Confira a crítica do filme "Homem com H", cinebiografia de Ney Matogrosso de 2025 disponível para assistir nos cinemas.
Críticas

‘Homem com H’ é a intensidade de Ney Matogrosso em carne, voz e alma

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Poucos artistas brasileiros carregam consigo uma aura tão indomável, provocadora e genuinamente livre quanto Ney Matogrosso. Ícone da música, da performance e da resistência, sua trajetória finalmente ganha os cinemas com o filme “Homem com H”, dirigido por Esmir Filho e protagonizado por um “possuído” Jesuíta Barbosa.

Mais que uma simples cinebiografia, o longa é um mergulho visceral na alma de um artista que jamais aceitou ser moldado — nem por seu pai, nem pela ditadura, nem pela moral da época.

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Sinopse do filme Homem com H

“Homem com H” traça um recorte pungente da vida de Ney de Souza Pereira, nascido em 1941 no Mato Grosso do Sul. A narrativa alterna momentos da infância, marcados por repressão e agressões do pai militar, com o ápice de sua carreira nos palcos.

Acompanhamos sua passagem pela Aeronáutica, os primeiros amores, a formação dos Secos & Molhados, a luta contra a censura, o luto provocado pela epidemia de AIDS e, acima de tudo, sua jornada por liberdade. O longa se apoia fortemente nas músicas de Ney — 17 no total — para construir, com força e poesia, a identidade desse artista multifacetado.

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Crítica de Homem com H (2025)

A atuação de Jesuíta Barbosa é, sem exageros, uma das mais intensas e precisas do cinema brasileiro recente. Desde os primeiros passos como o jovem Ney até os grandes shows solo, ele não apenas imita — ele encarna.

Do timbre de voz aos movimentos felinos, do olhar inquieto ao magnetismo corporal, há uma possessão artística que atravessa a tela. Sua entrega física, inclusive, foi radical: perdeu 12 quilos para alcançar a fragilidade magra do artista. E em cena, é pura combustão.

Luz, sombra e a estética da liberdade

Ao contrário de outras cinebiografias que sacrificam a essência pela cronologia, Esmir Filho constrói uma narrativa que pulsa como Ney: fragmentada, sensual, rebelde e poética. O roteiro, aprovado em todas as suas versões pelo próprio cantor, evita o didatismo e acerta ao tratar as performances musicais como parte essencial da jornada emocional do personagem. As canções não são inserções obrigatórias; são respirações, gritos, feridas abertas.

A fotografia de Azul Serra é um espetáculo à parte. Ela dialoga com o estado emocional de Ney, com os bastidores da repressão e com a exuberância dos palcos. Tudo se encaixa: figurinos, cenários, a direção de arte meticulosa de Thales Junqueira — do delírio teatral à crueza das relações íntimas, tudo colabora para uma experiência sensorial que traduz não apenas o tempo histórico, mas o estado de espírito do protagonista.

Um filme que não foge da verdade

“Homem com H” tem a coragem de mostrar o artista sem filtro. Fala das agressões do pai, do erotismo presente em sua arte, dos amores com homens e mulheres, da perda de Marco de Maria e da relação com Cazuza. Não há omissões convenientes. Não há “branqueamento” da história. Isso o aproxima de obras como Rocketman e Better Man, que também optaram por uma narrativa honesta e emocionalmente crua.

O filme dedica também uma parte comovente à devastação provocada pela AIDS. Esmir Filho aborda com sensibilidade a dor da perda de amigos e amores — inclusive Marco, companheiro de 13 anos de Ney. São cenas de partir o coração e de lembrar o silêncio cúmplice dos governos da época diante da crise. É provável que muitos espectadores chorem. O artista, inclusive, revelou que uma dessas cenas o fez chorar.

O único tropeço: o epílogo apressado

Nos últimos 20 minutos, “Homem com H” se rende ao formato cronológico mais tradicional. A narrativa, até então vibrante, entra num modo protocolar, acelerando eventos das décadas recentes. Há ali um certo esvaziamento, uma tentativa de fechar pontas que talvez não precisassem ser amarradas. É como se o filme, tão livre como Ney, fosse brevemente obrigado a se adequar. Felizmente, isso não compromete o impacto geral.

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Conclusão

“Homem com H” não é apenas um retrato de Ney Matogrosso. É um manifesto sobre a liberdade, sobre viver sem concessões e cantar contra a maré. É também uma homenagem à arte que salva, ao corpo que protesta e ao amor que resiste.

Tecnicamente impecável, sensorialmente potente e emocionalmente sincero, o filme se junta ao seleto grupo de cinebiografias brasileiras que não temem o confronto com a verdade. E como Ney, ele encanta, desafia e transforma.

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Onde assistir ao filme Homem com H?

O filme está disponível para assistir nos cinemas.

Trailer de Homem com H (2025)

Elenco do filme Homem com H

  • Jesuíta Barbosa
  • Caroline Abras
  • Hermila Guedes
  • Bruno Montaleone
  • Rômulo Braga
  • André Dale
  • Luiz Xavier
  • Jullio Reis

Ficha técnica de Homem com H (2025)

  • Direção: Esmir Filho
  • Roteiro: Esmir Filho
  • Gênero: drama
  • País: Brasil
  • Duração: 129 minutos
  • Classificação: 16 anos
Escrito por
Giselle Costa Rosa

Navegando nas águas do marketing digital, na gestão de mídias pagas e de conteúdo. Já escrevi críticas de filmes, séries, shows, peças de teatro para o sites Blah Cultural e Ultraverso. Agora, estou aqui em um novo projeto no site Flixlândia.

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