Confira a crítica da série "Cobras e Escadas", comédia mexicana de 2025 disponível para assistir na Netflix.

‘Cobras e Escadas’: uma comédia amarga sobre o preço do poder

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Com apenas seis episódios, s série “Cobras e Escadas” chega à Netflix como mais uma colaboração de peso entre Manolo Caro e Cecilia Suárez, duo criativo já conhecido por obras como A Casa das Flores e Alguém Tem que Morrer. A minissérie, embora vendida como comédia, transita com maestria entre o riso contido, a crítica social e a tensão moral, ao acompanhar a jornada de uma professora que deseja muito mais do que ensinar.

Ambientada em uma escola de elite mexicana, a série propõe um jogo de aparências onde cada personagem move suas peças em busca de status, relevância e, claro, poder. E é justamente nesse tabuleiro simbólico, feito de escadas promissoras e cobras traiçoeiras, que se desenha o destino da protagonista — e da sociedade que a cerca.

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Sinopse da série Cobras e Escadas (2025)

Dora López, interpretada com precisão e camadas por Cecilia Suárez, é uma professora respeitada, mas invisível aos olhos do poder. Mãe solo, cansada da vida medíocre e de seu ex-marido folgado, ela mira no cargo de diretora da escola onde trabalha como o auge de sua emancipação pessoal. Porém, o colégio em que ensina é dominado por pais ricos, políticos e empresários que decidem, nos bastidores, quem sobe e quem desce.

Quando uma briga entre dois alunos explode em uma disputa entre suas influentes famílias, Dora percebe que precisa jogar o jogo da influência para alcançar seu objetivo. Assim, entre alianças duvidosas, traições veladas e dilemas éticos constantes, a professora começa a se transformar — até se tornar irreconhecível.

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Crítica de Cobras e Escadas, da Netflix

Apesar de se vender como uma comédia, “Cobras e Escadas” não entrega risadas fáceis. O humor aqui é mordaz, desconfortável e repleto de significados. As situações são absurdas, mas verossímeis; os personagens, caricatos, mas realistas. O riso surge não do pastelão, mas da constatação amarga de que o sistema funciona exatamente como ali é mostrado: cínico, injusto e teatral.

Manolo Caro acerta ao escolher a sátira como caminho. Ele transforma a escola num microcosmo da elite mexicana — com suas corrupções, privilégios e hipocrisias — e insere sua protagonista nesse universo como uma peça dissonante, mas, ao final, conformada.

Cecilia Suárez: o coração do caos

Cecilia Suárez entrega uma das interpretações mais densas de sua carreira. Sua Dora começa como símbolo de integridade, mas logo revela ambições latentes, disfarçadas de idealismo. A transformação é gradual e inquietante: aos poucos, a personagem vai se afastando de qualquer pureza e se enredando nas mesmas práticas que antes criticava.

Dora é humana — o que significa, aqui, falha, contraditória e perigosamente ambiciosa. Suárez sabe equilibrar esse paradoxo com domínio, fazendo com que o espectador torça e tema por ela ao mesmo tempo.

Coadjuvantes: caricaturas que funcionam

Além da protagonista, a série conta com um elenco que sustenta o ritmo e o caos com energia. Juan Pablo Medina, Marimar Vega, Martiño Rivas e Michelle Rodríguez entregam figuras secundárias que roubam cena e ampliam o escopo da crítica.

O caso de Olmo, o magnata do chocolate, é um bom exemplo: seu arco, que vai da generosidade aparente à ruína moral e financeira, espelha perfeitamente o tema central da série — o quanto o poder é frágil, mesmo entre os privilegiados.

Já a trama envolvendo o triângulo amoroso de Tamara, Vicente e Roque traz uma dose de irreverência que, embora flerte com o exagero, contribui para a atmosfera surreal que permeia toda a obra.

A estética do exagero como recurso narrativo

Visualmente, “Cobras e Escadas” é vibrante. A direção de arte abusa de cores saturadas, ângulos ousados e trilhas sonoras irônicas, compondo um cenário quase operístico da decadência moral. A escolha por exagerar nos tons — do figurino aos diálogos — não é um erro, mas parte essencial da linguagem da série.

Essa estilização, marca de Manolo Caro, amplifica a crítica: ao tornar tudo grandioso e absurdo, ele mostra como o poder, por mais sério que pareça, é frequentemente sustentado por encenações ridículas.

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Conclusão

“Cobras e Escadas” é, acima de tudo, uma alegoria sobre o poder: quem o deseja, quem o detém e o que é preciso perder para conquistá-lo. Ao fim da temporada, a personagem de Dora não se torna diretora — seu objetivo inicial —, mas conquista um cargo ainda mais alto, à custa de tudo o que a definia como ética. É o triunfo da ambição — e a derrota da integridade.

Com roteiro inteligente, atuações afiadas e uma direção ousada, a série escapa das fórmulas fáceis e entrega uma crítica poderosa, camuflada sob camadas de escândalo, humor e exagero. Pode não agradar a todos — especialmente os que esperam comédia leve ou resolução redentora —, mas certamente deixará marcas em quem aceitar descer (e subir) essa escada.

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Onde assistir à série Cobras e Escadas?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Cobras e Escadas (2025)

YouTube player

Elenco de Cobras e Escadas, da Netflix

  • Cecilia Suárez
  • Juan Pablo Medina
  • Martiño Rivas
  • Marimar Vega
  • Benny Emmanuel
  • Loreto Peralta
  • Michelle Rodríguez
  • Alfredo Gatica
  • Germán Bracco
  • Gerardo Trejoluna

Ficha técnica da série Cobras e Escadas

  • Título original: Serpientes y Escaleras
  • Gênero: comédia, drama
  • País: México
  • Temporada: 1
  • Episódios: 8
  • Classificação: 16 anos
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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