligação entre a adolescência e a idade adulta, os sonhos esquecidos e as verdades escondidas. A descoberta casual de Elif é o gatilho narrativo que impulsiona a história, explorando tanto as trajetórias individuais dos alunos quanto o mistério pessoal que a envolve.

Contudo, a representação das reações dos personagens adultos ao lerem suas próprias cartas, embora demonstre sorrisos e lágrimas, raramente aprofunda a reflexão sobre arrependimentos ou o contraste entre o “eu” do passado e o do presente.

Falta uma camada de introspecção que convide o espectador a realmente sentir o peso do tempo sobre esses personagens.ma. A seguir, exploramos o que aconteceu com os casais e participantes após o término do show.

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Cena da série 'Cartas do Passado', da Netflix (2025) - Flixlândia
Cena da série ‘Cartas do Passado’ (Foto: Netflix / Divulgação)

Construção de personagens e tramas paralelas

A série apresenta um elenco intergeracional, com Güneş Şensoy entregando uma atuação convincente como Elif, uma jovem em busca de significado e verdade. O elenco adulto, que inclui nomes como Gökçe Bahadır e Onur Tuna, tem a difícil tarefa de encarnar a versão envelhecida de personagens que, na juventude, são introduzidos com descrições um tanto superficiais.

Zuhal (Gökçe Bahadır), por exemplo, é definida inicialmente por sua persona cuidadosamente curada e sua aversão a Levent, seu irmão traficante. Sua transição para uma influenciadora de mídia social na idade adulta é uma progressão lógica, mas a série não aprofunda o vazio ou a busca por afeto que a fama não preenche.

Outros personagens, como Banu (Nilüfer Bayraktutan na juventude, Selin Yeninci adulta), constantemente alvo de “fat-shaming”, ou Mert (Can Bartu Arslan jovem, Onur Tuna adulto), o esportista, parecem mais como arquétipos que como indivíduos complexos. Essa falta de profundidade inicial dificulta a conexão emocional do público com suas jornadas adultas.

As interações dos alunos em 2003, muitas vezes erráticas e inconsistentes – brigando em um minuto e sendo melhores amigos no próximo – tornam difícil entender a base de suas amizades, e por consequência, o impacto que essas cartas deveriam ter. A dinâmica do “quem ficou com quem” na adolescência também se torna confusa, diluindo o interesse nos romances e nos múltiplos “hookups”.

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A revelação de Elif e a busca por identidade

O subenredo envolvendo Elif e o segredo de sua origem é um dos pilares mais fortes e emocionalmente carregados da série. A busca da protagonista pela verdade sobre sua mãe biológica adiciona uma camada de urgência e drama pessoal que ressoa.

É nessa jornada que a série encontra seus momentos mais impactantes, conectando o drama coletivo das cartas ao íntimo questionamento de identidade de Elif. A forma como essa revelação abala sua vida e a impulsiona à ação é bem construída, oferecendo uma linha narrativa clara e envolvente.

Qualidade técnica e ressonância emocional

Visualmente, “Cartas do Passado” se beneficia de uma cinematografia que valoriza a atmosfera intimista, típica dos dramas turcos. A música também contribui para o tom emocional da narrativa. No entanto, a série por vezes se arrasta, com alguns momentos que parecem desnecessariamente prolongados, prejudicando o ritmo.

Embora busque uma abordagem emocional e introspectiva, emulando obras como “This Is Us”, “Cartas do Passado” nem sempre consegue manter a intensidade emocional ou a profundidade filosófica de suas inspirações.

A ausência de uma exploração mais profunda sobre os arrependimentos, os “e se” e as transformações internas dos personagens adultos, faz com que a série se incline mais para o melodrama do que para uma análise sensível da passagem do tempo e da memória.

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Conclusão

“Cartas do Passado” é um drama que acerta em sua premissa e em alguns de seus momentos mais íntimos, especialmente na jornada de Elif. A série tem o mérito de explorar o impacto do passado no presente, a complexidade das relações humanas e a busca por identidade.

No entanto, a falta de profundidade na caracterização de alguns personagens e a irregularidade no desenvolvimento das tramas paralelas podem deixar o espectador com a sensação de que o potencial total da história não foi plenamente explorado.

Para os fãs de dramas familiares introspectivos e de narrativas que exploram segredos enterrados e legados emocionais, “Cartas do Passado” oferece um formato cativante com seus oito episódios. Embora não seja uma obra-prima inquestionável, é uma adição válida ao crescente corpo de produções turcas na Netflix, capaz de evocar emoções e convidar à reflexão, mesmo que de forma mais superficial do que o esperado.

Onde assistir à série Cartas do Passado?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Assista ao trailer de Cartas do Passado (2025)

Elenco de Cartas do Passado, da Netflix

  • Gökçe Bahadır
  • Onur Tuna
  • Selin Yeninci
  • Erdem Şenocak
  • Saygın Soysal
  • Güneş Şensoy
  • Can Bartu Arslan
  • Kerem Alp Kabul
  • Deniz Bakacak
  • Nilüfer Bayraktutan
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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