Confira a crítica do filme "Coração Delator", drama argentino de 2025 disponível para assistir na Netflix.

‘Coração Delator’ emociona sem desafiar – e talvez esse seja o problema

Compartilhe

Estreando na Netflix nesta sexta-feira (30), “Coração Delator”, filme dirigido por Marcos Carnevale, é mais uma incursão do cineasta argentino no território das emoções fáceis e das tramas moralmente redentoras.

Protagonizado por Benjamín Vicuña e Julieta Díaz, o filme se ancora em uma premissa poderosa — um transplante de coração que muda vidas — para construir uma narrativa sobre reconexão, empatia e segundas chances. Mas será que, em meio à sensibilidade do tema, o longa consegue ir além do conforto do previsível?

Frete grátis e rápido! Confira o festival de ofertas e promoções com até 80% OFF para tudo o que você precisa: TVs, celulares, livros, roupas, calçados e muito mais! Economize já com descontos imperdíveis!

Sinopse do filme Coração Delator (2025)

Juan Manuel (Benjamín Vicuña) é um empresário frio e bem-sucedido que sofre um infarto e, para sobreviver, recebe o coração de Pedro, um homem humilde morto após um acidente. Pedro era morador de um bairro popular em Buenos Aires, onde sua viúva Valeria (Julieta Díaz) tenta manter viva a memória do marido e proteger a comunidade contra uma iminente demolição comandada… pelo próprio Juan.

Movido por uma transformação súbita e sem revelar sua verdadeira identidade, Juan se aproxima de Valeria e dos moradores locais. Ao mergulhar na vida que Pedro deixou para trás, ele se vê envolvido emocionalmente e moralmente, confrontando seus valores e suas escolhas diante de uma chance única de redenção.

➡️ ‘O Jogo da Viúva’ é sombrio e perturbador como o crime que o inspira

Crítica de Coração Delator, da Netflix

Marcos Carnevale não esconde sua predileção por narrativas que combinam o trágico com o esperançoso, e “Coração Delator” é mais um exemplar dessa receita. Aqui, ele evita os exageros do melodrama tradicional, mas também não se permite ousadias. A narrativa flui com a previsibilidade de um filme vespertino: personagens opostos que se complementam, destino que empurra mais que os próprios protagonistas e reviravoltas que não surpreendem.

A construção emocional funciona — em parte — graças ao carisma do elenco. Vicuña oferece um Juan Manuel inicialmente cínico, mas crível em sua mudança de atitude. Díaz, por sua vez, empresta dignidade e contenção a Valeria, personagem que poderia facilmente resvalar no sentimentalismo. No entanto, mesmo com boas atuações, falta intensidade verdadeira ao arco central.

➡️ ‘Ilha das Flores’ + ‘Saneamento Básico’: obras continuam excelentes e (infelizmente) atuais

Entre o drama social e o romance redentor

O pano de fundo do filme — a ameaça de demolição de um bairro popular — parece prometer um confronto de classes ou ao menos uma crítica mais contundente ao abismo social argentino. Mas essa camada social está ali apenas como cenário para o drama pessoal de Juan. O roteiro opta por transformar a luta da comunidade em um impulso para a evolução do protagonista, enfraquecendo o potencial de engajamento mais profundo.

Nesse sentido, a crítica de classe é superficial, quase decorativa. Os moradores do bairro, embora simpáticos e diversos, são personagens acessórios, inseridos para gerar simpatia e acolher a transformação do “homem de negócios” em “homem de alma”.

➡️ ‘Confinado’: suspense tem premissa simples e diversas camadas temáticas

Direção eficiente, mas sem risco

Tecnicamente, “Coração Delator” é bem executado. A fotografia de Horacio Maira ilumina o contraste entre os espaços frios da elite urbana e o calor humano do bairro de Pedro. A direção de arte de Graciela Fraguglia reforça esse jogo de opostos com competência. Já a música de Gerardo Gardelín cumpre seu papel de acentuar as emoções, sem exagerar.

