Leia a crítica da série Duas Covas, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Duas Covas’ converte o luto em vingança

Confira a crítica da série espanhola

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Em meio à avalanche de produções do gênero thriller na Netflix, a minissérie espanhola Duas Covas (Dos tumbas) surge como uma aposta ousada e, ao mesmo tempo, bastante familiar. Com um enredo que coloca uma avó obstinada no centro de uma trama de vingança, a obra promete um suspense carregado de emoção e reviravoltas. A série, criada por Agustín Martínez e dirigida por Kike Maíllo, busca se diferenciar da fórmula padrão ao comprimir sua narrativa em apenas três episódios.

O que à primeira vista parece uma decisão corajosa de priorizar a concisão, na prática, acaba revelando uma experiência que, embora envolvente, deixa a sensação de que a história poderia ter sido mais densa, profunda e rica em detalhes. A série nos convida a questionar o verdadeiro custo da retribuição, mas sua pressa em entregar o desfecho pode sacrificar a jornada emocional dos personagens.

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Sinopse

Dois anos após o misterioso desaparecimento de duas adolescentes, Verónica e Marta, em uma pequena cidade costeira da Espanha, o caso é oficialmente encerrado sem a identificação de suspeitos.

Inconformada com a falta de respostas, Isabel (interpretada por Kiti Mánver), avó de Verónica, decide conduzir sua própria investigação. Sua jornada por respostas a leva a caminhos sombrios e perigosos, revelando segredos perturbadores sobre o passado de sua neta e de sua amiga, Marta.

Ao longo da trama, Isabel se une a um improvável e perigoso aliado, Rafael Salazar (vivido por Álvaro Morte), pai de Marta e um conhecido criminoso local, que também busca vingança. Juntos, eles desenterram uma rede de mentiras e violência, mas a avó descobre, tarde demais, que a busca pela verdade pode custar mais caro do que a própria vida.

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Crítica

A grande questão de Duas Covas não é se a série consegue capturar a atenção do espectador, mas sim se ela consegue sustentar a sua própria premissa em um formato tão enxuto. O suspense inicial é promissor: uma avó que, sem nada a perder, se transforma em uma vigilante.

A narrativa se movimenta em ritmo acelerado, jogando informações e reviravoltas na tela sem o menor pudor, uma característica que, ironicamente, é tanto seu maior triunfo quanto sua principal fraqueza.

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crítica da série Duas Covas, da Netflix (2025) - Flixlândia (1)
Foto: Netflix / Divulgação

A força da concisão e a fragilidade da superficialidade

O formato de três episódios faz com que Duas Covas seja uma experiência que se assemelha mais a um filme longo, e isso permite que o público perdoe as inconsistências da trama. De fato, a ausência de enrolação é um sopro de ar fresco em um cenário de streaming que muitas vezes infla histórias simples para preencher uma temporada inteira. A série não se prende a subtramas desnecessárias, e cada cena parece ter um propósito direto.

No entanto, essa pressa tem um custo: muitos dos temas apresentados, como falhas na justiça, a sexualização de adolescentes, pedofilia, e até mesmo questões sobre paternidade, são apenas pinceladas. Eles servem como motor para a história, mas nunca são desenvolvidos com a profundidade que merecem, deixando um vazio no que poderia ter sido um forte comentário social.

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Atuações que carregam a trama

A espinha dorsal de Duas Covas é, sem dúvida, o talento de seu elenco, liderado por uma formidável Kiti Mánver. A atriz veterana entrega uma performance digna de nota, transformando Isabel de uma avó fragilizada em uma força implacável da natureza. É fácil torcer por ela, não apenas por sua motivação emocional, mas também pela sua desenvoltura e audácia em suas ações.

Ao seu lado, Álvaro Morte, famoso por seu papel como “O Professor” em La Casa de Papel, surpreende ao encarnar o perigoso e enlutado Rafael Salazar. Morte se afasta de sua persona anterior para entregar um personagem contido, que se move mais pelo luto do que pela malícia. O elenco de apoio, que inclui talentos como Nadia Vilaplana e Hovik Keuchkerian, também faz um trabalho sólido, apesar da falta de tempo para aprofundar a evolução de seus personagens.

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O clímax e a sombra da vingança

O desfecho da série é onde a filosofia do título se materializa. A frase, popularmente atribuída a Confúcio, “Antes de embarcar em uma jornada de vingança, cave duas covas”, é o cerne do clímax. Isabel descobre que a verdade sobre a morte de Marta e o paradeiro de sua neta, Verónica, é muito mais complexa e trágica do que a narrativa de vingança que ela havia construído. Ao confrontar Rafael, ela entende que ele nunca perdoaria Verónica, e a única forma de proteger a neta é sacrificando-se.

A cena final, com Isabela jogando o carro no mar, é um ato de redenção e, ao mesmo tempo, uma demonstração da natureza autodestrutiva da vingança. A série, nesse ponto, consegue ser impactante e visceral, mas a solução apressada para a narrativa como um todo, com a morte dos personagens principais em um final que deixa perguntas em aberto, pode não satisfazer quem esperava um encerramento mais convencional.

Conclusão

No fim das contas, Duas Covas é uma produção que sabe o que quer ser: um thriller de vingança rápido, emocional e sem grandes pretensões. Sua maior qualidade reside na capacidade de contar uma história com ritmo e sem excessos, o que a torna um ótimo passatempo para quem busca um entretenimento rápido e direto.

No entanto, a pressa em fechar a trama artificialmente a impede de se aprofundar nos temas que propõe, deixando no ar a sensação de que, com mais tempo, a série poderia ter sido um estudo de personagem mais complexo.

Embora seja um exemplo de como histórias curtas podem ser transformadas em minisséries, Duas Covas também demonstra que o formato, quando mal dimensionado, pode limitar o potencial de uma narrativa. É uma série que diverte no momento, mas é facilmente esquecida, dependendo mais das emoções do que das surpresas.

Onde assistir à série Duas Covas?

A série está disponível para assistir no catálogo da Netflix.

Assista ao trailer de Duas Covas (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de Duas Covas, da Netflix?

  • Kiti Mánver
  • Álvaro Morte
  • Hovik Keuchkerian
  • Nadia Vilaplana
  • Joan Solé
  • Carlos Scholz
  • Nonna Cardoner
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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