O dorama japonês “Coração de Vidro” chegou à Netflix nesta quinta-feira (31) cercado de expectativas. Estrelado por Takeru Satoh, conhecido por “First Love”, a série mergulha no universo da indústria fonográfica japonesa, explorando os bastidores da criação musical, as tensões artísticas e os dramas pessoais que moldam o caminho para o estrelato.
Com uma produção ambiciosa e um elenco talentoso, “Coração de Vidro” se posiciona como um dos lançamentos mais aguardados do ano, prometendo uma experiência imersiva e emocionante para os fãs de música e drama.
Sinopse
“Coração de Vidro” nos apresenta à jornada de Akane Saijo (Yu Miyazaki), uma baterista talentosa que, após ser inesperadamente expulsa de sua antiga banda, encontra uma nova oportunidade ao ser descoberta por Naoki Fujitani (Takeru Satoh), o brilhante e recluso vocalista da banda fictícia TENBLANK. Akane é convidada a integrar o grupo, que já conta com o guitarrista Sho Takaoka (Keita Machida) e o tecladista Kazushi Sakamoto (Jun Shison).
À medida que a TENBLANK ascende ao estrelato, impulsionada pelas composições distintas de Fujitani e suas performances eletrizantes, a banda enfrenta inúmeros desafios, incluindo segredos pessoais de Naoki, rivalidades com bandas concorrentes como a OVER CHROME, liderada por Toya Shinzaki (Masaki Suda), e as pressões inerentes à fama.
A trama se desenrola acompanhando a transformação de Akane, de uma estudante discreta a uma estrela em ascensão, enquanto ela busca seu lugar e lida com os obstáculos do ambiente criativo. A série também explora temas como a resiliência feminina, a busca por reconhecimento e a importância da solidariedade artística, tudo embalado por cenas musicais grandiosas e uma trilha sonora original assinada por nomes de peso como Yojiro Noda, vocalista da banda Radwimps.
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Crítica
“Coração de Vidro” chega com a promessa de ser um marco no gênero de dramas musicais japoneses, e em muitos aspectos, cumpre essa promessa com louvor. A série se destaca pela sua abordagem ambiciosa e pela atenção aos detalhes, especialmente no que tange às performances musicais e à construção visual.
No entanto, nem tudo são acordes perfeitos, e alguns elementos da trama e do desenvolvimento de personagens podem desafinar a experiência para alguns espectadores.
A ressonância da música ao vivo
Um dos pontos mais fortes e inegáveis de “Coração de Vidro” reside em suas cenas musicais. A série eleva o padrão do que se espera de um drama musical, com performances ao vivo que transbordam energia e realismo.
A decisão de filmar com múltiplas câmeras, milhares de figurantes e, crucialmente, de fazer com que os atores passem por um treinamento instrumental rigoroso por mais de um ano, é recompensada com performances autênticas e imersivas. O público realmente sente a reverberação do baixo, o suor dos vocalistas e a paixão que emana do palco.
A trilha sonora original, com composições de Yojiro Noda (Radwimps), Taka (ONE OK ROCK) e outros grandes nomes do J-Rock e J-Pop, é um pilar fundamental para a série. As canções da TENBLANK, como “Crystalline Echo”, são cativantes e contribuem significativamente para a atmosfera e a profundidade emocional da narrativa.
É nas jam sessions, nas gravações de álbuns e nos grandes shows que “Coração de Vidro” realmente brilha, capturando a essência da música como uma forma de conexão e cura.
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Melodias contraditórias
O elenco de “Coração de Vidro” é um verdadeiro festival de talentos, mas a forma como esses talentos são explorados varia. Takeru Satoh entrega uma performance vibrante como Naoki Fujitani, o “Amadeus da indústria do rock”. Sua entrega ao papel de estrela do rock é evidente, com um carisma que preenche a tela, mesmo que por vezes beire a caricatura com seus trejeitos e posturas “rock star”.
Contudo, é nas interações com outros personagens, especialmente com Sho Takaoka (Keita Machida), que Naoki se torna mais real e multifacetado, revelando camadas de vulnerabilidade e humor.
