Finalmente chegamos ao momento que os fãs de Stephen King (e quem prestou atenção nos filmes de Andy Muschietti) temiam e aguardavam: a queima do Black Spot. O sétimo e penúltimo episódio de It: Bem-Vindos a Derry, intitulado “O Black Spot”, não só cumpre a promessa desse evento catastrófico, como entrega talvez a hora mais tensa e bem dirigida da temporada até agora.
Com o retorno de Muschietti à cadeira de diretor, o episódio mistura o horror sobrenatural com a brutalidade humana, mergulhando fundo na mitologia do palhaço e preparando o terreno para um final de temporada que promete ser caótico. É um episódio pesado, triste, mas tecnicamente impecável.
Sinopse
O episódio começa com um flashback revelador em 1908, onde conhecemos Bob Gray (Bill Skarsgård), o homem humano que serviu de “molde” para a entidade. Bob é um artista de circo que performa um ato melancólico sobre a morte de sua esposa, mas acaba sendo consumido pela Entidade na floresta, deixando para trás sua filha, Ingrid (a futura Sra. Kersh).
De volta a 1962, a tensão racial explode. Uma multidão de mascarados liderada por Clint Bowers cerca o clube Black Spot exigindo que Hank Grogan se entregue. Apesar de Hank tentar se sacrificar pelo grupo, a turba tranca as portas e incendeia o local, atirando em quem tenta fugir.
Enquanto o fogo consome o clube, Pennywise aproveita o caos para se alimentar. No meio disso tudo, o núcleo militar, liderado pelo General Shaw, localiza um dos Pilares sagrados (encapsulado em uma carapaça de tartaruga) graças às visões de Dick Hallorann, mas os planos do General para o artefato podem condenar a todos.
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Resenha crítica do episódio 7 de It: Bem-Vindos a Derry
A face humana do pesadelo
O grande destaque inicial é, sem dúvida, a performance de Bill Skarsgård despido da maquiagem monstruosa (pelo menos na maior parte do tempo). Ver Bob Gray como um pai amoroso, ainda que um artista frustrado, adiciona uma camada de tragédia à mitologia.
A sequência em 1908 mostra um ato de pantomima sofisticado e triste, que ironicamente termina com as crianças invadindo o palco — algo que Bob detesta. A ironia de que a entidade escolheu a forma de um homem que, no fundo, queria algo mais elevado do que entreter crianças, é palpável. A relação dele com a pequena Ingrid, a quem ele chama de “Periwinkle”, torna o destino dela no presente ainda mais doloroso.
O horror técnico de Muschietti
Andy Muschietti prova novamente porque é o nome por trás da franquia. A sequência do incêndio no Black Spot é uma aula de tensão. O diretor utiliza planos longos e contínuos (os famosos planos-sequências) para nos colocar dentro do clube em chamas. A sensação de claustrofobia é real.
O horror aqui é duplo: temos o horror sobrenatural de Pennywise mastigando cabeças no meio da fumaça, mas temos o horror muito mais real e repugnante do racismo da multidão que atira coquetéis molotov e balas em inocentes. O design de som é ensurdecedor, misturando gritos, fogo e o riso do palhaço, criando uma cacofonia difícil de suportar, mas impossível de deixar de assistir.

Sacrifícios e perdas devastadoras
Em meio ao caos, o coração do episódio reside nas crianças. A morte de Rich Santos é, de longe, o momento mais triste da série até agora. Seu sacrifício para salvar Marge — colocando-a dentro de uma geladeira robusta para protegê-la das chamas — é heroico e devastador.
A despedida deles, com a confissão de amor através da porta da geladeira e a frase “Eu gostaria de ter tirado”, em referência à primeira vez que se viram, é um golpe emocional forte. As atuações de Arian S. Cartaya e Matilda Lawler vendem o drama de forma que nos faz importar, lembrando que, para essa história funcionar, a morte de crianças precisa ser tratada com peso, e não apenas como choque gratuito.
A loucura militar
Enquanto Derry queima, o enredo militar toma um rumo perigoso. O General Shaw se revela um vilão megalomaníaco, decidindo destruir o Pilar encontrado (em vez de usá-lo para prender a criatura) com a justificativa insana de usar o medo gerado por “It” para controlar a população americana e evitar uma guerra civil. É uma crítica política óbvia, mas que serve para acelerar o desastre.
Ao derreter o Pilar, Shaw interrompe o ciclo de hibernação de Pennywise. O resultado? O palhaço acorda irritado, mais cedo do que o previsto, e já faz sua primeira vítima: Will Hanlon, que é atingido pelas luzes da morte, deixando um gancho aterrorizante para o final.
Conclusão
“O Black Spot” é o episódio que It: Bem-Vindos a Derry precisava para justificar sua existência. Ele amarra a mitologia do cinema com a narrativa da série de forma competente, oferecendo visuais deslumbrantes e momentos de cortar o coração. Embora a trama militar ainda pareça o elo mais fraco — servindo mais como um dispositivo para soltar o monstro do que como uma história envolvente por si só —, o drama humano e o terror em Derry compensam.
Com Pennywise acordado antes da hora, Ingrid em estado catatônico após encarar as luzes da morte (e descobrir que o monstro não é seu pai), e Will Hanlon capturado pela entidade, o palco está montado para um final de temporada desesperador. Se o objetivo era nos deixar ansiosos e com medo pelos personagens que restaram, a missão foi cumprida com sucesso.
Onde assistir à série It: Bem-Vindos a Derry?
Veja o trailer de It: Bem-Vindos a Derry (2025)
Quem está no elenco de It: Bem-Vindos a Derry, da HBO?
- Mikkal Karim Fidler
- Bill Skarsgård
- Joshua Odjick
- Jack Molloy Legault
- Amanda Christine
- Jovan Adepo
- Clara Stack
- Miles Ekhardt