Ainda assim, tudo isso serve a uma estrutura de narrativa que não quer desestabilizar. Carnevale segue a tradição de filmes como Elsa & Fred ou Goyo: histórias comoventes, mas que entregam suas mensagens de forma direta, quase publicitária. O tema dos transplantes, por exemplo, aparece com força simbólica, mas não é explorado de modo ético ou existencial. Há culpa, sim, mas filtrada por boas intenções e resoluções fáceis.

➡️ ‘Deslizando pela Vida 2’ e o peso das segundas chances

Um produto sob medida para o streaming

Em seus 89 minutos, o filme evita a complexidade e se encaixa com perfeição no que se espera de um drama leve da Netflix. Com elementos de Clube da Lua e até ecos distantes de A Felicidade Não Se Compra, de Frank Capra, “Coração Delator” tenta tocar o espectador, mas sem jamais incomodá-lo. É feito para ser assistido em uma tarde chuvosa, emocionando de forma passageira e logo sendo esquecido.

➡️ Acompanhe o Flixlândia no Google Notícias e fique por dentro do mundo dos filmes e séries do streaming

Conclusão

“Coração Delator” é um filme competente, emocionalmente acessível e visualmente agradável. Seu maior mérito talvez seja exatamente esse: ser eficaz em sua proposta de entreter e tocar o coração do público sem exigir muito. Mas é justamente por não arriscar que ele se limita.

Para quem busca um drama comovente e de fácil digestão, o filme cumpre bem seu papel. Para quem espera mais — mais crítica, mais desconforto, mais verdade —, fica a sensação de que o coração do filme bate, mas não pulsa com força total.

Siga o Flixlândia nas redes sociais

Instagram

Twitter

TikTok

YouTube

Onde assistir ao filme Coração Delator?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Coração Delator (2025)

Elenco de Coração Delator, da Netflix

  • Benjamín Vicuña
  • Julieta Díaz
  • Peto Menahem
  • Gloria Carrá
  • Julia Calvo
  • Yayo Guridi
  • Bicho Gómez
  • Facundo Espinosa
  • Verónica Hassan
Escrito por
Giselle Costa Rosa

Navegando nas águas do marketing digital, na gestão de mídias pagas e de conteúdo. Já escrevi críticas de filmes, séries, shows, peças de teatro para o sites Blah Cultural e Ultraverso. Agora, estou aqui em um novo projeto no site Flixlândia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas

Artigos relacionados

‘A Vida de Chuck’ abraça o apocalipse com afeto e gratidão

Mike Flanagan já havia conquistado o público com sua habilidade em transformar...

Crítica do filme Invocação do Mal 4 O Último Ritual (2025)

‘Invocação do Mal 4’: o emocionante adeus de uma saga exausta

Filmes de terror sempre tiveram seu espaço, seja com histórias únicas de...

Crítica do filme Missão Resgate Vingança (2025) - Flixlândia (1)

‘Missão Resgate: Vingança’: o gelo se foi, mas o cansaço de Neeson permanece na estrada

A filmografia recente de Liam Neeson tem seguido um roteiro familiar, quase...

Crítica do filme O Caixão de Vidro, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘O Caixão de Vidro’, quando o fim não é a morte, mas o pesadelo

O cinema de terror asiático, em particular o tailandês, tem um talento...

Crítica do filme Doente de Amor da Netflix (2025) - Flixlândia

A doce melancolia de ‘Doente de Amor’

O cinema asiático, e em particular o taiwanês, tem uma habilidade ímpar...

Crítica do filme O Clube do Crime das Quintas-Feiras, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘O Clube do Crime das Quintas-Feiras’ tem charme, mas falta profundidade

A promessa era sedutora: trazer o universo aconchegante e sagaz do best-seller...

Leia a crítica do filme Love Me (2025) - Flixlândia (1)

‘Love Me’ é uma reflexão profunda sobre o amor na era do algoritmo

No vasto e, por vezes, estéril cenário da ficção científica, surgem obras...

Leia a crítica do filme Abandonados, do Filmelier+ (2015) - Flixlândia

Em ‘Abandonados’, a maior vítima é o roteiro

Filmes de luta do homem contra a natureza geralmente fazem um certo...