Keita Machida brilha como o guitarrista Sho Takaoka, demonstrando uma magnetismo e carisma sem esforço. Sua atuação contida e observadora contrasta com a grandiosidade de outros personagens, e os momentos em que ele assume o protagonismo emocional são alguns dos mais impactantes da série. Jun Shison como Kazushi Sakamoto também oferece uma performance reservada e interessante.
Questionamento sobre a protagonista
O grande ponto de discussão, entretanto, reside na protagonista, Akane Saijo (Yu Miyazaki). Embora Yu Miyazaki seja inegavelmente talentosa, especialmente ao tocar bateria, a personagem de Akane, por vezes, carece de profundidade.
Ela é apresentada como a “heroína de coração puro” e a “inserção idealizada de fã”, o que a torna um tanto bidimensional e reativa. As suas arestas são suavizadas em prol de uma idealização, o que a impede de ser tão interessante quanto poderia. É uma pena, pois os momentos em que ela está tocando bateria são aqueles em que ela verdadeiramente ganha vida, livre e desinibida.
Outros personagens de apoio, como Masaki Suda como o rival Toya Shinzaki, trazem uma energia intensa, por vezes exagerada, mas que funciona dentro do contexto do drama musical. Erika Karata oferece uma performance sutil e notável como Miyako Kai, a empresária da TENBLANK, atuando como um contraponto interessante às personalidades mais extravagantes.
Ritmo narrativo e acordes românticos
“Coração de Vidro” possui seu próprio ritmo, que, assim como uma música, tem seus altos e baixos. A direção de Kohtaro Goto e a cinematografia de Kensaku Kakimoto conseguem capturar a energia elétrica dos shows, utilizando cortes rápidos, zooms dramáticos e planos aéreos que emulam a experiência de um filme de concerto. A série também se beneficia de uma estética visual cuidadosamente elaborada, com uma iluminação espacial que transita entre atmosferas oníricas e momentos de intensidade vibrante.
No entanto, a narrativa, especialmente em sua segunda metade, abraça alguns clichês de dramas. A ascensão meteórica da TENBLANK ao estrelato, com saltos temporais que levam a banda de um primeiro videoclipe a arenas lotadas em poucos episódios, pode parecer um atalho. Além disso, certas subtramas com adversários são resolvidas de forma um tanto apressada.
O aspecto romântico da série, particularmente o relacionamento entre Akane e Naoki, é o elo mais fraco. Apesar da química inegável entre Takeru Satoh e Yu Miyazaki, a paixão entre os personagens parece artificial e carece de calor tangível. O romance segue um caminho previsível, sem a centelha distintiva que se esperaria de uma trama tão rica em emoções.
“Coração de Vidro” funciona melhor quando se concentra na paixão pela música, na solidariedade artística e na busca por um lugar no mundo, em vez de se prender a dinâmicas românticas mais óbvias e menos envolventes.
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Conclusão
“Coração de Vidro” é um dorama que, apesar de algumas imperfeições narrativas e um romance pouco convincente, ressoa com uma energia contagiante e inegável. A série acerta em cheio ao priorizar a música como o coração pulsante da história, demonstrando o poder da arte para conectar pessoas, curar feridas e transformar vidas. As performances musicais são o grande trunfo, elevando a produção a um patamar de grandiosidade visual e emocional que é raro de se ver.
Com um elenco talentoso, uma direção visual ambiciosa e uma trilha sonora de peso, “Coração de Vidro” cativa e arrebata, mesmo quando alguns de seus acordes narrativos desafinam. É uma série que te convida a apertar o botão do “próximo episódio” sem hesitação, lembrando-nos que o amor mútuo pela arte e a necessidade inabalável de criar e compartilhar são as mais potentes formas de união.
Para os fãs de doramas musicais e histórias de superação, “Coração de Vidro” é uma experiência recompensadora, um hino à paixão artística que, apesar de seus defeitos, toca todas as notas certas quando realmente importa.
Onde assistir ao dorama Coração de Vidro?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Coração de Vidro (2025)
Elenco de Coração de Vidro, da Netflix
- Takeru Satoh
- Yu Miyazaki
- Keita Machida
- Jun Shison
- Masaki Suda
- Erika Karata
- Akari Takaishi
- Pistol Takehara
- You
- Naohito Fujiki
















