Confira a crítica da série "Doc", drama médico de 2025 com Molly Parker disponível para assistir no Disney+.

‘Doc’ aposta mais na emoção do que na inovação

Foto: Disney+ / Divulgação
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“Doc”, a nova série médica do Disney+, estreou com grande expectativa ao adaptar para o público norte-americano a história real que inspirou o sucesso italiano “DOC – Uma Nova Vida”.

Com Molly Parker no papel principal, a série propõe um olhar introspectivo sobre a reconstrução pessoal e profissional de uma médica brilhante e fria que, após sofrer um acidente e perder oito anos de memória, vê-se obrigada a reaprender quem é. No entanto, essa premissa potente é, ao longo da temporada, executada com altos e baixos.

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Sinopse da série Doc (2025)

A trama acompanha a Dra. Amy Larsen (Molly Parker), chefe de medicina interna do Westside Hospital, em Minneapolis. Conhecida por sua competência inquestionável e sua personalidade abrasiva, Amy sofre um acidente de carro que resulta em um traumatismo craniano grave, apagando da sua memória os últimos oito anos.

Ao acordar, acredita ainda ser casada com Michael (Omar Metwally) e desconhece tanto a morte trágica de seu filho quanto a deterioração de seu relacionamento com a filha adolescente, Katie (Charlotte Fountain-Jardim).

Paralelamente, Amy precisa lidar com um hospital onde deixou marcas profundas: colegas ressentidos, antigos rivais e amores ocultos. Entre episódios médicos, flashbacks e reconstruções emocionais, a série explora a tentativa de Amy em conciliar quem foi, quem se tornou e quem quer ser.

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Crítica de Doc, do Disney+

Sem dúvidas, o maior trunfo de “Doc” é a interpretação de Molly Parker. A atriz canadense, veterana de “House of Cards” e “Deadwood”, confere à Dra. Amy Larsen uma complexidade rara nas protagonistas femininas do gênero. Sua performance transita com habilidade entre a frieza calculada da médica pré-acidente e a vulnerabilidade desarmante da mulher que acorda para um mundo que já não reconhece.

Parker domina os diálogos técnicos com autoridade, mas é nos silêncios — nas expressões de confusão, raiva ou ternura — que constrói uma personagem tridimensional. É ela quem impede que “Doc” caia de vez na superficialidade, sustentando a narrativa mesmo quando o roteiro se apoia demais em clichês ou resoluções fáceis.

A estrutura episódica: entre o previsível e o envolvente

Como todo procedural médico, “Doc” abraça a fórmula do “caso da semana”, muitas vezes repetindo a estrutura de paciente em estado grave, diagnóstico difícil e, finalmente, um insight salvador vindo de Amy.

Embora essa fórmula seja funcional e garanta ritmo à série, carece de ousadia. Em vários momentos, a previsibilidade esvazia a tensão, e a falta de desenvolvimento mais profundo dos casos gera a sensação de que a série prioriza a quantidade de histórias em detrimento da qualidade delas.

Por outro lado, episódios como “Segredos e Mentiras” (episódio 7) e os focados nos irmãos Leo e Sam (episódio 5) ou em Nancy (episódio 8) demonstram o potencial dramático da série, quando se permite ir além do padrão e explora com mais sensibilidade as nuances éticas e emocionais do ambiente hospitalar.

Amnésia como metáfora e artifício narrativo

O uso da amnésia como premissa é ao mesmo tempo o aspecto mais interessante e mais limitante de “Doc”. Por um lado, oferece à série a chance de discutir questões profundas: identidade, arrependimento, maternidade, escolhas e recomeços. Por outro, aprisiona a narrativa a uma dinâmica que rapidamente corre o risco de se esgotar.

A ideia de Amy poder “renascer” sem o fardo de sua história é potente e rende bons momentos dramáticos, como as cenas de sua perplexidade ao descobrir que o filho morreu e que sua filha a rejeita. No entanto, a série parece mais confortável em transformar essa premissa em uma espécie de “carta branca” para que a protagonista se redima facilmente, sem precisar confrontar de forma mais densa suas falhas passadas.

Relações rasas: quando o elenco de apoio não sustenta o peso

Embora o elenco de apoio seja competente — especialmente Amirah Vann, como a psiquiatra e melhor amiga Gina — muitos personagens orbitam Amy sem ganhar a devida profundidade. As dinâmicas familiares e profissionais, que poderiam acrescentar tensão e riqueza à trama, muitas vezes são resolvidas de forma apressada ou simplista.

A relação de Amy com a filha, por exemplo, é tratada como um obstáculo a ser superado, mas sem mergulhar no real impacto emocional que oito anos de afastamento provocariam em ambas. O triângulo amoroso entre Amy, Michael e Jake (Jon-Michael Ecker) é eficiente em termos dramáticos, mas carece de ambiguidade e força para se destacar entre tantos já vistos na televisão.

Reflexão sobre o gênero: segurança ou falta de ambição?

“Doc” insere-se com facilidade no panteão de séries médicas populares, como “Grey’s Anatomy” ou “Hospital New Amsterdam”, mas não busca reinventar o gênero. O tom é sóbrio, evitando o melodrama excessivo, e a produção é impecável em termos técnicos. Entretanto, falta-lhe o arrojo para se arriscar mais, seja estilisticamente, seja no aprofundamento das questões sociais e éticas que toca de maneira superficial.

A crítica de um paciente sobre o sistema de saúde canadense e a repercussão que gerou exemplificam bem esse ponto: a série não parece disposta a problematizar ou explorar criticamente aspectos do sistema de saúde americano, preferindo manter-se em um terreno seguro e palatável ao grande público.

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Conclusão

“Doc” é um drama médico competente, que se beneficia de uma protagonista bem interpretada, mas que, ao optar por caminhos narrativos seguros e previsíveis, abdica de alcançar o potencial que sua premissa promete. Para quem aprecia o gênero, oferece boas doses de emoção, conflitos familiares e dilemas éticos, além de casos médicos que entretêm — mesmo que não surpreendam.

A série é um exemplo clássico de como um elenco forte pode elevar um material mediano, mas também de como a falta de profundidade e ambição pode impedir uma obra de se tornar memorável. Ainda assim, com uma base sólida e audiência fiel, “Doc” tem espaço para crescer, especialmente se nas próximas temporadas decidir arriscar mais e aprofundar-se nas complexidades humanas que tão bem delineou em sua proposta inicial.

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Onde assistir à série Doc?

A série está disponível para assistir no Disney+.

Trailer de Doc (2025)

YouTube player

Elenco de Doc, do Disney+

  • Molly Parker
  • Omar Metwally
  • Jon-Michael Ecker
  • Amirah Vann
  • Anya Banerjee
  • Scott Wolf
  • Charlotte Fountain-Jardim
  • Claire Armstrong
  • Paulyne Wei
  • Patrick Walker

Ficha técnica da série Doc

  • Título original: Doc
  • Criação: Barbie Kligman
  • Gênero: drama
  • País: Estados Unidos
  • Temporada: 1
  • Episódios: 10
  • Classificação: 14 anos
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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